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Açoriana - Azoriana - terceirense das rimas

Os escritos são laços que nos unem, na simplicidade do sonho... São momentos! - Rosa Silva (Azoriana). Criado a 09/04/2004. Angra do Heroísmo, ilha Terceira, Açores. A curiosidade aliada à necessidade criou o 1

Criações de Rosa Silva e outrem; listagem de títulos

Em Criações de Rosa Silva e outrem
Histórico de listagem de títulos,
de sonetos/sonetilhos
(total de 1006)

Motivo para escrever:
Rimas são o meu solar
Com a bela estrela guia,
Minha onda a navegar
E parar eu não queria
O dia que as deixar
(Ninguém foge a esse dia)
Farão pois o meu lugar
Minha paz, minha alegria.
Rosa Silva ("Azoriana")
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Com os melhores agradecimentos pelas:
1. Entrevista a 2 de abril in "Kanal ilha 3"

2. Entrevista a 5 de dezembro in "Kanal das Doze"

3. Entrevista a 18 de novembro 2023 in "Kanal Açor"

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Palavras de vento

28.09.12 | Rosa Silva ("Azoriana")

imagem dali

 

Abrem-se portas ao desespero
Catapultam risos de vergonha
Acendem-se rasgos de tédio
Cortam-se esperanças novas.

Abrem-se covas sem fundo
Criam-se ares de bruma;
Plantam-se achaques tamanhos
Na serpentina do ser.

Moldam-se tardes de pranto
Em horizontes de anil
Cavam-se dores de vidro
Nas mentes que nada tem.

Dobram-se planaltos, colinas,
Ravinas de sonho empedrado,
Soltam-se amarras modernas
Perdidas de alma e sorte.

E eu? Que faço aqui?
Bordando palavras de vento?
Sonhando deserta do tempo
Na palma da mão marulhada…

E tu? Que fazes além?
Olhando os ares de vulto
Manhãs coroadas de espanto
No canto da sã madrugada…

Último dia útil de setembro do ano feliz (para alguns)

Rosa Silva (“Azoriana”)

Daqui a nove meses "Um mar de emoções" em Angra do Heroísmo

27.09.12 | Rosa Silva ("Azoriana")


Um mar de emoções

 

É o São João da ilha Terceira
Brinda seu balão a ilha inteira
Pasma o escarlate do meu coração
Quando sai à rua em mar de emoção.

 

Rosto d'água, maré viva de cultura,
Onda de beleza, sorriso em fartura
No cais da saudade à proa da festa
Não há noite, não há noite como esta.

 

A valsa do mar que abraça a terra
Bravo coração que o canto descerra
Junta-se à folia da gente em tourada
E o toiro investe por tudo e por nada.

 

Viva, viva, viva o São João
Na rua, no palco do meu coração!
No céu da ternura
Um mar de emoções
Que hoje figura

Unindo as nações.
Vem comigo vem
Dá-me a tua mão
Na festa que tem
A brava paixão!

Rosa Silva ("Azoriana")

Ondas de outono

25.09.12 | Rosa Silva ("Azoriana")

Com a chegada da cor dourada do ambiente que nos rodeia, e no meu caso diga-se que é mutante e oscilante conforme os caprichos do clima ilhéu, irá concerteza apetecer prosa ou rima. Confesso que a rima, após a vinda da Serreta, ficou como que colada às origens. Talvez a minha falecida mãe ficou satisfeita pela minha prestação na Festa da Mãe padroeira. Se der para a prosa vigorar pois que assim seja e me faça debruçar nas delícias literárias perante os olhares de um punhado de seres que comungam do mesmo gosto que eu: a escrita de retalhos quotidianos.

Enquanto o amigo José Fonseca de Sousa estiver presente nas minhas divagações escritas com os acordes de um teclado que já conhece a ternura dos meus dedos, eu estarei também presente para ofertar a inspiração que me surgir.

 

Eis uma bonita mensagem da autoria deste amigo dos Açores:

 

 

Cara amiga Rosa Silva,

 

 

 

Já quando li o seu livro “ Serreta na intimidade” e depois do relato feito acerca das Festas de Nossa Senhora dos Milagres / 2012, e agora com o texto “Silêncio Audível” fiquei com a certeza absoluta (se é que ainda tivesse dúvidas), que ainda não lhe tinha manifestado, do facto de a cara amiga através dos seus poemas conseguir de uma forma brilhante e descritiva, enviar as suas mensagens, mas também e nada menos brilhante o consegue na sua prosa, que também contém alguma poesia.

 

Nos textos de há umas semanas atrás em que revelava algum desconforto e desilusão perante as dificuldades surgidas, via-se, também aí, que consegue “agarrar” as pessoas às suas preocupações de uma forma muito interiorizante que nos contagia e nos alerta para uma análise mais profunda dos factos.

 

Entendo e compreendo perfeitamente o seu alerta e a sua preocupação acerca do futuro dos nossos filhos, mas se é verdade que eles terão grande dificuldade em suportar as restrições que lhes irão ser impostas, pela deficiente e incompetente governação dos últimos anos, também não é menos verdade que lhes teremos de transmitir ânimo e solariedade para que eles em conjunto com a geração mais antiga, procurem “dar a volta por cima”, sendo necessário para isso muita coragem, determinação, sentido de responsabilidade na exigência que terão forçosamente que fazer a quem lhes está a hipotecar o futuro.

 

O meu lema sempre foi e será: lutar, lutar, lutar até vencer, no sentido mais puro das palavras, ou seja: esforçar-se, esforçar-se, esforçar-se até atingir os objectivos traçados.

 

Um grande abraço

José Fonseca de Sousa

Lisboa

24-09-2012


Hoje, 25 de setembro, o meu primogénito está de aniversário. Completa-se mais um ano da existência dele que está em crescendo.

Ai tanto que já vivi
Nos retalhos desta vida
Ai tanto que já senti
E sinto quando querida.

A vida é um alçapão
Com a frincha pouco aberta
Por vezes cabe uma mão
Outras também a aperta.

No aperto da doçura
É que eu quero viver
Ondulada de ternura
Por quem me está a ler.

Para ler rima ou prosa
Bordada de sentimento
Pode procurar-se a Rosa
Que ama a 100 por cento.

Rosa Silva (“Azoriana”)

Silêncio audível

20.09.12 | Rosa Silva ("Azoriana")

Silêncios



Tingo-me de silêncio. Um rio de lágrimas humedece o teclado da saudade paralisada no tempo bondoso. As palavras fogem para o abrigo da mente que se quer animada na canção de embalar. Os olhos quedam-se numa visão de sonho com alma. E a rima?! Onde está a gentil rima que adoça o turbilhão de escritos pausados?! Se porventura a rima der lugar à pacífica prosa moldada pelo requinte de letras num amontoado de emoções, pois que venha ela vestir-me da novidade que avista um alargamento do conforto textual.

Tingo-me de carateres mundanos e profanos com um sentimento novo como que esperançoso de alegria interna. E os políticos teimam em aumentar o imposto vadio em detrimento do aumento do salário-nosso-de-cada-dia. E como ficamos?! Com a saca vazia dos ingredientes do bem-estar, famintos e sequiosos do resplandecer dos dias futuros. Que serão dos nossos filhos e netos?! Saberão recuperar a luz de petróleo? A griseta? A panela de ferro fundido? A sertã da faceira do suíno deposto no banco de madeira à mercê do tratamento manual de limpeza para que, finalmente, seja pendurado no tirante de um recinto à prova de cheiros e sabores (biscoitos de manteiga feita em casa, aguardente, anis traçado, licor de amora e de casca de laranja, suspiros, figos passados). Saberão os nossos filhos lavar a roupa na pia cheia de águas trazidas nos baldes à anca, posta a corar num verde aveludado do terreno sobranceiro à casa da chaminé de mãos-postas?! Saberão os nossos filhos amassar farinha, fermento, água, leite, ovos, açúcar, sal, ao ponto de se deliciarem com o forno escaldante de labaredas felizes com a devolução de um pão sovado a gosto cujo paladar sai airoso numa recomendação plural?!

Tingo-me absorta em pensamentos que me trazem lembranças passadas e que não gostaria que voltassem. Abro a torneira da alma e, gota-a-gota, encho o copo da ternura numa ovação a tantos e tantas que sentiram na pele todo o trabalho que ninguém quer viver no presente. Bem-haja quem nos gerou, criou e legou o melhor que tinha. E hoje o que iremos legar?! Um amontoado de carateres tingidos de ironia e silêncios partilhados num novel mundo, sem cheiro nem sabor, onde ainda se pode cultivar a palavra AMOR.

Rosa Silva (“Azoriana”)

VI Aniversário da AVSPE

17.09.12 | Rosa Silva ("Azoriana")
Parabéns Academia Virtual
Sala dos Poetas e Escritores
Bem-haja de Portugal
Da Ilha Terceira - Açores.

Pra toda a comunidade
Com contornos de alegria
Abraços de amizade
Bendizendo este dia.

Dezassete de Setembro
Do sexto aniversário
Desde que entrei eu lembro
Celebrar o calendário.

Parabéns à Fundadora
Poetisa Efigênia Coutinho
E a toda a classe defensora
Desta Sala de carinho.

Parabéns, felicidades,
Neste que é o sexto ano;
Novo Portal variedades
Com visual soberano.

A todos o meu abraço,
Com um sorriso de afeto
Sou feliz neste espaço
De poemas predileto.

Rosa Silva ("Azoriana")

Alforge de parágrafos após a festa serretense

15.09.12 | Rosa Silva ("Azoriana")

Voltei ontem à minha residência (14 setembro 2012). Depois de desmontar malas, sacas e saquinhos, estafei de tal forma que a cama foi o local de remédio santo. Vieram comigo os ares de saudade, o perfume de flores garridas do altar e ruas da Santa Senhora, os abraços de uma despedida de “até breve” e a forte convicção de que jamais se viu uma Festa da Serreta tão apetrechada de maravilhas.

No dia 4 de setembro, terça-feira, abalámos com tudo o que podíamos levar para a moradia temporária do Ti João. O recinto para dormir ficou completo com dois colchões a lastro e uma cama para uma pessoa. Visitámos a Senhora dos Milagres na novena dos Motards. Já se sentia um perfume festivo. Chegado o sábado fez-se os arcos, tive o meu momento de apresentação da festa com reações positivas que me deixaram sorridente, complementando-se o sábado com um filme alusivo ao “antes e depois”, o concerto da Filarmónica Recreio Serretense e o fogo preso. O domingo foi por excelência o dia em que a Serreta teve um mar de gente no percurso da procissão e as canções na noite com “Os D’Banda”, em que Fábio Ourique deu largas à sua bonita voz. Antes desta atuação, tivemos ocasião de presenciar danças de salão em plena rua, atapetada de vermelho, com o brilho de crianças, jovens e adultos. Um espetáculo que ficará na lembrança por aquelas bandas. Adorei!

A tourada do pico da Serreta, na segunda-feira, foi a minha e de outros atrativa para manter uma tarde animada, que se completou na noite com a excelente atuação do grupo “Fado Madrinho”, depois da Orquestra de Cordas da Academia da Juventude da Ilha Terceira. Esta não cheguei a ouvir devido ao nosso atraso.

Mas foi a terça-feira, de manhã (até a chuva não aparecer e fazer o pessoal regressar ao lar), que o Bodo-de-Leite nos cativou a atenção com três carros alegóricos projetados e elaborados por César Toste e Paulo Gregório, respetivamente, com o apoio de muitos ajudantes. Fui com traje antigo numa carroça que nos pregou um pequeno susto durante o percurso inverso, uma vez que o cavalo aborreceu-se e teimava em não seguir viagem. De resto, foi uma maravilha nunca vista na Serreta, para comemorar os 150 anos da freguesia da Serreta, com direito a merenda e bolo de aniversário de propósito para repartir pelos presentes. O resto foi de chuva e adiamento do retorno dos carros alegóricos para a quinta-feira à noite.

A excursão ao mato, na quarta-feira, foi recheada de alegria, música, cor, brincadeiras, rodas, canções do passado, churrascada e muita pinga do garrafão. Algumas horas se passaram à volta da escolha dos toiros (4) para a corrida no caminho junto ao Santuário da Senhora dos Milagres. Já começava aquele sentimento de saudade e pena por estar a chegar-se o fim da festa. À noite, a cantoria foi de bom nível e prendeu-nos a atenção até para lá da meia-noite. Oito cantadores escolhidos, João Pinheiro e José Eliseu, “Santa Maria” (o Carlos Andrade) e Fábio Ourique, Valadão e José Santos, Maria Clara e António Isidro (de São Jorge), por esta ordem, fizeram brilhar os seus dons perante um assistência ávida por descobrir o melhor momento. Os primeiros fizeram-me correr as lágrimas, sobretudo na parte final, e os últimos têm mais encanto perante os ouvintes, pela juventude e graciosidade.

A quinta-feira já se esperava melhoria de tempo que teimava em molhar pequenos e graúdos, conforme é habitual naquele lado da ilha. Após a vacada no Pico da Serreta com a prata da casa, sucedeu-se o retorno do cortejo de carros alegóricos que culminou com fogo de artifício a sair do carro comemorativo dos 150 anos. De seguida, veio a surpresa de um grupo da ilha Graciosa que cativou a todos os presentes, que dançaram e divertiram-se até de madrugada. À meia-noite da quinta, foi para o ar uma surpresa anunciada: fogo de artifício pelo céu da Serreta que me fez lançar gritos de emoção com aquela magia de cor e som. Após esta maravilha, o grupo da Graciosa continuou os seus cantares mágicos para os nossos ouvidos e pés.

Na volta à casa que nos hospedou, fui chamada a receber uma oferta com palavras de gratidão da comissão de Festas da Senhora dos Milagres da Serreta 2012, nomeadamente por Dimas Romeiro, ladeado pelos restantes mordomos: Dora Pavão, Eva Silveira Alves e Rogério Valadão. Despedi-me de cada um com o sentimento de dever cumprido e muita grata pelo tributo que me fizeram ao levarem a efeito um sonho que já acalentara há muito. Modéstia à parte, vi desfilar as minhas criações perante os residentes, os emigrantes e os visitantes de outras freguesias da ilha.

A dor que tive foi ver que alguém (ou alguéns) destruiu partes dos carros alegóricos que ficaram em exposição junto ao Santuário da quinta para sexta-feira. O que é feito com amor e dedicação nunca se deve destruir sob pena da consciência do destruidor ser um martelo dilacerante para o resto da vida.

Tudo o que vi, ouvi e assisti, quer no Santuário quer fora dele, fez-me pensar que a Serreta é e será sempre a nossa identidade natural, o nosso ponto de encontro e uma marca indelével na devoção e na tradição que perdura para os vindouros.

Escrevi alguns parágrafos mas sinto que não há palavras que transmitam a minha felicidade do dia 4 a 14 de setembro, na minha freguesia natal. Não há palavras que agradeçam o suficiente à Comissão das Festas, ao amigo lajense – César Toste, bem como a Paulo Gregório, que segui com emoção toda a sua obra em prol do sucesso festivo…

Agradeço à prima Neves Ávila, à filha Ana Sofia Ávila e à sua Kika, alguns dos bons momentos passados em conversa agradável.

Agradeço a toda a minha família que me acolheu e à que veio em visita de saudade.

Resta-me deixar apenas uma expressão sem prazo de validade:

Amo-vos! Amo a Senhora dos Milagres e a “minha” Serreta!

Até para o ano, se Ela quiser.

Rosa Silva (“Azoriana”)

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