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Açoriana - Azoriana - terceirense das rimas

Os escritos são laços que nos unem, na simplicidade do sonho... São momentos! - Rosa Silva (Azoriana). Criado a 09/04/2004. Angra do Heroísmo, ilha Terceira, Açores. A curiosidade aliada à necessidade criou o 1

Criações de Rosa Silva e outrem; listagem de títulos

Em Criações de Rosa Silva e outrem
Histórico de listagem de títulos,
de sonetos/sonetilhos
(total de 1006)

Motivo para escrever:
Rimas são o meu solar
Com a bela estrela guia,
Minha onda a navegar
E parar eu não queria
O dia que as deixar
(Ninguém foge a esse dia)
Farão pois o meu lugar
Minha paz, minha alegria.
Rosa Silva ("Azoriana")
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Com os melhores agradecimentos pelas:
1. Entrevista a 2 de abril in "Kanal ilha 3"

2. Entrevista a 5 de dezembro in "Kanal das Doze"

3. Entrevista a 18 de novembro 2023 in "Kanal Açor"

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Como é viver no Corvo?!

19.10.12 | Rosa Silva ("Azoriana")

 

[À pequenina ilha açoriana]

De Santa Maria ao Corvo
Passando por São Miguel
E para não dar estorvo
Vou em barco de papel.

Olho as garças uma a uma
Nas asas de cor anil
A ver se vejo alguma
Que seja do mês de abril.

Mas de rosas eu me cubro
Em tom de felicidade
Porque estamos em outubro
Douradas são de verdade.

As folhas também se douram
Quebradas pelo outono
Quantas delas já se foram
Durante o sonho e o sono.

E na alma destas ilhas
C’roadas de nove cores
Vejo nove maravilhas
De tradições e sabores.

Sabe tão bem a cultura
De um verso marulhado
No terreiro da aventura
Em basalto retalhado.

Se hoje estou inspirada
Não há vento que me cale
Pode ser que seja nada
Mas com pouco tudo vale.

 

Sou da ilha de Jesus
Sou filha de um rebento
Que tomou a sua cruz
E no fim deixou talento.

Com esse dom resolvi
Escrever versos de paz
Que saíram já daqui
Em hora que satisfaz:

Não vos quero incomodar
Nem tão pouco dar estorvo
Só queria perguntar
Como é viver no Corvo?

De manhã tudo em surdina
Excetuando os chilreios
Cantando a Graça Divina
Nos lares com mais asseios.

E os corvinos bem-dispostos
Com chaminés fumegando
Deixando tudo a postos
Para alguém de vez em quando.

E a saudade como é?
Como se tinge a cultura?
No que toca a vossa fé
O que se faz porventura?

Desta que rima a Terceira
E as ilhas todas a eito
Também faz por brincadeira
As quadras que lhe dá jeito.

Um abraço no que lês
De amizade virtual
Talvez chegue dia em mês
Que tal possa ser real.

Rosa Silva (“Azoriana”)

A mão

19.10.12 | Rosa Silva ("Azoriana")

Não chores pelo que dás
Em nome da Santa Mãe
Porque é Ela que te traz
O melhor que te convém.

O que dou vem pela alma
E trespassa o coração
Tonifica e dá a palma
Ao verso que tenho à mão.

Há mão de sabedoria,
Há mão que apazigua
E há aquela que cria
Outras como a minha e tua.

É a mão da nossa Mãe
Que indica o caminho
Da piedade e do bem
Do amor e do carinho.

Mão de Mãe

Quando algo te sobeja
É na mão que vai cair
Para dar ao que esteja
Sem meios para subir.

Há quem nasça na Serreta
Com versos da mão caindo;
Há quem esteja na valeta
E ande sempre sorrindo.

Rosa Silva (“Azoriana”)

Manhã dourada

19.10.12 | Rosa Silva ("Azoriana")

Sinto-me tão consolada
Quando estás a meu lado
'Inda mais que a madrugada
Traz o nascente dourado.

A madrugada ilhoa
Que São Carlos já avista
Traz um sol que nos ecoa
E bom sorriso conquista.

Uma manhã como esta
Na paisagem soberana
Faz nascer em nós a festa
Beirando o fim-de-semana.

E há gente que me convida
A trilhar minha raiz
Com belo sol que dá vida
E também nos faz feliz.

Rosa Silva (“Azoriana”)

"Ai tal tareia!" ouvi dizer ontem à noite...

15.10.12 | Rosa Silva ("Azoriana")

Ontem foi um domingo diferente. Para uns de trabalho, para outros de louvor, para outros de votar. Incluo-me nos primeiros e nos que foram votar. Cansada de trabalhar mas feliz por ajudar, fui votar. Na volta a casa resolvi repousar um pouco e acabei adormecendo. Já a noite caía e as dezanove horas tinham passado quando sou acordada com uma frase: “Ai tal tareia!”. Ainda atordoada retorqui: “O que foi?! A Berta ganhou?!”. A resposta foi célere: “Cá nada… Anda ver”. Levantei-me dum ápice e sentei-me de olhos esbugalhados a ver as notas de rodapé que iam passando no ecrã televisivo. Pasmei de felicidade e confirmei: “Ai tal tareia!”. Desta vez só queria ouvir a ressonância da Drª Berta ao resultado das notas de rodapé. Não me espantou “por aí além” as palavras, com uma calma forçada e aparente, da Drª Berta face ao resultado eleitoral da Região de 2012. Já não gesticulava, já não falava à boca cheia, já nem tinha vontade, certamente, de tocar pratos de uma Banda Filarmónica, já nem lhe apetecia sequer cumprimentar o vencedor.

Eu não sou de política nem de politiquices, mas o conselho que ouso dar à Drª Berta e seus seguidores é que o melhor mesmo, e olhando à opinião do voto soberano do povo açoriano, é arrumar-se e não prometer mais nada (15 mil postos de trabalho?! Acho que esta parte podia ter sido evitada e talvez fosse mesmo a deixa para muita gente rir e colocar a cruz noutra onda). Eu não queria estar na pele daquela senhora de sotaque acentuado… Ainda continuo com a frase bailando na mente: “Ai tal tareia!”.

Felicito com muita felicidade o justo vencedor: o Dr. Vasco Cordeiro. Um senhor com boa apresentação, experiente, bom profissional e um bom seguidor do Presidente do Governo Regional até então – Carlos César. Esperemos, assim, a organização do XI Governo Regional dos Açores. Por mim, sempre dei o meu melhor e cumpri com os meus deveres profissionais e espero assim continuar.

Viva o povo açoriano que em tudo é soberano.

Rosa Silva (“Azoriana”)

Haja inspiração!

12.10.12 | Rosa Silva ("Azoriana")

Com uma lágrima no canto do olho e um sorriso a escondê-la.

Há lágrimas felizes como que a regar o que nos vai na alma após tomarmos conhecimento de algo que nos enche as medidas todas.

Hoje fiz algo diferente do habitual. Levantei o rabo da cadeira e deixei as paredes a cogitar onde eu ia toda frenética e com o pensamento a mil. Após o ritual de picar o ponto (ai quem pudesse evitar esta maçada) e dirigi-me, a passos calmos, até ao mercado que há muito não me ripava uns trocos.

Com o pensamento incógnito mas com o físico reconhecido, dou por mim a ser cumprimentada alegremente por uma pessoa que nutre grande amizade pela freguesia da Serreta. Algumas palavras trocadas, alegremente, e ficou no ar aquela frase: “Não esqueças os toiros do Terreiro…” e, entre sorrisos, dissemos adeus.

Procurei nas prateleiras o mínimo dos mínimos de gastos e retornei ao ritual de picar o ponto de entrada da tarde. Almocei e segui o frenesim de terminar o que me tinha proposto antes do fim-de-semana.

Tarefa terminada. Trabalho em dia!

Li alguns correios eletrónicos e fiquei de lágrima feliz ao canto do olho a iluminar o encanto de uma das mensagens vindas do outro lado do mar que nos banha comummente. Escondi-a com um sorriso perante quatro paredes mudas, com prateleiras que deram que comer a quem as urdiu e a quem escreveu tantas e tantas folhas que prescreveram.

Esteja eu onde estiver, estejas tu, amigo, onde estiveres, haverá sempre este elo eletrónico para nos consolar a alma (de quem escreve e quem lê e/ou comenta). Obrigada, amigo lisboeta!

Rosa Silva (“Azoriana”)

Saudade dos cheiros... (até de alguns que nem gostava)

12.10.12 | Rosa Silva ("Azoriana")

Da outra natureza;

Dos campos de trigo ceifado;

Da panela de ferro ao lume de lenha;

Da chaleira com água a ferver para amolecer as penas do frango da capoeira;

Do torresmo derretido pela brasa de um fogo sério, mexido com um colherão de pau;

Da tripa lavada e esfregada com um punhado de salsa, de cebola em rama, de farinha e sabão “macaco” e água cristalina de fartura pelas arquinhas da nossa canada;

Do sarapatel feito pela mão da minha madrinha e da morcela a fumegar ainda;

Da feijoada com ingredientes do porco farto que se havia dependurado no tirante da casa, convidado a vizinhança para apreciar o bom naco de toucinho depois de muito bem lavado e posto a jeito de quem o quisesse ver (e comer numa refeição de bradar aos céus de satisfação);

Do pão lêvedo, estendido por riba da mesa da alegria, enfarinhada de esperança, para ir para o forno, de bordas escarlates, no ponto da boa cozedura, na pá da abundância…

E hoje que cheiros tenho?

Nem vos conto…

Nem vos conto…

Rosa Silva (“Azoriana”)

Cenas da vida real

12.10.12 | Rosa Silva ("Azoriana")

Houve tempo que uma galinha gorda, uma saca de batatas bem escolhidas, uns quilos de feijão amarelo (o meu preferido), ah… e umas dúzias de ovos frescos da melhor galinha poedeira regalavam as atenções dos (as) senhores (as) da cidade quando os (as) do campo vinham numa viagem de agradecimento ou pedinchice para que o(a) filho(a) tivesse forma de ter um futuro brilhante. Felizmente, não me lembro de ter precisado disso mas sei de quem precisou e hoje nem sei se tem o presente com muito brilho. Enfim, isto para vos revelar que se me aparecer ao portão (de baixo ou de cima) uma galinha gorda, uma saca de batatas bem escolhidas, uns quilos de feijão amarelo (e já agora umas cebolas jeitosas) e uma dúzia de ovos frescos da melhor galinha poedeira regalava-me a mesa para quatro bocas (à beira de um ataque de fome) e fazia-me correr para as cruzes de domingo.

A ver como a situação está, a ver pelas últimas letras em caixa alta de promessas que nem lembra ao diabo, a ver pelo atropelo de mãos em riste vociferando por atenções para as efetivas cruzes de domingo, dá-me como que uma vontade enorme de ficar, de papo para o ar, nos lençóis que tem uso suficiente para me conhecerem de ginjeira…

Amanhã é dia 13 de outubro: dia comemorativo do “Milagre do Sol” (há 95 anos) inserido nas aparições de Nossa Senhora do Rosário, de Fátima, a três crianças que traduzem a simplicidade, a honestidade, a sinceridade e a pureza de coração.

Amanhã ocorre a última tourada (julgo eu que seja a do Terreiro da Serreta) da temporada taurina da ilha Terceira que forçosamente tem de levantar os riscos a 15 de outubro.

Amanhã é a véspera do dia que muita boa gente já pensa estar sentada na cadeira de veludo vermelho a regalar-se pela vitória e a pensar: “Em que sarilho me fui meter… E agora como vou cumprir as falsas promessas perante as audiências?!”… Oxalá que eu me engane e vença o menos prometedor.

E pronto, por hoje é tudo. Não sou jornalista, não sou comentadora de rescaldos eleitorais mas dá-me um gozo danado escrever ao sabor da tecla que, neste dia, parece movida por velocidades extraordinárias.

Façam o favor de serem felizes e fazerem-nos felizes.

Rosa Silva (“Azoriana”)

"Que mundo andamos a criar?"

11.10.12 | Rosa Silva ("Azoriana")

A propósito de um artigo publicado na “U”, revista semanal d’A União, de 8 de outubro de 2012, página 6, cujo título é: “Que mundo estamos a criar?”, de P. Dennis Clark – in Catholic Exchange trad, e adapt.: rm do Secretariado Nacional da NPC.

Retive-me na leitura e captei o seguinte texto: “dar os nossos dons é a única maneira possível de encontrar a felicidade”. Um texto enternecedor que faz pensar qualquer leitor. O que será que dou? O que será que damos?

Ainda hoje, pela manhã, aconteceu-me uma cena que me quedei a pensar nela até que outra me ocupe a mente: ao estacionar a minha viatura num lugar que avistara vago, no parque com cancela automática (pelo menos dou-lhe esse nome) chamaram-me a atenção que aquele lugar já havia sido avistado por outra pessoa, que entretanto, fazia marcha atrás para o ocupar. Eu, que não me havia apercebido da manobra da outra viatura, recuei, deixei que a pessoa ocupasse aquele lugar e fui direta para outro com vagatura. O que me fez ficar a pensar nisto o resto das horas matinais foi o facto de ter sido chamada à atenção de uma forma áspera, como se tivesse a cometer um crime. Será?! Por acaso fui eu que criei este mundo em que se vive? Com cancelas para tudo, com senhas para tudo, com policiamento para tudo, com parquímetros para quase todos os arruamentos citadinos, com legislação ao ponto de exaustão para toda e qualquer reação humana e animal?!

Meu Deus! Que mundo estamos a criar?

Deito-me acelerada;
Amanheço acelerada;
Tomo o pequeno-almoço acelerada (bem como os que me rodeiam);
Conduzo no limite possível de aceleração com respeito às normas e para evitar pagamento de multas;
E tudo isto para conseguir encontrar um lugar para arrumar a viatura para não ter de pagar parquímetro ou ir estacionar para “cascos de rolha” sempre a pensar no cumprimento dos objetivos laborais mesuráveis do dia. Será que vale a pena?! Andar-se a cumprir objetivos que depois vemos ultrapassados por uma maioria cujos objetivos não se regem como os nossos?!

Que mundo andamos a criar?

Eu tento criar o meu mundo de forma a não dever, a não perder, a não gastar em desperdícios, em … … … etc. e afinal devo, perco e nem consigo que os meus dons contribuam para a felicidade seja de quem for. O que me anima é que este pensamento e atitude são universais.

Pergunto-me, muita vez, porque algumas pessoas teimam em querer chegar ao pódio do poder governamental?! Se tudo está à beira de um poço sem fundo; se a calamidade é mais que muita; se não há maneira de reinventarem a conversão do escudo em euro... Porquê?! Para depois se verem obrigados a criar cancelas automáticas, senhas de posicionamento, parquímetros e tantas leis que podiam muito bem ser abolidas a favor de uma... Amar o próximo como a nós mesmos e todos poderem viver sem darem em doidos.

Rosa Silva (“Azoriana”)

Comentário de José Fonseca de Sousa

10.10.12 | Rosa Silva ("Azoriana")

Cara amiga Rosa Silva (Azoriana)

Na consulta assídua que faço ao seu blogue "reparei" naquilo a que eu chamo "um texto em poesia" com o título "Um Século e dois anos" que vem confirmando que a sua poesia descritiva tem o condão de nos obrigar, ao lê-la, a refletir na análise dos acontecimentos que vão surgindo e também a pesquisar nas parábolas que vai escrevendo o real significado das mesmas.

Assim consegui ler:

* A repetição da tempestade que assolou os Açores.
* As trapalhadas na comemoração do 5 de outubro.
* As manifestações de desagrado do povo português.
* Quanto a Crise afeta o Povo.
* O desgoverno do Governo.
* As eleições nos Açores.

Só lhe queria dar os meus sinceros parabéns.

Em fim de comentário aproveitava para dizer o seguinte :

* Gosto muito de "Coelho" mas é à caçador......mas não de impostos.
* Admiro muito "Sócrates" mas o filósofo, não o "fugitivo".

Um grande abraço de amizade

09-10-12
José Fonseca de Sousa
Lisboa