Mãe (Terra)
Sentei-me na rua da alma
Com céu cinza anilado
Abracei a brisa calma
Que me trazia o passado.
Ao longe o toque metal
No coração da aldeia
Com a festa regional
Onde a Coroa passeia.
Por ser o dia da Mãe
E do filho que a estima
De todo aquele que tem
O amor que a sublima.
Por ser palavra pequena
Fácil é balbuciá-la
Na sua face serena
Basta que possa beijá-la.
Sem a ter, sentei-me fora
À procura no vazio
Do que fui e sou agora...
E um foguete se ouviu.
Entre os verdes à tardinha
De um maio maternal
Deu-me saudade da minha
Que ao Cetro foi leal.
Tanta mãe que há na terra
E a terra também é mãe
E é nela que se enterra
Todo o que à terra vem.
Rosa Silva ("Azoriana")