Por terra dentro...
O título do artigo de hoje pode levar qualquer mente a pensar que estou de viagem nem que seja cá dentro... Não! Não fui viajar à exceção da rotina do ir e vir de casa para o local de trabalho e vice-versa. Pouco mais tenho viajado sobre quatro rodas. Com os pés também não tenho andado muito. Se o clima arrebitar e se se mantiver airoso talvez seja bom motivo para espantar o mofo do corpo e alma. Mas adiante... com o que é mais importante.
Por terra dentro podia ser o título a atribuir a alguns dias de vida dedicados ao amanho da terra. Para variar, pego num sacho de três dentes e revolvo alguns vultos de terra impregnada de inutilidade. Cavo rente à parede, dou a volta, cavo mais ou menos a meio do cerradinho e encontro-me, depois, com o início, o local de partida. Na tarde seguinte e, novamente, munida de luvas e mais outro utensílio agrícola, repasso a zona cavada para sacudir a terra das ervas que coloco num monte. Enquanto me ocupo desta tarefa sinto o suor cair-me pelo rosto, no corpo e uma magia que me liberta dos amontoados da mente.
Por terra dentro vou buscar a solução para espantar raiva, tédio e desânimo com os solavancos duma sociedade que continua a fugir ao natural. Ponto final.
Rosa Silva ("Azoriana")