"Radiografias" de Nuno Ferreira, jornalista que anda a pé, no "CAFÉ PORTUGAL"
Há surpresas que me levam ao artigo imediato. Esta é uma delas. Vejam porquê no link (acima ou abaixo
Bem-haja quem tão bem escreve e fala das ilhas e suas gentes.
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Há surpresas que me levam ao artigo imediato. Esta é uma delas. Vejam porquê no link (acima ou abaixo
Bem-haja quem tão bem escreve e fala das ilhas e suas gentes.
Lembro que pela efeméride açoriana religiosa, o mesmo que dizer, os 150 anos da freguesia da Serreta (em 2012) fui autora de algumas quadras a pedido da comissão da festa. Uma delas com destino aos carros alegóricos do Bodo de Leite, da terça-feira, rezava assim:
A Relíquia do Queimado
E a Mata soberana
São nosso pulmão sagrado
Da paisagem Açoriana.
Atualmente, maio de 2013, passando na mesma paisagem que é a Mata soberana, um pouco antes de chegar ao coração daquela Mata, encontra-se uma verdadeira devastação feita por máquinas cuja condução é a mão humana e a orientação privada ou pública (nem sei bem). Quase que não reconheço, à passagem, aquela zona nua de arvoredo e cheia de restos mortais arbóreos. Tal como eu, muitas pessoas se interrogam sobre este efeito visual. Certamente que não o fizeram por mal mas fica muito mal a quem vê e sente tristeza por ver a devastação daquele pulmão sagrado, dito por mim mesma.
A minha esperança é que volte à terra o que da terra foi arrancado, i. é., volte a replantar-se a imensidão de verdes que coroam aquela zona da ilha - a noroeste. Levará algum tempo a ver-se o novo efeito. Dói muito olhar o atual efeito… Restos de paus por todo o lado num emaranhado que até assusta o transeunte mais sensível.
Quando uma árvore chora
No colo da humanidade
Aos céus nossa alma implora:
Quando virá a novidade?!
A novidade da terra
Floresce em cada canto,
Mas se lhe fazemos guerra
Perde todo o seu encanto.
Minha terra sem arvoredo,
É um manto sem valores,
Digo isto por ter medo
De o perderem nos Açores.
Junto à Mata da Serreta
O pulmão da nossa ilha
Surgiu nova valeta
Uma chaga na estampilha.
Cuidem bem do verde ilhéu,
Cuidem bem da natureza:
É ela que se ergue ao céu
E lhe sorri com beleza.
Angra do Heroísmo, 23 de maio de 2013.
Rosa Silva (“Azoriana”)
não sei se é estado geral mas os dias não estão para muita atividade. a passagem do estado de frio para uma véspera de calores ilhéus faz com que o corpo entre numa moleza que só levita com uma boa chávena de um café matinal. hoje nem me apetece erguer muitas teclas no início da frase em cada parágrafo. os trabalhos do quintal da casa da azoriana estão a quebrar toda a réstia de forças que ainda podem encontrar-se num corpo que aparenta a expressão “nem tudo o que se vê combina com o que se tem”. quando caio na horizontal mais cedo que o habitual entro num estado que pode cair a casa que nem noto, salvo seja. os rituais matinais e ao longo do dia tendem a cair na rotina, exceto quando há alguma novidade de última hora. aposto que a vizinhança já conhece todas as voltas e reviravoltas do trabalho doméstico exterior à morada permanente. aborrece-me sentir-me como que à mercê dos olhares alheios. aborrece-me ter de me comportar de forma a não arregalar nenhum olhar estranho. enfim, mais uma quinta de maio com um quintal à prova de visitas domiciliárias. raramente as tenho mas importa agradar, sobretudo, aos conviventes diários. nada como olhar à nossa volta e acertar em cheio no paraíso terreno, sem ervas daninhas, sem montes de desperdício, sem restos da última cavadela. a fogueira no recipiente próprio para tratamento dos desperdícios fez-se com calma e descontração. a mangueira fez verter o líquido que acalma o fogo relativamente manso. as narinas é que sabem. de resto, hoje é mais uma quinta de maio, a penúltima do mês. dou comigo a pensar que falta apenas um mês para o estado de repouso ferial. umas férias vinham mesmo em boa altura para apreciar o trabalho dos fins das tardes com cheirinho a calores ilhéus. lembro que o mar deve estar como azeite tal como o vi no passado domingo no regresso a casa. nem uma onda bulia. ah! quase me esquecia de anotar: o que semear nos dias vespertinos dos calores ilhéus?! as couves já estão maduras. os tomateiros já se acomodaram à nova terra. as malaguetas vão pelo mesmo critério. as ervilhas ainda não vislumbram o ar livre. as batatas começam a surgir à face da terra. os feijões mantém-se no subterrâneo. as minhas flores (uma experiência nova) ainda não deram sinal de florescimento. sinto-me enfadonha, calma e sem vontade para soltar um “ai”. só penso no que o SAPO irá pensar sobre um artigo neste estado de tédio. mas porquê, senhor?! só pode ser do calor ilhéu rodeado de uma imensidão anil líquida e salgada que convida a um bom banho (quer dizer, só uma molha de pés porque o meu corpo não sabe boiar)… e vem aí mais uma proximidade com a caridade da Trindade ilhoa. fico-me por aqui e perdoem se não vos atender nalgum chamado instantâneo. está tudo bem e não venha pior que os títulos de caixa alta das notícias de mais uma quinta de maio. tal pena não inventarem que as letras maiúsculas podem ser abolidas. dá menos trabalho e poupa-se a tecla do “shift”. bem-haja quem atura um parágrafo deste tamanho. boa noite!