Não vos dei nada de novo
Não vos dei nada de novo
Numa manta de escritos
Para mim que sou do povo
Os versos são os favoritos.
Não vos dei nada às claras
Tudo se tinge em linhas
Tecidas em horas raras,
Mortas e às vezes sozinhas.
Não vos deixo quando quero,
Nem por querer vos vou deixar;
Se algo de vós ainda espero
Será como espero do mar.
O mar, a terra e a lua
O sol e até mesmo o vento
Saíram comigo à rua
Nas linhas de Miravento.
Se partir vou com saudade
Daquilo que não criei
Para dizer com verdade
Foi tão pouco que já nem sei.
Se gostas do que eu faço
Guarda com muito amor
Preza o que no teu regaço
Te faz lembrar uma flor.
Cada página de vida
Construída passo-a-passo
É como manter erguida
A voz que em letras faço.
Meu amor foi tudo o que
Vires com o meu assento
Não haverá “mas” nem “se”,
Na mãe que sopra o talento.
Rosa Silva (“Azoriana”)
P.S. Meu filho mais novo disse: "Ahn, até tá fixe!"