A raça "telemoviana"
Sou incapaz de ficar indiferente perante o desassossego dos telemóveis nas mãos juvenis (e não só). Ainda sou do tempo que as férias serviam para se olhar às nódoas do ano inteiro e fazer da limpeza geral e asseio o ponto alto do descanso das aulas e outras ocupações. Gostava (e gosto) imenso de abrir as gavetas e as janelas da alma doméstica, lavar as peças cuja utilização tem tempos certos e assoalhar o mofo que nos impede o salutar olfato. Enfim, hoje e desde que surgiram os telemóveis que se, por um lado são de utilidade, por outro aprisionam os gestos e as emoções tornam-se universais, vistas por um ecrãzito que obriga ao uso de alternativas à visão natural. Os dispositivos de compensação começam a ter lugar garantido.
É ver-se, então, os jovens, em especial, agarrados às teclas ou (touch) rápido num vaivem de mensagens (sms) gratuitas de palavras sem conteúdo ou aproveitamento.
A felicidade juvenil passa por isto e jamais será o que era sem esses meios tecnológicos. Não se dá um passo ou "track" que não se veja o efeito sonoro ou silencioso de um raio comunicativo que nos coloca o "stress" em alvoroço. O vício está instalado e curá-lo seria o caos de uma ressaca universal.
Imaginem que falta a energia elétrica, acaba a bateria, silencia-se o telemóvel e haverá um ruído ensurdecedor do desespero de muita classe jovem e/ou adulta.
Quem são os culpados de todo este modernismo viciante?!
Angra do Heroísmo, 18 de julho de 2013.