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Açoriana - Azoriana - terceirense das rimas

Os escritos são laços que nos unem, na simplicidade do sonho... São momentos! - Rosa Silva (Azoriana). Criado a 09/04/2004. Angra do Heroísmo, ilha Terceira, Açores. A curiosidade aliada à necessidade criou o 1

Criações de Rosa Silva e outrem; listagem de títulos

Em Criações de Rosa Silva e outrem
Histórico de listagem de títulos,
de sonetos/sonetilhos
(total de 1010)

Motivo para escrever:
Rimas são o meu solar
Com a bela estrela guia,
Minha onda a navegar
E parar eu não queria
O dia que as deixar
(Ninguém foge a esse dia)
Farão pois o meu lugar
Minha paz, minha alegria.
Rosa Silva ("Azoriana")
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Com os melhores agradecimentos pelas:
1. Entrevista a 2 abril in "Kanal ilha 3"

2. Entrevista a 5 dezembro in "Kanal das Doze"

3. Entrevista a 18 novembro 2023 in "Kanal Açor"

4. Entrevista a 9 março 2025 in "VITEC", por Célia Machado

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Um novo dia

16.09.13 | Rosa Silva ("Azoriana")

Ainda mal se fecharam as “contas” da festa recente julgo que já estarão a pensar na festa que há-de vir, se Ela quiser. Entre sexta-feira (6 de setembro) e quinta-feira (12 de setembro), em que se deu um pequeno interregno no sábado à noite no que me diz respeito, houve milhares de flores, cedros do mato, girassóis, bandeiras, música, fogo preso, muita mas muita gente mesmo (em romaria), lágrimas, risos, beijos, abraços, manjares, odores múltiplos, cor e cores, procissões, piqueniques, tourada da Praça do Pico da Serreta, Bodo de Leite (temático - Divino Espírito Santo), merendeiras de Santo António, missas, espetáculos noturnos (gostei de Victor Ponte), instrumentos de corda, bazar, tourada na rua principal do Santuário, bezerrada no mesmo tradicional cerrado dito Praça da Serreta, movimento automóvel, bicicletas, carroças, cavalos (nunca tinha visto tantos cavalos juntos a trote pelas ruas da Serreta), voluntários, romeiros, mordomos, famílias, amigos, doentes, sadios, risonhos, esmolas, rezas, terços, alfenim, lembranças, rosquilhas de massa sovada, bebidas múltiplas, homenagens, filarmónicas, cadeiras de rodas, crianças de todas as idades, velhinhos, figurantes, párocos, opas, foguetes, círios, lampadário, cânticos, hinos, pregações, cantoria, pezinho, diálogos, monólogos, encontros, partilha, trabalho, lazer e pouco descanso.

 

E ainda, versos e palavras orais e escritas. Lembro que Fagundes Duarte, serretense de gema e secretário regional da educação, foi entrevistado pelo jornal “Diário Insular” e relembrou muito do que foram e são as Festas da Serreta: LUIZ FAGUNDES DUARTE "...o grande momento das Festas, aquele que marca a diferença relativamente a todas as outras, são as romarias" in DI, do dia 5 de setembro de 2013.

 

Da leitura completa do artigo publicado vinco uma parte que eu própria não lembrava: “Ah! E havia os lampiões, com um candeeiro de petróleo lá dentro, que as pessoas punham nas varandas das casas para guiarem os romeiros, durante a noite, a caminho da Igreja...” (Isto no tempo que não havia eletricidade, claro).

 

O resto da leitura está ao alcance do assinante ou leitor do físico em papel.

 

Fé, cultura e tradição estarão sempre no role das Festas, quer religiosas quer profanas, independentemente dos acessórios, da eletricidade, dos transportes (antes - charabanos, carroças, camionetas da carreira; depois - automóveis e camionetas modernizadas), melhoria das condições económicas das famílias e das habitações, que vão dar no mesmo: fascínio e alegria à chegada e nostalgia na partida, conforme é também a opinião de Fagundes Duarte.

 

Ponho-me a bom pensar e extraio ideias para o futuro próximo. Estas podem ser um bocado dispendiosas mas têm direito a um título (X XXXXXXX XX XXX), apropriado e alusivo aos 250 anos de festividade de Nossa Senhora dos Milagres, ainda antes de ser considerada freguesia a “nossa” Serreta.

 

Só revelarei o significado dos “X” se alguém perguntar.

 

Angra do Heroísmo, 16 de setembro de 2013.

Rosa Silva (“Azoriana”)

Festa da SERRETA 2013 - Bodo de Leite

16.09.13 | Rosa Silva ("Azoriana")

Histórico - "Vinde Espírito Santo" - 10-09-2013

 

É uma festa tão bonita,
Para aquele que acredita
No (1) Divino Espírito Santo:
Vinho e pão p’ra toda a gente
Na partilha consciente
Da Trindade e seu encanto.

 

Um altar ornamentado
Luz e flores por todo o lado
Numa alvura de pasmar
É o começo da festa
Um simbolismo que presta
Uma oração a dobrar.

 

Quem reza (2) o terço a cantar
Sabe que está a rezar
Com dobro de intensidade
Os Mistérios do Divino
Coroados pelo Hino
Honram a Santíssima Trindade.

 

E não vamos esquecer
As rodas que vimos fazer
Com folia no passado
Raparigas e rapazes
Sempre foram os audazes
Do lenço no chão deixado.

 

As cantigas entoadas
Por garridas gargalhadas
Animavam a freguesia,
Era um brinde à amizade
E por causa da Trindade
Tanto namoro se fazia.

No fim do terço a preceito
Havia sempre a jeito,
Geralmente à quarta-feira,
As merendeiras pequeninas
De doçura eram finas
Davam mote à brincadeira.

 

Na quinta se enfeita o gado
Num bezerro simbolizado
Para seguir na (3) Briança
Toda a gente abre a porta
E a quadra se recorta
No meio da maior festança.

 

Pão, queijo, favas escoadas,
Vinho de cheiro e gaitadas
Recheiam nosso improviso;
Cantadores e tocadores
Juntam-se também aos licores
Que fazem perder o juízo.

 

Os marchantes vêm então
São os homens da função
Que das carnes vão tratar:
Cabeça, lombo e traseira,
Benzidos de igual maneira,
Por suas mãos vão passar.

 

Esmolas, alcatra e cozido
Previamente tudo benzido
Com o cetro da Coroa:
Na mesa da refeição
A Coroa tem distinção
E a todos abençoa.

 

Histórico - "Vinde Espírito Santo" - 10-09-2013 (continuação)

 

Antes disto acontecer
A (4) Coroação vai-se fazer
Em cortejo pró Santuário
As Coroas junto ao altar
Lindas, alvas a honrar
O Deus vivo no Sacrário.

 

O padre benze e coroa
A criança que ecoa
Em pureza a Trindade:
Pai, Filho, Espírito Santo!
E na graça deste encanto
Rege-se a nossa comunidade.

 

Em alas regressa a casa
Pelo caminho extravasa
Toda a fé e devoção;
Vai a banda a tocar
O Hino p’ra Deus louvar
Cumprindo a sua missão.

 

O sino e os foguetes
São verdadeiros lembretes
Da passagem do Divino;
Não há quem fique indiferente
Ao ver toda a nossa gente
Unida num só destino.

 

Igreja, Despensa e Império,
Cada um com seu mistério
No átrio da Divindade:
Benzer, dar e receber
Fazem todos perceber
O Amor pela caridade.

Há rosquilhas e alfenim
Símbolos de amor sem fim
Para serem arrematados:
Promessas feitas com fé
Um braço, uma mão ou pé
E animais que foram curados.

 

Entre trabalhos e orações
Também vem ocasiões
Entre verduras e montes:
Cestos de costas e sabão,
Baldes nalgum burro anão,
Alegres seguem p ’rás (5) Fontes.

 

Fonte de água cristalina
Ao subir uma colina
Com as pias de lavar;
Juntavam-se as lavadeiras
Fossem casadas ou solteiras
Com sua trouxa e a cantar.

 

Entre as rodas da alegria
E o lavadoiro da pia
Há roupa posta a corar;
Hoje temos a saudade
Ao lembrar dessa Trindade
Que hoje se está a recordar.

 

A Serreta vive a festa
E melhor honra lhe presta
Num olhar embevecido:
Viva, viva o Espírito Santo
Que nos dá sempre um tanto
De tudo o que é repartido.


Nota: Cinco quadros temáticos, em cortejo da antiga escola até ao Santuário, com faixas identificativas: (1) "Vinde Espírito Santo; (2) Reza do Terço; (3) Briança; (4) A Coroação; (5) As Fontes.

Angra do Heroísmo, 16 de setembro de 2013

Rosa Silva ("Azoriana")