Versos ilhéus
Rosa Silva:
Do ventre da lilás ilha
Deste verde abençoado
É que nasceu a partilha
Do meu verso perfumado.
Das continhas do rosário
Caem gotas de amor
Que espalham em meu diário
As rimas do meu fervor.
Fernando Mendonça:
Que pena só ter conhecido
Esse seu Rosário agora
Fico muito agradecido
À virgem nossa Senhora!
Rosa Silva:
Tudo aquilo que vos dou
Já me foi dado também
Se um pouco vos agradou
Fico feliz como convém.
Ser ilhoa é tudo isto,
Que se dá com um sorriso
Como nos dá Jesus Cristo
Nas ondas do improviso.
Quem me dera ter um hino,
Para tantos cantadores
Que deram um verso fino
Ao grupo improvisadores.
Não seja este derradeiro
Verso da ilha regional
Da capital do nevoeiro
Para o Fernando do Juncal.
Fernando Mendonça:
A capital do Nevoeiro
Que a Rosa está falando
Vê S. Jorge e o Pico inteiro
E a Graciosa abraçando!
Rosa Silva:
O triângulo lusitano
De ilhas de vistas sãs
É um terço açoriano
Que rezam nossas manhãs.
E no quente colorido
Que o pôr-do-sol lhes dá
É o horizonte agradecido
Pelo povo que vive cá.
Fernando Mendonça:
Eu fico olhando perplexo
Os versos que vai ditando
Que me parecem um reflexo
Do planeta sol brilhando!
Rosa Silva:
Se disser que levo jeito
No mote desta cantiga
É porque sai dentro do peito
Do coração de uma amiga.
Fernando Mendonça:
A senhora me seduz
Com seus versos de requinte
Que até me dão uma luz
Para o meu verso seguinte!
Rosa Silva:
Essa luz me ilumina
Faz crescer o poemário
É como a graça divina
Que transborda do sacrário.
Fernando Mendonça:
Nunca fiz isto na minha vida
O que está acontecer!
Vou rezar de mão erguida
Pra me virem proteger!
Rosa Silva:
Eu ficava a noite inteira
Consigo a versejar
Mas tenho à minha beira
O sono a querer cantar.
Caro amigo Fernando
Que conheço há bem pouco
Que os versos que dei cantando
Não o deixem ficar rouco
Porque quero-o rimando
E o verso não fique oco.
Fernando Mendonça:
Eu também vou descansar
Está tarde e tem de ser
Ontem nisto a pensar
Demorei a adormecer!
In grupo «Improvisadores». FB 1/10/2013