Os “comeres” e os “beberes”
O mesmo que dizer as comidas e as bebidas, em toda a sua parca abundância, estão na moda.
E porque este cabeçalho, ou melhor, título de artigo numa sexta-feira de que gostava imenso agarrar com unhas e dentes ao ponto de não mais largar, ou ainda, amarrar com atilhos resistentes o sábado e o domingo (dias que Deus nos deu de prémio para o descanso, pese embora, serem dias de trabalho para muitos e muitas que nem sabem o que é o descanso), digo, amarrar bem sem hipótese de desprendimento porque, no meu caso, é deveras bem-vindo o fim-de-semana seja ele de chuva, vento ou de um sol que tonaliza os ares de laranjas em novelos matinais de algodão.
[Faço aqui uma pausa para relembrar os leitores que em tempos avisei que ao escrever prosa linear não é bom sinal, isto é, prefiro a rima a escrever prosa ao comprido. A rima faz-me feliz porque só por si traz a melodia que há dentro de nós.]
Sem mais rodeios e parenteses retos deparo que ultimamente os jantares, almoços, reuniões com beberetes e outras comilanças são o prato forte para angariar fundos para “x”, “y” ou “z”. De tanto repasto acabamos por nos recolher ao lar nem que seja para comer umas poucas sopas de pão numa malga de leite da nossa querida vaquinha. Isto é só um exemplo de como poupar na mesa no sólido e no líquido. Mas quem gosta de passar a sopas de leite?! Já não há boca que queira, salvo algumas exceções… Gosto muito de pão e gosto muito de leite, queijo fresco e todos os derivados do líquido precioso.
Com isto não quero desanimar os organizadores de esta ou aquela festa dos “comeres” e dos “beberes” e sei que isso além de dar uma trabalheira fenomenal acaba por dar algum lucro, suponho.
Mas sem este manancial de iguarias ou pratos sugestivos para qualquer época festiva que se atravesse ao longo do ano como seria para ganhar patacas suficientes para levar a cabo o festejo (ou o fim lucrativo ou a solidariedade social)? Não seria e ponto final.
Mas, insisto, como se vai conseguir satisfazer tantos “comeres” e tantos “beberes” que vão surgindo em catadupa? Sinceramente não é fácil… Se não veja-se: Se o manjar for gratuito ou em troca de algum contributo pessoal, a coisa ainda se aguenta (pudera… não custa mas assusta) mas, se pelo contrário, for em troca de notas e/ou moeda grossa a coisa já muda de figura e o repasto fica-se por meia dúzia de comensais…
Sugestão: Não há?! Poupe-se ou abra-se o FRUFUL - Fundo Regional Útil para o Festejo e Utilizações Lucrativas. Que tal? Esta sim seria uma "panela" sem fundo e com muito conduto.
Rosa Silva ("Azoriana")