Meu tempo
Meu tempo
Hoje não me cantam os versos
Que se abraçam ao coração
Sinto que eles estão submersos
Nas fontes da inspiração.
Hoje há uma luta interior
Que a palavra resguarda
Louvado seja o Senhor
E o meu Anjo da Guarda.
É que para dizer asneiras
Mais vale estar calada
E sair das estribeiras
Adianta pouco ou nada.
Hoje não voam as pequenas
Linhas de um bem escrever
Como lindas açucenas
Que no campo vi crescer.
Hoje sou a flor da saudade
Do meu pai e da minha mãe
Quando a minha mocidade
Era só feita de bem.
Não se deixe o passado
Ausentar-se do presente
P’ra acertar passo errado
No tempo que resta à gente.
Rosa Silva (“Azoriana”)