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Açoriana - Azoriana - terceirense das rimas

Os escritos são laços que nos unem, na simplicidade do sonho... São momentos! - Rosa Silva (Azoriana). Criado a 09/04/2004. Angra do Heroísmo, ilha Terceira, Açores. A curiosidade aliada à necessidade criou o 1

Criações de Rosa Silva e outrem; listagem de títulos

Em Criações de Rosa Silva e outrem
Histórico de listagem de títulos,
de sonetos/sonetilhos
(total de 1010)

Motivo para escrever:
Rimas são o meu solar
Com a bela estrela guia,
Minha onda a navegar
E parar eu não queria
O dia que as deixar
(Ninguém foge a esse dia)
Farão pois o meu lugar
Minha paz, minha alegria.
Rosa Silva ("Azoriana")
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Com os melhores agradecimentos pelas:
1. Entrevista a 2 abril in "Kanal ilha 3"

2. Entrevista a 5 dezembro in "Kanal das Doze"

3. Entrevista a 18 novembro 2023 in "Kanal Açor"

4. Entrevista a 9 março 2025 in "VITEC", por Célia Machado

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2014-01-20 Dia memorável. Ao poeta dos Hinos.

20.01.14 | Rosa Silva ("Azoriana")

Na sequência da homenagem escrita em artigo anterior, hoje mesmo tive o prazer de fazer uma visita ao Sr. António Mendes, de Santa Bárbara, da ilha Terceira. Não fazia ideia da riqueza cultural em todas as vertentes deste poeta, compositor, ensaiador, com um manancial de cultura impressionante. Fiquei boquiaberta e adorei ouvi-lo declamar os seus versos de memória incomum. Fascinou-me tudo o que vi, ouvi e aprendi em poucos minutos. Nem me apercebi de quanto tempo estive, com meu marido, nesta descoberta tardia. Sabia que ele era autor de bailinhos de Carnaval, etc. mas não me apercebi do valor incalculável deste senhor da rima metrificada. Queria tanto elogiá-lo, homenagiá-lo mas tudo o que eu disser ou fizer é uma gota de água naquele oceano cultural.


A ilha Terceira, sem dúvida alguma, é um berço dourado de inspirações quer a bruma vista os ares quer a lira enfeite os timbres da paixão poética.


Peço que, tal como hoje destaquei esta personalidade barbarense, se faça tudo o que estiver ao nosso alcance para perputuar os vultos da nossa ilha tão querida.

 

Obrigada de coração ao Sr. António Mendes, caso o seu olhar percorra esta prosa qual sincera dedicatória.

 

Angra do Heroísmo, 20 de janeiro de 2014.

 

Rosa Silva ("Azoriana")

Um parenteses para a reflexão

20.01.14 | Rosa Silva ("Azoriana")

Baú de recordações

Não sou dada a guardar tudo o que o tempo foi deixando de material. Não tenho arcas de madeira com recantos floreados pela habilidade de artesãos experientes, não tenho baús de antepassados onde se guardavam as roupas de cama (mantas, colchas, cobrejões, lençóis bordados, toalhas de linho, roupa íntima e outra de sair às festas e procissões, nem aqueles bordados sob iluminação artificial, sem eletricidade ainda, nem almofadas feitas com a mesma afinação arrendada, nem, tão pouco, tenho o sótão de casa com qualquer divisória de arrumação predileta. Tudo o que possuo se resume a um punhado de recordações (na mente que já guarda pouco) dispersas pelas paredes e nalgumas divisões da casa, ora nalguma gaveta ou prateleira de material de “desenrasca-te se puderes” e sujeitas a tombar com a ameaça saltitante de um gato esperto e/ou outro atrevidote.

 



Valor sentimental

Não penso que o conteúdo do parágrafo anterior tenha menos valor sentimental que o de tantas pessoas que tiveram e têm “berço de ouro” e “cama qual moldura perfeita” que nem apetece desmanchar para dormir mas simplesmente ficar a admirar a preciosidade.

No fundo, gosto muito das minhas pacatas coisinhas porque em cada uma está o retrato de uma vida, uma dor, uma lágrima, um sorriso, um coração, um esforço laboral, um retalho, sobretudo, uma oração íntima de cada vez que as olho ou toco, como que vendo o meu mundo in [finito] …

 


Arca da maternidade

De repente, dou por mim numa pausa a pensar: Tenho três filhos (e uma enteada). Queira Deus que sempre os veja, lhes fale, os ouça, até ao finito dos meus dias. Não há arca, nem baú melhor que a arca da maternidade. Ser mãe foi a minha primeira vontade após unir os laços de um matrimónio finito. Não guardei as suas vestes de infância, nem os cadernos das sucessivas passagens de ano, nem aquelas lembranças em dias comemorativos… Guardei na alma e no coração a alegria de ser mãe dos meus «ricos» filhos que, agradeço a Deus, até hoje não me deram motivos para outras arrumações (leia-se preocupações).

 



Angra do Heroísmo, 20-01-2014,

Rosa Silva (“Azoriana”)

"Desabafo de uma TERCEIRENSE", de autor desconhecido

20.01.14 | Rosa Silva ("Azoriana")

Recebido por e-mail. Ainda me estou a rir e prevê-se não parar a risada tão cedo :)

 

 

{#emotions_dlg.sarcastic}

 

“Ei home, pomordês! Tás menente de sabê que gente tola e toiros, paredes altas.

 Faz-te descretinho e acaçapa-te p’raí - pára de tecê estepô que tem aí gente c’ma biche e ainda levas a tua galheta.

 Na queres ir brincá co’a pombinha p’áreia?

Tu bota sentide e não aformentes aquelas tatonas, todas prezadas mas cheias de esterque, umas mangalhas, valhacas, senão quando mal te aprocatares vais por’í arriba a toque de caixa. Raspa-te!

Ah moço, espera: tua mãe tá mais pairadinha, tá tenteadinha?

 Ela andava arrebocida e ouvi dizê qu’ela tava pegada de cabeça…

Nos toiros da Fonte eu vi-la à gaitadaria, por monde daquele toiro que aguindou e deu uma cornada em tê pai, que tava com uma grandecíssima vela – tu sabes c’ma é, na bebas qu’é petróleo –, o desgraçado a levá uma esfrega e ela gaitadaria velha. Ai tal pecade. Passa fora! É preciso ter lata, vergonhas da minha cara. Fiquei consumida. Tu ainda tás namorado co’aquela piquena da boca da canada?

 Ela tá preta cma ferruje! A irmã é que é alva de neve.

 Eu sei que o pai é um velho caipora que tem dinheiro cma cabelo em cão, mas não é partido p’ra ti.

 Ele é um izoneiro - tal home d'esganade -, e ela parece um pau de virar tripas, magra cmum graveto – a mãe é que é um talhão. pechinchim! Tu se casás co’ela vás pená, aquilhe na tem tafulhe.

 É feia cm’ó pecade e é daquelas de pelo na venta: ainda te larga umas taponas nos beiços.

Na te cases, padaço de tolo. Antes cagá um pé tode.

Agora vou-me maneá p’ra casa, à conta de Nosso Senhô, que está frio c’ma burro e a modos que vêm aí aguaceira grossa. Não vou esperá aqui a mamá pa crescê e depois ficá alagada pingando: passa cá carocho!

Haja saúde.”

 

Autor desconhecido

Mais uma letra por Angra do Heroísmo (talvez uma marcha?!)

20.01.14 | Rosa Silva ("Azoriana")

Angra, 30 anos (JÓIA) de património mundial

 

(Versão pessoal não oficial.
Contate-me se a quer melodiar/utilizar)

 

Viva Angra, património do mundo,
És a flor em tom de lirismo
Desfalecida ergueu-se do fundo
E do terror que sofreu pelo sismo.

 

Angra bonita esbelta aprumada
Recebe o povo de braços abertos
Em cada rua do centro amada
Cartaz viçoso em valores despertos.

 

Angra tingida de amor colossal
É do seu povo a grande vedeta
Deu-lhe a UNESCO valor mundial
Sobe o pódio da nova faceta.

 

Angra menina, mui nobre e constante,
Sempre leal, jóia da antiguidade
Recebe mimos do povo emigrante
Que reconhece a sua identidade.

 

E no regaço da Praça que é Velha
Recebe amigos que ama e venera
Corpo lírio a rosa vermelha
E canta a gosto o que já se espera.

 

Refrão

Vamos amigos, vamos festejar
Com alegria pla rua a cantar
Pé no basalto, roda teu balão
Viva a Festa, viva S. João.
Anda comigo a noite é tão bela
Há manjerico louco à lapela
Louco é o beijo que já me seduz
Angra cidade se enche de luz!

 

Rosa Silva (“Azoriana”)

Uma figura pública imponente e valiosa: António Mendes, de Santa Bárbara

20.01.14 | Rosa Silva ("Azoriana")

 

 Imagem encontrada in "DI Diário Insular"

 

António Mendes, solteiro e autodidata foi, profissionalmente, guarda-fiscal. Na freguesia de Santa Bárbara da Ilha Terceira, para além de escrever peças de teatro, bailes de carnaval, músicas para o coral, compositor, ensaiador, poeta e autor de presépios tradicionais, é um indivíduo muito empenhado na defesa das tradições da sua freguesia natal. Já foi homenageado pela Junta de Freguesia (em 29-04-2006) Fonte desta data in "Azoresglobal".

Ainda me recordo, de quando vinha na camioneta em direção à cidade de Angra do Heroísmo, com apeamento na freguesia da Serreta e seguindo via Doze Ribeiras, Santa Bárbara e por aí abaixo, da paragem perto da Igreja de Santa Bárbara e da entrada do senhor António Mendes (na altura nem sabia o seu nome), sempre apetrechado de uma (ou mais) pastas que me despertavam alguma curiosidade. O que levava aquele senhor naquelas pastas?! Não tinha nada que saber nem sequer por curiosidade mas, hoje em dia, penso que seriam, muito provavelmente, os seus papéis cuja tinta seria a sua arte maravilhosa de criar Cultura para ser preservada nos Anais da Ilha Terceira, como preciosidades artístico-históricas.

Até agora, janeiro de 2014, não lhe tinha sequer dirigido ou ouvido palavra. Via-o, sabia que era daquela freguesia, conhecia-o desde tempos idos. Jamais tivera, com ele, discurso direto. Pela primeira vez, num domingo (19-01-2014) enviei-lhe uma mensagem tecnológica através da rede social em uso habitual. Recebi a resposta que me veio encher de contentamento, ou melhor, felicidade mesmo. Se um senhor desta envergadura cultural me presenteou com uma resposta amistosa como não poderia ficar feliz?!

É um grande senhor da terra, da cultura e ser autodidata é uma das suas melhores vertentes.

Não conheço todo o manancial de criações de António Mendes mas sei e muita vez foi mencionado o seu nome como autor de bailes do Carnaval Terceirense.

A rima é, de certeza, o seu modo de vida e o seu lema pessoal que vigorará para sempre.

Eis a minha sincera homenagem e bem-haja ao meu “quase vizinho” de uma outra idade por todo o seu valor cultural e dedicação artística em prol da ilha e fora dela.

Podem ainda ler o que o DI Diário Insular publicou em 24.MAR.2013 junto com a foto supra, que transcrevo seguidamente.