Galeria da alma (para quem diz que a escrita é uma seca)
Bom dia!
Gostava de me sentar na galeria da alma. Após um fim-de-semana de pouca atividade apresento-me ao rescaldo das coisas por fazer. Abri os olhos para o novo termo e assentei a forma de estar viva, mesmo que embaciada pela ausência das janelas do campo.
Ainda, sem correntes duradouras, faço os possíveis por tingir de letras os passeios de artigos ao desbarato do pensamento. Não me importo com as entrelinhas do maldizer e digladio-me com as que possa estender nos fios da comunicação à vista mundana. Talvez poucos e poucas as leiam mas dá-me um prazer enorme deixá-las esvoaçar de mim para as relíquias de um piscar de olho.
Nasceu gente e morreu outra, forçosamente. Eu nem sei se vivo ou se estou na vista do ilhéu de palco com o pano curvo. Não se pode prever o além. Apenas se podem adormecer as ideias na curva do tempo que vai surgindo.
Dormi bastante e ouvi o som das minhas palavras na corrente de outras tantas que se vestiram de delicadeza e ou timbre mordaz. Prefiro sempre a beleza do palavreado anunciado a uns quantos ouvintes. Não sei precisar quantidades mas que prevaleça a qualidade, animada de satisfação. A minha satisfação é diferente dos demais. Prefiro nem balbuciar o quanto me satisfaz abrir a alma ao dia seguinte, depois de receber a visita da simbólica divindade de prata. É bonito acordar para a vida após um sonho vadio.
Debruço-me, agora, no quadro da semana e vejo os números a clamar audiência. Quem sabe se ainda vou a tempo de os alinhar e enquadrar na fileira de um estado de apuramento anual.
De resto, desejo um bom dia de segunda. Hoje é dia de correio, do meu correio.
2014-02-17