A saudade de emigrante
Bato à porta do peito
Peço licença para entrar
Ele diz que tenho direito
E que posso lá ficar.
A conversa toma jeito
Cada um no seu lugar
Com melodia a preceito
Acabamos a cantar.
Minha terra é um jardim
De maravilhas tamanhas
Ela sempre foi assim
Entre vales e montanhas.
E para quem dela partiu
Acenando a despedida
Na certa não conseguiu
Esquecer da melhor vida.
A toada das Trindades
Ressoa no coração,
E um verso de saudades
Faz soluçar a canção.
Tua terra cá te espera
Estejas onde estiveres
Começou a primavera
De flores e bem-me-queres.
O teu jardim continua
Com a vista para o mar,
Adormece com a lua
Para o sol vir acordar.
Não esqueças que o dia
À noite dá seu lugar
Numa terna harmonia
Para puderes sonhar.
Sonha com a tua igreja
Com capelas e altares
E outros aonde esteja
A razão de aqui estares.
O carinho do teu berço
Fez crescer o teu amor,
Das continhas de um terço
Honraste o teu Senhor.
Bendita e louvada seja
A entrada no meu peito
Na conversa que te beija
E te faz pensar num jeito
De voltar a quem deseja
Ver teu sorriso refeito.
Agora digo adeus
A quem a porta me abriu
Fiquem na graça de Deus
Coroados plo desafio
Que é voltar para os seus
E pra terra que vos viu.
Bom domingo! 2014/03/23
Rosa Silva ("Azoriana")