30.04.14 | Rosa Silva ("Azoriana")
MERCÊS ALBINO Mercês, menina de abril Nasceu pra vos consolar De uma maneira subtil Antes de maio entrar. Fechou a porta de um mês Abre um sorriso à tourada; Linda menina Mercês É dos Bravos à chegada. Uma bênção prós seus pais Bem como prós seus avós Dos Bravos sempre leais. Venha a taça da alegria Adocicar nossa voz: Salvé Mercês, flor do dia! Rosa Silva ("Azoriana")
30.04.14 | Rosa Silva ("Azoriana")
"A flor e a ave! Uma quieta, a outra esvoaçando em redor... A flor é alacre, de pétalas vermelhas! E a ave prende nas suas penas irisadas centelhas... Lembram dois namorados que o amor enleia em fina traça... - Vede como a ave esvoaça em torno da flor!" Saúl Dias
29.04.14 | Rosa Silva ("Azoriana")
"Desejo uma fotografia como esta - o senhor vê? - como esta: em que para sempre me ria como um vestido de eterna festa. Como tenho a testa sombria, derrame luz na minha testa. Deixe esta ruga, que me empresta um certo ar de sabedoria. Não meta fundos de floresta nem de arbitrária fantasia... Não... Neste espaço que ainda resta, ponha uma cadeira vazia." Cecília Meireles
28.04.14 | Rosa Silva ("Azoriana")
"Beijo na face Pede-se e dá-se: Dá? Que custa um beijo? Não tenha pejo: Vá! Um beijo é culpa, Que se desculpa: Dá? A borboleta Beija a violeta: Vá! Um beijo é graça, Que a mais não passa: Dá? Teme que a tente? É inocente... Vá! Guardo segredo, Não tenha medo... Vê? Dê-me um beijinho, Dê de mansinho, Dê! * Como ele é doce! Como ele trouxe, Flor, Paz a meu seio! Saciar-me veio, Amor! Saciar-me? louco... Um é tão pouco, Flor! Deixa, concede Que eu mate a sede, Amor! Talvez te leve O vento em breve, Flor! A vida foge, A vida é hoje, Amor! Guardo segredo, Não tenhas medo Pois! Um mais na face, E a mais não passe! Dois... * Oh! dois? piedade! Coisas tão boas... Vês? Quantas pessoas Tem a Trindade? Três! Três é a conta Certinho, e justa... Vês? E que te custa? Não sejas tonta! Três! Três, sim: não cuides Que te desgraças: Vês? Três são as Graças, Três as Virtudes; Três. As folhas santas Que o lírio fecham, Vês? E não o deixam Manchar, são... quantas? Três! " João de Deus, in 'Campo de Flores'
27.04.14 | Rosa Silva ("Azoriana")
"Palram pega e papagaio, E cacareja a galinha; Os ternos pombos arrulham, Geme a rola inocentinha. Muge a vaca, berra o touro, Grasna a rã, ruge o leão O gato mia, uiva o lobo, Também uiva e ladra o cão. Relincha o nobre cavalo, Os elefantes dão urros, A tímida ovelha bala, Zurrar é próprio dos burros. Regouga a sagaz raposa (bichinho muito matreiro); Nos ramos cantam as aves, Mas pia o mocho agoureiro. Sabem as aves ligeiras O canto seu variar; Fazem gorjeios às vezes, Às vezes põem-se a chilrar. O pardal, daninho aos campos, Não aprendeu a cantar: Como os ratos e as doninhas Apenas sabe chiar. O negro corvo crocita, Zune o mosquito enfadonho; A serpente no deserto Solta assobio medonho. Chia a lebre, grasna o pato, Ouvem-se os porcos grunhir; Libando o suco das flores, Costuma a abelha zumbir. Bramem os tigres, as onças, Pia, pia, o pintainho; Cucurita e canta o galo, Late e gane o cachorrinho. A vitelinha dá berros; O cordeirinho, balidos; O macaquinho dá guinchos, A criancinha vagidos. A fala foi dada ao homem, Rei dos outros animais: Nos versos lidos acima Se encontram, em pobre rima, As vozes dos principais." Pedro Dinis
26.04.14 | Rosa Silva ("Azoriana")
"Corpo suave, de traços finos, modelados trinos ao entardecer... A linha esguia que delimita e acaricia o braço de ave é tão bonita... Suave mulher... quase criança... Toda pureza... - Vede a beleza como se enlaça na sua trança!" Saúl Dias
26.04.14 | Rosa Silva ("Azoriana")
"Chuva fina, matutina, manselinho orvalho quase: névoa tênue sobre a selva, pela relva, desdobrada, etérea gaze. Chuva fina, matutina, o pardal de úmidas penas, a folhagem e a formosa clara rosa, sonham que és seu sonho, apenas. Chuva fina, matutina, pelo sol evaporada, como sonho pressentida e esquecida no clarão da madrugada. Chuva fina, matutina: brilham flores, brilham asas brilham as telhas das casas em tuas águas velidas e em teu silencio brunidas. . . Chuva fina matutina, que te foste a outras paragens. Invisível peregrina, clara operaria divina, entre límpidas viagens." Cecília Meireles Metal Rosicler (1960)
24.04.14 | Rosa Silva ("Azoriana")
Caridade e humildade rimam com o Padre Era uma vez um senhor Nascido em Santa Maria, Que veio a ser prior Porque a Santa assim o queria. Conquistou sem qualquer luta Outros ares da Região, Levanta os braços, em labuta, Com "armas" do coração. Se encontra um irmão Seja em que atitude for Estende a sua mão Com a benção do Senhor. Se o pecado o procura Recebe dele o perdão Olha bem a criatura Sabe ver o coração. Se existir nos Açores Um homem deste tamanho Certamente não é Dolores Nem terá o seu empenho. Quando de frente o olhares E te sentires tremer: Abre a alma, é só falares, Que ele vai compreender. O amor que ele tem a Cristo Não é feito por medida E neste verso eu insisto Que é feito p'la sua vida. E quando daqui se for Como vão todos os viventes Tem a Graça do Senhor O amor dos que são crentes. Um doce beijo lhe mando Neste dia especial Se de mim se for lembrando Lembro dele sempre igual. Deus o proteja e ajude E a todos à sua beira; Humildade a maior virtude Que ele tem quanta queira. Bem-haja! Angra do Heroísmo, 2014/04/24 Rosa Silva ("Azoriana")
24.04.14 | Rosa Silva ("Azoriana")
Há males que causam dor, E a dor mal se suporta; Também só se dá valor Quando fecha a última porta. A vida é para ser gozada Com bem ou com sofrimento Mas se se dá má passada Pode armar-se um pé-de-vento. Há quem diga que a morte Para alguns é prematura Para outros até traz sorte Nascem elogios em fartura. O valor de uma vida Em vida faz pouca vista Quando chega a partida A vida valor conquista. Rosa Silva ("Azoriana")
18.04.14 | Rosa Silva ("Azoriana")
O Desenho d'Esse olhar Parece tão verdadeiro A dor quiseste desenhar Mas o olhar eu vi primeiro. Quiseste ao mundo mostrar O rosto, sem corpo inteiro, Que a mim fez contemplar O olhar são, pioneiro. A dor se fez por três dias E ao terceiro se desatou Transformou-se em alegrias. Nesse olhar eu me detenho Foi Deus que te inspirou Deu mais fé ao teu desenho. RS Azoriana
Nota: Alusivo à pintura em acrílico s/tela, da autoria de Agostinho Silva, de "Arte por um Canudo " - Parada de Gonta.