Os escritos são laços que nos unem, na simplicidade do sonho... São momentos! - Rosa Silva (Azoriana).
Criado a 09/04/2004. Angra do Heroísmo, ilha Terceira, Açores. A curiosidade aliada à necessidade criou o 1
é uma dor sem agonia um pensar sem medição um misto de maresia com os baques do coração é um querer e não saber de uma longa caminhada é morrer quase sem querer à borda de quase nada. é uma valsa dos sentidos ao molho e fé em Deus é gozar textos perdidos alguns que até são meus.
Hildeberto fazes bem em levar à emissão os obreiros que embelezam o que dá valor à freguesia e à ilha, logo aos Açores. Obrigada em nome dos que tem as mãos calejadas, o olhar, rosto e corpo cansados mas felizes por darem o que a sua vocação deixa fluir nas coisas que nos chamam a atenção, quer numa passagem esporádica, quer na permanência de ilhéus, apreciadores do belo e natural, como são todas as coisas que vivem lado a lado com a terra, céu e mar, no diurno ou noturno estado real e pacato.
Quem trabalha por gosto Na terra que dá que comer Deixa no que faz exposto O ser de ilhéu ao nascer.
Quem trabalha é feliz Na nossa insularidade Porque trouxe de raiz Brava regionalidade.
O futuro sendo incerto Mostrará valor presente Nas imagens do Hildeberto Que louva a nossa gente.
Bravo amigo que conheço Desde outrora com simpatia Por tudo muito agradeço Deus te inspire dia-a-dia.
A semana tem sido pródiga em acontecimentos especiais, sobretudo para quem vive emoções fortes, tal como eu.
Sendo maio o mês dos “m’s” continua a florir com outras letras em livros que vão surgindo pela apetência de escritores que gostam da cultura popular açoriana e das cantigas nas vozes dos nossos amigos do desafio.
A vinda de José Fonseca de Sousa e esposa ao lançamento do livro de “António Mota - o cantador” é um dos casos a que me refiro no parágrafo anterior;
A vinda (surpresa para mim) da amiga Kathie Baker e marido, dos USA foi outro momento de carinho e ternura;
A noite de ontem (5/5/2014), no Retiro dos Cantadores da Vinha Brava, propriedade de José Santos (Gaitada) que me colocou nas cantigas de desafio com o nosso querido João Leonel, mais conhecido por “Retornado”, cujo desafio se torna, à partida, de maior responsabilidade por ser um cantador dos mais antigos com amor pelo improviso e que já deu inúmeras provas de beleza poética ao que dos seus lábios sai. É um cantador que eleva, sem se elevar, a cantiga ao grau de superioridade da inspiração nata, sem desfazer a sua bonita humildade.
Não estava à espera de cantar porque estava com dificuldades vocais mas após ouvir a melodia, olhar para aqueles cabelos esbranquiçados e um olhar como que a recomendar calma, o resto foi ao sabor da inspiração perante algumas “questões” que me deram caminho ao longo do desafio. A meta foi pelo amigo “Retornado” melhor alcançada mas confesso que me senti muito bem ao seu lado.
A noite continuou maravilhosa com os desafios de Fernando Alvarino e Rogério Rebelo, João Leonel “Retornado” e José Santos (Gaitada) com sextilhas, de se tirar o chapéu, em homenagem ao convidado especial José Fonseca de Sousa, e, por fim, Liduino Borba e Rogério Rebelo presentearam a assistência, composta de um conjunto de amigos, com umas “Velhinhas” à moda da Terceira, provocando palmas e risos.
Na volta a casa pairava em mim a emoção contente e a lembrança de conversas entre amigos que fazem da nossa cultura um estandarte de alegria com o prazer da cantoria. Onde quer que esteja um terceirense contagia outros tantos e até quem não é residente habitual mas que, de passagem, leva consigo a lembrança do nosso entusiasmo ilhéu.
Fernando Pereira, o grande divulgador das cantigas, também lá estava com seu bonito gesto de captar em imagem/som o que, porventura, ficará bem aos olhos do mundo como que uma relíquia açoriana de um momento que se pode multiplicar por diversos espaços onde haja uma viola da terra, um violão e o dedilhar de melodia airosa que dá um gosto especial ao verso da cantiga que não se estuda nem se aprende mas tem-se no imediato, sem hipótese de emendar.
Bem-haja a todos os que gostam do que é nosso e genuíno. Bravo amigos!