A quadra - dedicatória - do dia
Cantador não é cantor
É um simples repetente
Que vai dando com amor
O que ressalta da mente.
(Dedicada a João Leonel "Retornado")
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Cantador não é cantor
É um simples repetente
Que vai dando com amor
O que ressalta da mente.
(Dedicada a João Leonel "Retornado")
A semana tem sido pródiga em acontecimentos especiais, sobretudo para quem vive emoções fortes, tal como eu.
Sendo maio o mês dos “m’s” continua a florir com outras letras em livros que vão surgindo pela apetência de escritores que gostam da cultura popular açoriana e das cantigas nas vozes dos nossos amigos do desafio.
A vinda de José Fonseca de Sousa e esposa ao lançamento do livro de “António Mota - o cantador” é um dos casos a que me refiro no parágrafo anterior;
A vinda (surpresa para mim) da amiga Kathie Baker e marido, dos USA foi outro momento de carinho e ternura;
A noite de ontem (5/5/2014), no Retiro dos Cantadores da Vinha Brava, propriedade de José Santos (Gaitada) que me colocou nas cantigas de desafio com o nosso querido João Leonel, mais conhecido por “Retornado”, cujo desafio se torna, à partida, de maior responsabilidade por ser um cantador dos mais antigos com amor pelo improviso e que já deu inúmeras provas de beleza poética ao que dos seus lábios sai. É um cantador que eleva, sem se elevar, a cantiga ao grau de superioridade da inspiração nata, sem desfazer a sua bonita humildade.
Não estava à espera de cantar porque estava com dificuldades vocais mas após ouvir a melodia, olhar para aqueles cabelos esbranquiçados e um olhar como que a recomendar calma, o resto foi ao sabor da inspiração perante algumas “questões” que me deram caminho ao longo do desafio. A meta foi pelo amigo “Retornado” melhor alcançada mas confesso que me senti muito bem ao seu lado.
A noite continuou maravilhosa com os desafios de Fernando Alvarino e Rogério Rebelo, João Leonel “Retornado” e José Santos (Gaitada) com sextilhas, de se tirar o chapéu, em homenagem ao convidado especial José Fonseca de Sousa, e, por fim, Liduino Borba e Rogério Rebelo presentearam a assistência, composta de um conjunto de amigos, com umas “Velhinhas” à moda da Terceira, provocando palmas e risos.
Na volta a casa pairava em mim a emoção contente e a lembrança de conversas entre amigos que fazem da nossa cultura um estandarte de alegria com o prazer da cantoria. Onde quer que esteja um terceirense contagia outros tantos e até quem não é residente habitual mas que, de passagem, leva consigo a lembrança do nosso entusiasmo ilhéu.
Fernando Pereira, o grande divulgador das cantigas, também lá estava com seu bonito gesto de captar em imagem/som o que, porventura, ficará bem aos olhos do mundo como que uma relíquia açoriana de um momento que se pode multiplicar por diversos espaços onde haja uma viola da terra, um violão e o dedilhar de melodia airosa que dá um gosto especial ao verso da cantiga que não se estuda nem se aprende mas tem-se no imediato, sem hipótese de emendar.
Bem-haja a todos os que gostam do que é nosso e genuíno. Bravo amigos!
Rosa Silva (“Azoriana”)
2014/05/06