Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
Veste-se a ilha
Com sua saia florida
Dos montes liberta vida
Como mãe que gera a filha.
A ilha lenços verdejantes
Temperados da salina
Que com a doce neblina
Ganha tons que não vira antes.
A ilha é tom de rosa
Bordada de mar anil
Num bailado tão gentil
Que se faz sonho de prosa.
A ilha é minha e tua
Nas estrelas ao luar
Na cagarra a festejar
O silêncio da noite crua.
A ilha é singela flor
Um sortido de dias
De bruma e alegrias
Um gemido de amor...
Sim... Tudo isto é a ILHA!!!!
2014/07/21
Rosa Silva ("Azoriana")
Dedicado a: Miguel Canto e Castro, emigrante picoense
Por vezes quando há toirada
Vê-se que há povo atento
E quando se vê marrada
Há logo algum desalento.
Vão pais, tios e irmãos
Cada qual com seu feitio
Mesmo sendo bons cristãos
Só o "quinto" é que os viu.
Vem gente do estrangeiro
Com amigos quantos queira
Trazem abundante dinheiro
Para gozar na Terceira.
Lava-se a casa e a cozinha
Até o quintal se enfeita
Muita iguaria já tinha
P 'ró "quinto" na mesa feita ...
E aquele que não concorda
Com reboliço algum
Corta logo a sua corda
E não há gosto nenhum.
Quem é vivo e mais novo
Prefere o arraial;
Sua atitude eu louvo:
Bravo capinha local.
Se a festa não entoa
A quem está louco ou doente
É mesmo dessa pessoa
Ficar logo descontente.
Porém nossas criaturas
Amantes duma toirada
Andam mesmo às escuras
E até alta madrugada.
Se há mulher de quero e mando
Cercada de mordomias
Dá gritos de vez em quando
Na toirada destes dias.
Se o toiro a alguns fizesse
Uma investida anormal
Talvez a gente tivesse
Menos crise em Portugal.
Fazia-se uma limpeza
Em quem não tem esperança
De nos dar uma certeza
Em termos boa mudança.
Mas ninguém quer arbitrar
Uma marrada abissal
Preferem ver vegetar
Quem anda em estado final.
Agora para não maçar
Com história torcida
Vou fazer por abraçar
As alegrias da vida.
Por muito que alguém diga
Sobre as crises de agora
Que o nosso "Olé" prossiga
Na boca que vem de fora.
Rosa Silva ("Azoriana")
Porque não vai a leilão
A Estalagem da Serreta?
Alguém que lhe deite a mão
E por bem ali se meta.
Porque mesmo com patrão
De propriedade privada
Sem sua reconstrução
Fica ali abandonada.
Sete anos tinha eu
No tempo de tal Cimeira
Que ao mundo todo deu
Visão da ilha Terceira.
Cinquenta agora tenho
E dói de mais ver aquilo
Que luz tinha no desenho
E perdeu todo o estilo.
A quem tem a mesma dor
Quando ali vai de passagem
Salvem, salvem por favor
A que foi linda Estalagem.
A Serreta bem merece
Por ser pulmão da Terceira
E por setembro estremece
De oração pioneira.
Mesmo durante o sono
Fico eu entristecida:
Não se deixa ao abandono
O sonho de tanta vida.
Tanta obra que se faz
E o interesse é nenhum;
A Estalagem ali jaz
Sem ter feito mal algum.
Palco de fotografia
Com uma bela paisagem
Quem passava também via
A beleza da Estalagem.
O tempo não volta atrás
Para a frente é caminho;
A montra do que se faz
Luz melhor com o carinho.
E o carinho, meus senhores,
É zelar pelo que é feito;
Em cada ilha dos Açores
Há muito a ter respeito.
Por favor, tenham coragem,
Ajudem a levantar
A querida Estalagem
Da Serreta, excelso lar.
2014/07/20
Rosa Silva ("Azoriana")
Leia-se também aqui estes versos e veja-se 2014-07-06-estalagem-da-serreta-nos-acores-esquecida, da SIC.
Aos SEVERINOS
Se há doçura na palavra
Tem-na sim Os Severinos
Se há um dom que nos lavra
Há-o também nos seus hinos.
Quem me dera abraçar
Cada canção que exalta
A sua terra e o mar
Que a tantos fazem falta.
Quem me dera sempre ter
Uma quadra de amizade
E enquanto eu viver
Ouvir vossa novidade.
Vós sóis a alma da ilha
Das ilhas açorianas
E na voz a maravilha
Das raízes lusitanas.
Tenho na palma da mão
O mundo à nossa frente
E tenho no coração
Vosso cantar doce e quente.
Creio que não sou só eu
Que vos ouve atentamente
Vosso cantar já se acendeu
No gosto da tanta gente.
Rosa Silva ("Azoriana")
Transcrevo, na íntegra, o CONVITE do Presidente da Direção do Centro Comunitário Grupo Amigos da Terceira, de Pawtucket, RI:
CONVITE
Caro Cantador e amigo:
A Direção do Centro Comunitário Grupo Amigos da Terceira vem por este meio convidar-lhe a participar nos seus festejos em honra do nosso Padroeiro, S. Vicente de Paulo, de 4 a 7 de setembro, 2014. Todos os anos temos tentado ter um tema para a nossa festa e temos tido sucesso podendo receber centenas de forasteiros. Este ano o nosso tema será uma Homenagem aos Cantadores de Improviso. Gostaríamos de realizar um enorme Encontro de Cantadores da nossa comunidade, Açores, Califórnia e Canadá e divulgar esta tradição cultural muito única e apreciada por tantos em todo o mundo.
Para homenagear e divulgar o Cantar ao Improviso desejamos fazer o seguinte:
A participação do maior número de cantadores seria importante. Para bem de ajudar com a despesa das digressões dos cantadores que irão ter que viajar longas distâncias e ter que usar transporte aéreo, iremos efetuar dois jantares para que os lucros dessas duas festas serem divididos por esses cantadores. Se algum cantador precisar alojamento também podemos arranjar-lho. Tínhamos muito gosto se fizesse parte deste importante acontecimento. Seria uma honra para nós o termos na nossa companhia. A vossa resposta de participação quanto antes seria apreciável, pois temos muito para organizar. Esperamos que aceite o nosso humilde convite. Era favor de nos telefonar diretamente (401) 230-7838 ou comunicar por e-mail victor_c_santos@hotmail.com. Esperamos pela vossa resposta antes de agosto se fosse possível. Seria uma honra para nós em lhe poder receber.
Um grande abraço deste vosso amigo
Victor C. Santos
Presidente da Direção
Centro Comunitário Grupo Amigos da Terceira Inc.
PO Box 1002, 55 Memorial Drive, Pawtucket, Rhode Island 02862
Regressam aos lares antigos
Tantos que outrora os deixaram
Pra rever família e amigos
E alguns não encontraram.
Regressam à luz da lembrança
E ao abraço saudoso
Que nos tempos de criança
Não via olhar lacrimoso.
As aldeias (e a cidade),
Comum dizer-se freguesias,
Vão mingando na saudade
Na passagem por estes dias.
E nas malas da abundância
Vem um cheiro estrangeiro
Que se dá mais importância
E perdura o dia inteiro.
Pena que na atualidade
O peso tenha descido
Já não se cheira à vontade
Porque o cheiro é reduzido.
Enfim é o que nós temos
Nesta vida de andanças
'Inda bem que nós os vemos
De volta às ilhas mansas.
As lindas festas de verão
Enfeitadas de mil cores
Fazem bem aos que cá estão
E aos que voltam aos Açores.
Foto de José Henrique Sousa - S. Bento
Há um brilho estonteante
Uma brisa acetinada
Que abraça o emigrante
No largo da festa amada.
Veem a linda bandeira
Ao centro do seu Império
E por toda a ilha Terceira
Há o sagrado mistério.
Foto de José Henrique Sousa - S. Bento
Em ramos levam as flores
Do jardim que é seu lar
Pra louvarem seus amores
No centro de cada altar.
Foto de José Henrique Sousa - S. Bento
Emigrante, nosso amigo,
Nosso pai, mãe ou irmão,
Deus esteja sempre contigo
No "adeus" à Região.
Que leves a bela aurora
E a doce esperança
Mais o que disse a Senhora
À saudade que já avança.
Rosa Silva ("Azoriana")