20.07.14 | Rosa Silva ("Azoriana")
Por vezes quando há toirada Vê-se que há povo atento E quando se vê marrada Há logo algum desalento. Vão pais, tios e irmãos Cada qual com seu feitio Mesmo sendo bons cristãos Só o "quinto" é que os viu. Vem gente do estrangeiro Com amigos quantos queira Trazem abundante dinheiro Para gozar na Terceira. Lava-se a casa e a cozinha Até o quintal se enfeita Muita iguaria já tinha P 'ró "quinto" na mesa feita ... E aquele que não concorda Com reboliço algum Corta logo a sua corda E não há gosto nenhum. Quem é vivo e mais novo Prefere o arraial; Sua atitude eu louvo: Bravo capinha local. Se a festa não entoa A quem está louco ou doente É mesmo dessa pessoa Ficar logo descontente. Porém nossas criaturas Amantes duma toirada Andam mesmo às escuras E até alta madrugada. Se há mulher de quero e mando Cercada de mordomias Dá gritos de vez em quando Na toirada destes dias. Se o toiro a alguns fizesse Uma investida anormal Talvez a gente tivesse Menos crise em Portugal. Fazia-se uma limpeza Em quem não tem esperança De nos dar uma certeza Em termos boa mudança. Mas ninguém quer arbitrar Uma marrada abissal Preferem ver vegetar Quem anda em estado final. Agora para não maçar Com história torcida Vou fazer por abraçar As alegrias da vida. Por muito que alguém diga Sobre as crises de agora Que o nosso "Olé" prossiga Na boca que vem de fora. Rosa Silva ("Azoriana")
20.07.14 | Rosa Silva ("Azoriana")
Porque não vai a leilão A Estalagem da Serreta? Alguém que lhe deite a mão E por bem ali se meta. Porque mesmo com patrão De propriedade privada Sem sua reconstrução Fica ali abandonada. Sete anos tinha eu No tempo de tal Cimeira Que ao mundo todo deu Visão da ilha Terceira. Cinquenta agora tenho E dói de mais ver aquilo Que luz tinha no desenho E perdeu todo o estilo. A quem tem a mesma dor Quando ali vai de passagem Salvem, salvem por favor A que foi linda Estalagem. A Serreta bem merece Por ser pulmão da Terceira E por setembro estremece De oração pioneira. Mesmo durante o sono Fico eu entristecida: Não se deixa ao abandono O sonho de tanta vida. Tanta obra que se faz E o interesse é nenhum; A Estalagem ali jaz Sem ter feito mal algum. Palco de fotografia Com uma bela paisagem Quem passava também via A beleza da Estalagem. O tempo não volta atrás Para a frente é caminho; A montra do que se faz Luz melhor com o carinho. E o carinho, meus senhores, É zelar pelo que é feito; Em cada ilha dos Açores Há muito a ter respeito. Por favor, tenham coragem, Ajudem a levantar A querida Estalagem Da Serreta, excelso lar. 2014/07/20 Rosa Silva ("Azoriana")
Leia-se também aqui estes versos e veja-se 2014-07-06-estalagem-da-serreta-nos-acores-esquecida, da SIC .
20.07.14 | Rosa Silva ("Azoriana")
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Aos SEVERINOS Se há doçura na palavra Tem-na sim Os Severinos Se há um dom que nos lavra Há-o também nos seus hinos. Quem me dera abraçar Cada canção que exalta A sua terra e o mar Que a tantos fazem falta. Quem me dera sempre ter Uma quadra de amizade E enquanto eu viver Ouvir vossa novidade. Vós sóis a alma da ilha Das ilhas açorianas E na voz a maravilha Das raízes lusitanas. Tenho na palma da mão O mundo à nossa frente E tenho no coração Vosso cantar doce e quente. Creio que não sou só eu Que vos ouve atentamente Vosso cantar já se acendeu No gosto da tanta gente. Rosa Silva ("Azoriana")