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Açoriana - Azoriana - terceirense das rimas

Os escritos são laços que nos unem, na simplicidade do sonho... São momentos! - Rosa Silva (Azoriana). Criado a 09/04/2004. Angra do Heroísmo, ilha Terceira, Açores. A curiosidade aliada à necessidade criou o 1

Criações de Rosa Silva e outrem; listagem de títulos

Em Criações de Rosa Silva e outrem
Histórico de listagem de títulos,
de sonetos/sonetilhos
(total de 1010)

Motivo para escrever:
Rimas são o meu solar
Com a bela estrela guia,
Minha onda a navegar
E parar eu não queria
O dia que as deixar
(Ninguém foge a esse dia)
Farão pois o meu lugar
Minha paz, minha alegria.
Rosa Silva ("Azoriana")
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Com os melhores agradecimentos pelas:
1. Entrevista a 2 abril in "Kanal ilha 3"

2. Entrevista a 5 dezembro in "Kanal das Doze"

3. Entrevista a 18 novembro 2023 in "Kanal Açor"

4. Entrevista a 9 março 2025 in "VITEC", por Célia Machado

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Homenagem a D. Isaura das Mercês Gonçalves, da Serreta, ilha Terceira

03.11.14 | Rosa Silva ("Azoriana")

D. Isaura Rodrigues

Versos e Cânticos
de
ISAURA DAS MERCÊS GONÇALVES



MOCIDADE


Mocidade não te rias,
Das rugas que o velho tem;
Se viveres mais uns dias
Irás ter rugas também.


Mocidade tira a prova
Com algarismos certinhos
Verás que de gente nova (bis)
É que se formam os velhinhos.


Não negues o teu carinho
A quem o deves fazer,
Se chegares a velhinho
Carinho precisas ter.


Jovem se és caridoso
Estende a tua mão
O que se faz ao idoso (bis)
Não cai migalha no chão.


O destino marca o povo
Tudo que tem de passar
Para quem não more novo
A velho tem de chegar.


Aproveitem a gozar
A vida que vai passando
Quando a velhice chegar (bis)
É gemendo e chorando.

SERRETA

Coro:

Nossa querida Serreta
É muito hospitaleira
É das principais freguesias da Terceira
É alegre e sorridente
Tem carinhos sem par
Para com toda a gente que nos venha visitar.


A freguesia é pequenina
E é muito pobrezinha
É humilde e pacata
É de todas diferente
Mas cativa toda a gente
Com o fresco da sua mata.


A Serreta não se envaidece
Porque ela bem conhece
Suas humildes campinas
Tem vales e altos montes,
Mas brota das suas fontes
Puras águas cristalinas.


A freguesia é educada
E é muito visitada
É tudo que se deseja
Que das muitas romarias
Que das outras freguesias
Ocorrem à nossa igreja.


Nossa padroeira adorada
Dos Milagres é chamada
Das graças medianeiras
Nela a beleza se encerra
Que do alto duma serra
Abençoa a ilha inteira.



VERSOS

Perdoai-me se vos ofendo com isto
Ó virgem dos santos rainha
Ajudastes a levar a cruz de Cristo
Ajudai-me a levar também a minha.

A minha não é tanto pesada
Disso tenho a certeza
Às vezes sinto-me cansada
Porque é fraca a natureza.

A Deus não quero ofender
No mundo estou tanto bem
Mas preferia morrer
Do que ser carga pesada para alguém.

Coitado de quem está a penar
As dores nunca são iguais
Às vezes quem está a tratar
Ainda pena muito mais.

Ó Deus sem princípio nem fim
Ó Deus de toda a vitória
Quando não puder cuidar de mim,
Levai-me para o reino da glória.

Ó Deus que não tendes véu
Que lá do céu me estás a ouvir
Levai a minha alma pró céu
Quando deste mundo sair.

O que eu desejo é preciso,
Mas vou vivendo sempre à sorte,
É que Deus me dê juízo
Até á hora da morte.



A VIDA

A juventude é a Primavera da vida.
As árvores começam a rebentar,
Crescem, crescem
E florescem.
Até os passarinhos,
Nos seus ninhos,
Estão à espera de cantar e de voar,
Porque a Primavera é época das flores
E dos amores.

Depois vem o Verão.
Que lindos dias, festas, arraiais e romarias.
Como no Verão, a vida é linda!
Parece que não finda.
Mas de repente
O sol ardente
Com os seus raios fulminantes
A surgir no espaço.
Começa-mos a sentir cansaço.
Que ilusão! E tudo diz:
Vamos gozar, porque ainda é Verão.

Mas ele acabou
E o Outono chegou com seus dias sombrios, tristes e frios.
É o fim da vida,
Há tanta folha seca e caída,
Como eu, que tudo para mim acabou.
Só me restam as folhas secas e caídas
Que já quase o vento levou...

CÂNTICO #1

CORO


Nosso convívio
Da terceira idade
É da Serreta
Por felicidade
Temos vaidade
E presunção
Pra nossa idade
É uma distração.


Nas leis do Omnipotente,
Nós todos somos iguais;
O convívio tem pouca gente
Mas poderia ter mais.


Vamos numa volta certa
Até ponto de parar,
Mas temos a porta aberta
Para quem quiser entrar.


Os que não vieram outrora,
Eu lhes peço por favor
Podem vir a qualquer hora
É a vinha do Senhor.


Vamos levando em festa
Nas nossas linhas finais
Na hora nona ou na sexta
Os salários são iguais.



CÂNTICO #2

Refrão


Idosas somos
Vamos todas a folgar
Porque enquanto novas fomos,
Foi só pra trabalhar.
Foi a canseira
Que nos pôs assim velhinhas
Antes estar na brincadeira
Do que em casa sozinhas.


Da Serreta os idosos
De mil e uma maneira
Ficamos todos vaidosos
Por entrar na brincadeira.


Nós idosos vamos gemendo,
Vendo a vida passar
E os novos vão crescendo
Pra vir pró nosso lugar.


Tudo que digo é verdade
Remando o barco ao porto
Tudo que é feito de vontade
Não se deita em saco roto


Obrigado voluntárias,
De dentro do coração,
E porque ainda são várias
Com a gente tem atenção.



CÂNTICO #3

CORO


Ó Terceira, ó Terceira
Ó Terceira dos amores
És para mim a primeira
Das 9 Ilhas dos Açores.


Nós somos da Serreta,
E temos muita alegria
Chegámos à quinta-feira
E com muita harmonia.


Levámos a semana inteira
Gemendo com dores intensas
Mas quando chega a quinta-feira
Desaparecem as doenças.


Somos velhos temos provas
Nesta vida de incertezas
Mas também já fomos novas
Tivemos nossas belezas.


Sempre entre a mocidade
Passou-se o que se passa
Não com tanta liberdade
Mas tinha a mesma graça.



CÂNTICO #4

REFRÃO


Idosas somos
Estamos todas a folgar
Porque enquanto novas fomos,
Só soubemos trabalhar
Foi a canseira
Que nos pôs assim velhinhas
Antes estar na brincadeira
Do que em casa sozinhas.


A nossa terceira idade
Num convívio faz bem
Mais uma realidade
Que a nossa terceira tem.


Aqui ninguém está só
Tudo é bom nada é ruim
Nos tempos da minha avó
Não se convivia assim.


Felizes assim vivemos,
Cantando em desmedida
É o melhor que fazemos
Nos restos da nossa vida.


Pois é com muito carinho
Alegria igualmente
Que as novas fazem chazinho
E põem-nos à nossa frente.


Em conjunto as velhinhas
É uma linda união
Vão jogando às cartinhas
Ou fazendo uma oração.


Acabou-se a mocidade
O tempo foi-se a voar
Agora a terceira idade
Só dá pulinho ao ar.


A quem fala e na acerta
E quase que desatina
Estava tudo careca
Se a inveja fosse tinha.



FIM



Isaura das Mercês Gonçalves

Freguesia da Serreta - ilha Terceira - Açores