Às festas da ILHA
Ainda bem que há inverno
Para a gente descansar
Das festas que no externo
Fazem a gente trabalhar.
Ir ao mato buscar faias
Cedros e flores garridas;
Preparar nossas alfaias,
As alcatras e as bebidas.
De casa em casa com a saca
E uma lista na mão;
Há quem prefira dar uma vaca
Para esmolas e função.
É certo que o Carnaval
Já espreita com um sorriso,
Muito rente ao Natal
Faz-nos perder o juízo.
O que nos faz mais encanto
Como vinha a explicar
É enfeitar o Espírito Santo
Fazendo um alvo altar.
Pão, rosquilhas e "brindeiras",
Terço e alguns cantares,
No portal estão as bandeiras
Chamando gente aos lares.
Mas a festa continua
Na Terceira não se atrasa,
É ver o povo na rua
Ao toiro arrastando a asa.
Nas festas paroquiais
Que dão vista ao padroeiro
Enfeitam-se os arraiais
Com trabalho do ano inteiro.
Meus amigos podem crer
Que no meio disto tudo
O que na ilha faz mexer
É mesmo o nosso Entrudo.
Com os bailinhos e as danças,
Rimas, vozes e belos trajes,
Os que vão nestas andanças
Têm boa maquia das Lajes.
Porque as Lajes da Terceira
Pertencem ao Ramo Grande,
Ao redor da ilha inteira
É zona que mais se expande.
Não quero ofender amigos
Que são doutra localidade
Temos festivais antigos
Feitiço de Angra cidade.
As bravas festas de verão
Da saudade são calmantes
Trazem à ilha da Região
Os queridos emigrantes.
E agora vou descansar
De toda esta canseira...
Não vos canse festejar
As festas da ilha Terceira.
Rosa Silva ("Azoriana")