Os escritos são laços que nos unem, na simplicidade do sonho... São momentos! - Rosa Silva (Azoriana).
Criado a 09/04/2004. Angra do Heroísmo, ilha Terceira, Açores. A curiosidade aliada à necessidade criou o 1
Criações de Rosa Silva e outrem; listagem de títulos
Motivo para escrever: Rimas são o meu solar Com a bela estrela guia, Minha onda a navegar E parar eu não queria O dia que as deixar (Ninguém foge a esse dia) Farão pois o meu lugar Minha paz, minha alegria. Rosa Silva ("Azoriana") ********** Com os melhores agradecimentos pelas: 1. Entrevista a 2 de abril in "Kanal ilha 3" 2. Entrevista a 5 de dezembro in "Kanal das Doze" 3. Entrevista a 18 de novembro 2023 in "Kanal Açor" **********
Que este seja considerado um sinal do amor de Matilde Rosa Cota Correia à Serreta, à Senhora dos Milagres, à família e, sobretudo, às filhas Rosa Maria Correia da Silva e Humberta Maria Correia da Silva.
PARTE I 1 Benzo-me p’ra começar A ladainha dos versos; Ao Sacrário vou rezar P’ra que eles sejam diversos. 2 Pensando, na minha cama, Já o sol ia bem alto, Com um sonho pela rama, À Serreta dei um salto. 3 E com o livro na mão Do bom Pedro de Merelim Deixei-me ir na descrição Desde o começo ao fim.
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”Um sorriso do Bom Deus Alegrou torva paisagem” Estes não são ditos meus Mas senti-os na passagem.
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Vivi lá minha infância E também a juventude, Garanto que a distância Traz saudades amiúde.
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Pese embora os nevoeiros Que assombram a freguesia ’Inda se veem terreiros Na melhor parte do dia.
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E ao som das badaladas Que reuniam as gentes Muitas palmas foram dadas Nas festas sempre presentes.
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Paredes, de pedra solta, Deram lugar ao cimento Nas casas ali à volta Há o capricho do momento.
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Na fé e prosperidade Assentou esta freguesia; Era eu de tenra idade Tive uma grande alegria.
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George Pompidou passou Numa grande caravana A Estalagem o hospedou Na triunfante semana.
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Neste lugar pitoresco Propício à solidão Tranquilo e muito fresco Fez da lenda devoção:
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Um padre de muita idade Fez na Canada das Vinhas Nascer a solenidade Por entre ervas daninhas.
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Refugiou-se com a Imagem Da Virgem Nossa Senhora; Prestou sua vassalagem Pelo milagre d’outrora.
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Ao século dezasseis Remonta tosca ermida Mas com a força dos fiéis Sua Igreja foi erguida.
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Mas foi p’ras Doze Ribeiras Que a Senhora foi levada Sem padre e sem maneiras Da capelinha foi retirada.
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Foi na zona do Queimado Bem pertinho do Farol Que aquele ser exilado Via a Virgem e o sol.
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Naquele santo esconderijo Onde a Virgem se aninhou Trouxe a fé e o regozijo A quem dela mais se abeirou.
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E nas margens da ternura E nas flores de Maria Paraíso de verdura Fez surgir a romaria.
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Desde então idolatrada Como Nobre Padroeira Na Serreta deu entrada Vai além da ilha inteira.
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São Jorge era o Orago Da Igreja que a resguardou Para tantos o afago E a quem votos lhe prestou.
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”Irmandade dos Escravos” Foi assim reconhecida Nos seus votos foram bravos A promessa foi cumprida.
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Padre Silva Figueiredo Livro da Irmandade lavrou, Do voto não fez segredo E tudo mais se registou.
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De Curato a Freguesia No reinado de D. Luís A Igreja se concluía Com D. Carlos mais feliz.
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Luís quem governava Os destinos da Nação Na Serreta se cantava Uma grata oração:
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”Oh Glória da nossa terra Que tens salvado mil vezes Enquanto houver portugueses Tu serás a salvação”.
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E no último reinado Entra o rei D. Manuel Dom Carlos assassinado Finda assim o seu papel.
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Doze anos a construir O Templo alicerçado Para em Agosto abrir Ao culto abençoado.
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Das esmolas decorrentes E das preces atendidas A matriz do povo crente Vê suas pedras benzidas.
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De Angra vinham romeiros Para a “Sintra terceirense” Com amigos hospitaleiros Na estadia serretense.
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Continuavam amigos, Por muitas e boas festas E desde os tempos antigos Há amizades como estas.
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Um centro de veraneio, Que acolhia os Angrenses, Cediam-lhes, com asseio, As casas e seus pertences.
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Imenso bouquet de flores Tinge o Pico da Serreta Lindo jardim de amores Num cenário vedeta.
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Numa moldura de graça Aquelas flores humanas Que veem toiros na praça Ao tom das festas profanas.
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Variedade de tons Num quadro surpreendente A natureza tem dons Que cativa toda a gente.
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Século e meio já fez, A subida a freguesia Logo no primeiro mês Do Curato então saía.
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Mais antiga do torrão É também a Filarmónica Que enfeita a Procissão Numa alegria histórica.
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Igreja em Centenário Agosto – dois mil e sete - Subiu a Santuário Muito mais se lhe promete.
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Ó nossa Mãe tão querida Rainha de Portugal Amar-Te-ei toda a vida E Teu Filho por igual.
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Sua porta sempre aberta, Para o povo peregrino; Sua Graça nos desperta, O amor pelo Divino.
40
Na moldura deste verso Mudo agora de assento Bendita Mãe do Universo Vou seguir noutro momento.
PARTE II
41
No sopé da fina serra Estendida aquém-mar Fica um bom naco de terra O mote deste rimar.
42
O teu toque matinal Num oásis de chilreios É um dom celestial Que alegra os nossos meios.
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És a doce freguesia Do folar e da rosquilha Pão alvo na flor do dia Que chama o resto da ilha.
44
Princesa do noroeste Sonhando com a cidade Belo berço que me deste P’ra cantar com mais saudade.
45
Serreta tão pequenina E de encantos tamanhos Em cada ponto ou colina O fulgor dos teus desenhos.
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Em frente à Casa maior Que nada fará ruir Faço vénias ao Senhor P’ro meu canto descobrir.
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Santuário da Serreta, Onde brilha a Padroeira, Em Setembro na praceta Brilha de outra maneira.
48
É na sua Procissão Pelos arcos coroada, Que se cumpre a missão Para que foi destinada.
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Destinada para amar E também p’ra ser amada, Quando volta ao Altar É, por todos, aclamada.
50
Pelo caminho que passa Abençoa todo o Povo Quando dá a volta à praça (*) Seu rosto brilha de novo.
51
(*) A praça daquele Pico Que dá feriado à ilha Um postal que lhe dedico Colorida maravilha.
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Um sorriso p’ra ex-Escola Outro p’ra Sociedade E p’ra outra portinhola Casa do Povo e Trindade.
53
Em Outubro, Escola fecha, E vão p’ras Doze Ribeiras, Ainda há quem se queixa, E dá-lhe negras bandeiras.
54
O luto do coração É o que mais ali se sente Fecha-se mais um portão Cada vez falta mais gente.
55
Trindade é na Despensa P’ro pão, vinho ou Bazar: Espírito Santo a crença Que bendiz este lugar.
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A Junta de Freguesia De Bandeiras enfeitada Mérito e honra no dia, Da casa muito estimada.
57
Mas eu tenho cá p’ra mim Que depois do belo Império Lança sorrisos sem fim Ao mar e ao cemitério.
58
Cemitério centenário Já tem Casa Mortuária Dois mil e treze, o cenário Entra na rota diária.
59
E p’ra jamais esquecer A estreia desse “salão”, Logo uma flor viu morrer Tanto se chorou então. 60
Quase dois meses se contavam, Pela porta ter aberto Tantas lágrimas brotavam Pela vizinha de tão perto. 61
Mas quem na terra faz bem A morte não tira nada Foi p’ra junto da sua Mãe Pois na terra somos nada.
62
Agora eu vou voltar A sorrir para Maria Enquanto puder rimar Rimarei pelo seu dia.
63
O Sorriso de Maria Encanta qualquer paisagem E nas lágrimas do dia Emoção e homenagem.
64
E na senda da lembrança Faz-se outra caminhada Recordando a Briança E cantadores na estrada.
65
José Fagundes “Palhito” Por ser de casta pequena Na percussão favorito E na rima que lhe acena.
66
Presente na cantoria Do Pezinho, mais o Simões, Na Briança que seguia O ritmo das procissões.
67
À frente, vão enfeitados Os bezerros das promessas Atrás muito animados Os cantadores sem pressas.
68
O Simões do Porto Judeu, Dá um ar da sua graça Esse dom que Deus lhe deu Está na rima que abraça.
69
Um espírito que impera Junto à maior divindade A seguir à primavera Vem a flor de caridade.
70
É assim que eu te vejo, Freguesia dos meus avós, Agora nasce o desejo De selar os nossos nós.
71
Com nossa Banda tocando Melodias de outrora A natureza vibrando Com gente que vem de fora.
72
Que passam pelo caminho Não importa o transporte Doze Ribeiras e Raminho Ladeiam a nossa sorte.
73
Da Fajã até à Mata E na Ponta do Farol Verde e azul só desata Se a nuvem cobre o sol.
74
É na Ponta do Queimado Que se ergue o tal Farol Deixa o mar iluminado Na despedida do sol.
75
Lugar bom para pescar Muito alto nestas bandas Mas também pode matar, Porque ali não te comandas.
76
De resto é o paraíso Que reina em terra e mar É de perder o juízo Tanto, tanto recordar:
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Fontenário da Mata ”O Velho” junto da Igreja De outras bicas ando à cata E mais chafarizes eu veja.
78
Do Alves como lhe chamam Mais um da praça de touros Do Gaiteiro e Negrão vinham As águas dignas de louros.
79
Terreiro e nos Biscoitos Vala, Canada das Lapas, Chafarizes eram oito, E outras torneiras captas.
80
Fonte na fenda de lava - Dizem de água azeda - À beira-mar se quedava E perigosa se queda.
81
No mirante a Estalagem, Lá no alto a Lagoínha E p’ra quem vem de passagem O Altar da Mãe Rainha.
82
E n’“Aldeia dos Macacos”, Onde em julho há tourada, Se alguém fica em cacos É pela festa animada.
83
Gente amiga e ordeira Que guardo no coração, Um Cantinho da Terceira Que merece esta ovação.
84
Importa ainda cantar O povo da freguesia Quem foi e quem quis ficar No rasgo de cada dia.
85
A Serreta me desperta Um sorriso de ouro fino A saudade quando aperta, Solto o verso peregrino.
86
Minha mãe quando me inspira Sinto o amor da Serreta P’la fé na Mãe não me admira Que esse amor não derreta.
87
Dos Milagres conhecida Sem pecado original Louvo-A, ó Mãe querida, Por todo este ideal.
88
E quando por lá passares Podes tirar o teu chapéu Brilham foguetes p’los ares A honrar a Mãe do Céu.
89
Na verdade deste verso Fecho agora o assunto Bendita Mãe do Universo Agradeço este conjunto.
PARTE III
90
Para quem vai à Serreta Da frescura não desata E onde quer que se meta Acaba sempre na Mata.
91
À Mata vou de passeio De encontro à natureza O verde reveste o meio O azul dá-lhe pureza.
92
É centro de veraneio P’rós de cá e os d’além De certeza tal passeio Nunca faz mal a alguém.
93
Tanta gente ali passou E levou-a na lembrança E nos versos me inspirou As raízes de criança.
94
O antigo fontenário Não escapa aos olhares Quando viras ao contrário Tens o Raminho e Altares.
95
À frente casa de abrigo Noutro tempo importante Ao lado teto amigo, P’ro momento repousante.
96
Baloiços e escorregas P’ra gosto da pequenada Ao prazer tu não te negas Duma boa petiscada.
97
Coroadas de chilreios, As folhas desta pureza, Os sentidos ficam cheios De cantares e da beleza.
98
Na ilha é um tesouro O Farol lá bem na Ponta Com vista do Miradouro Que da terra ao mar aponta.
99
No nicho Nossa Senhora Que protege o caminhante Outra veio noutra hora Trazida p’lo viajante.
100
Tosca Capela na Canada Perto da rocha e do mar Para as Doze foi levada Para melhor se aclamar.
101
Duas ermidas e Igreja Abaixo da atual, São Jorge bem lhe deseja Nas Doze, foi ideal.
102
Mas o sonho da Rainha Nossa Mãe e Santa Virgem Nesta tese que é minha É voltar sempre à origem.
103
Façam vénias à Senhora, Quando forem ao Raminho Presente a qualquer hora Nesse nicho do caminho.
104
Um adeus ao povo amigo Que ama a Cantoria É um cantar já antigo Mas que tem sempre valia.
105
Quem dera que o Pavilhão Da pequena freguesia Fizessem folia então Com cantares da alegria.
106
Cada cantador convidado Com vontade, sem vaidade, Como quando foi lançado “Serreta na intimidade”
107
Um livro que é primogénito Na escrita de rima sã Ficou sendo benemérito Da Estrela da manhã.
108
Luís Bretão apresentou, Luís Nunes fez brilharete, Liduino Borba muito ajudou No içar deste foguete.
109
Um foguete de cultura, Como tantos já tem dado; Fagundes Duarte a ternura No Prefácio doado.
110
Escrita de Victor Rui Dores Veio da ilha do Faial P’ra Terceira dos Açores Ter no livro bom final.
111
A Serreta ainda merece Tudo isto e muito mais Dela a gente não esquece Basta olhar os postais.
112
Desde o mar até à serra Há uma valsa de cores Para embelezar a terra E livrá-la de mais dores.
113
Tanta gente que visita A freguesia milagrosa Sobretudo quem acredita Na Santinha tão formosa.
114
Se a olhares de lado Conforme o teu parecer, Verás um choro quebrado Noutro alegria de te ver.
115
E nas flores de Maria Que também servem a Coroa Há a alva alegria Do perdão que nos ressoa.
116
Duas do Espírito Santo São Coroas com tradição, Uma dá ouro ao canto Outra canta a devoção.
117
Quem já partiu me dizia Que elas tinham sua zona P’ra cada lado da freguesia Cada uma tinha “dona”.
118
Isso hoje não se opera Julgo eu foi esquecido; Interessa é quem a espera Tenha pelouro merecido.
119
As inocentes crianças Merecem ser coroadas Com graça e esperanças De alvura enfeitadas.
120
Ó Serreta és tão bonita Inspiras o meu cantar Neste abraço, acredita, Meu amor te quero dar!
PARTE IV
Serreta, estrelinha
121
A Serreta é marcante Para todo o caminhante Que por lá passou ou passa. Fica na recordação A boa aceitação Da Virgem Cheia de Graça.
122
Dr. Francisco Oliveira Das Fontinhas, da Terceira, Registou prosa poética Logo a seguir ao primeiro Dia do mês de Janeiro Ano dois mil, com ética.
123
Seguiu com olhar atento, Todo o bom envolvimento Que rege uma romaria; Desde os tempos mais antigos Faziam-se grandes amigos No rumo à freguesia.
124
Era tamanha a alegria Que ali se aprendia Deixando uma saudade; Era doce a juventude Que repleta de virtude Plantava sua amizade.
125
As carroças noutra altura, Numa viagem segura, Ornavam o ar de festa; De cantigas enfeitadas, Tingidas pelas toadas, Que um sorriso apresta.
126
Meu Deus, como é bom lembrar, Os poderes daquele Altar, Que atrai um mar de gente; Romeiros da alvorada Faziam a caminhada Da promessa repetente.
127
Tomavam a refeição Num ponto de eleição Para forças recuperar: São Carlos foi a primeira Que o Dr. Oliveira Resolveu retemperar.
128
Outrora os viajantes Na coragem dos semblantes, Tinham pontos de paragem: Era a massa sovada Vinho e festa animada Que sortia a viagem.
129
O pico e sua praça Que perfuma quem lá passa, É centro de atenções; Lembrava lápis de cores Nos verdes ramos pintores D'alegres recordações.
130
O povo de toda a ilha Que a romagem partilha Nunca mais dela olvida Se junta a devoção E ventila a oração Tem ali santa guarida.
131
Sábado da Tradição, Domingo da Procissão Ao crente a alma inflama; O sorriso da Senhora Já vem dos tempos d'outrora E para quem muito a ama.
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Dos Milagres, a Rainha Da Serreta, do «estrelinha» Que na encosta da serra Faz o ninho florestal E atrai mais pessoal À beleza que encerra.
133
Há quem ainda não viu Esse pássaro sadio Pelos ares da natureza; É pequeno nesse maciço De verdura ao serviço Desse padrão de beleza.
134
Terreiro do Azevinhal, Pico do Negrão central E o Pico da Lagoínha, São terceto deslumbrante Para qualquer visitante Cuja volta se adivinha.
135
Julgo que o Cedro do Mato, Fica bem neste retrato, De verde a perder de vista; Fetos, Tamujo e Louro, Folhado, Negrito são ouro, Numa capa de revista.
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Quem nos conta tudo isto, Merece de Jesus Cristo, Cristalina recompensa; Nasci lá e nunca fui Ao altar que em campo flui Numa verdura imensa.
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Sonho com a Lagoínha Num dia de manhãzinha Com a aurora a crescer; O trilho sendo rupestre, Íngreme encosta terrestre, Gostava de conhecer.
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Urge guardar pensamento, Que dedico ao povo atento À lendária ravina: Tromba-d’água a cavou E seus pés a Mãe lavou Na contemplação divina.
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A água além ficou E também não transbordou Embelezando o local: O «estrelinha» é residente Que ali vive contente Cantando seu ideal.
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Dr. Francisco Oliveira Se estiver na Terceira E voltar àquele encanto... Pergunte então por mim Para que no seu jardim Preserve as rimas que canto.
141
Canto à Virgem Maria, Que a seguir ao seu dia Tem brava Segunda-feira; Ela gosta de Tourada Com a praça adornada Da folga da ilha inteira.
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E nasceu o novo plano, Santuário Mariano, D'Imagem original; É centro de santidade Do emigrante saudade Quando dali natural.
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Serreta, terra de encanto, E dela gostamos tanto, Mesmo antes do que lembro; Todo aquele que é natural Honra o santo portal Na dezena de Setembro.
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Avé, ó Cheia de Graça, Livrai-nos da ameaça E dos perigos mundanos; Abençoa os pecadores Que no auge de suas dores Se rendem aos santos planos.
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Ó Santa Virgem Maria És a Mãe da Romaria, És amparo das nações, És a Mãe do Sacramento, Da Serreta e do talento Que povoa os corações. És rainha imaculada De Jesus, Mãe adorada O Mistério universal És uma flor dos Açores És a fonte de valores Rainha de Portugal.
Rosa Silva ("Azoriana")
Nota: Escrito em diferentes datas mas publicado a 30/05/2015, o dia que faz onze (11) anos da Coroação da minha irmã Humberta Maria Correia da Silva. Que este escrito seja pela alma da nossa mãe que queria uma Briança na Função de 30/05/2004, quando já era falecida (28/10/2003).
Que este seja considerado um sinal do seu amor à Serreta, à Senhora dos Milagres, à família e, sobretudo, às filhas Rosa Maria Correia da Silva e Humberta Maria Correia da Silva.
INSPIRAÇÃO DO DIA
Se és santa minha mãe Seja esta mais uma prova Para quem te queria bem Esta escrita não é nova.
Traz o amor à Serreta, Traz o amor aos ilhéus, Traz amor à terra preta, E um milagre dos céus.
Meus versos são tuas flores Que queres dar a Maria Mãe dos queridos Açores Mãe de tanta Romaria.
Meus versos têm leves cores P'ra se ver com distinção O maior dos teus valores Teu AMOR e DEVOÇÃO.
Bem-haja a todos os que recordam quem deu tanto de si para o seu próximo em poemas manuscritos e declamados duma forma única e sonante...
A morte é triste mas a morte dos poetas deixa-nos reler o que de bom eles tinham: a poesia! Bem-haja a quem deixa viver a poesia feita com alma e coração!
Alvo-marinho o cenário, Nobre e ilustre o Dia, Lajes das Flores campanário De numerosa companhia.
Lindos e brandos discursos Flores em cada ovação Distinguidos os percursos De quem ama a Região.
Frescas e belas Bandeiras, Prosa de luxo e estima; Apaixonantes roseiras Que vos ofereço em rima.
Louvo todos os que falaram E louvo quem recebeu Insígnias que persignaram O amor ao que é seu.
Açores, nove marés Beijando o rosto do cais... Desde a proa ao convés Zelam por valores iguais.
A seguir, em pedestal, Um de dois belos ofícios: Um discurso triunfal De quem nos deu bons princípios.
Rosa Silva (“Azoriana”)
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E não me canso de ler esta maravilha que transcrevo, na íntegra, da fonte in ALRAA
Discurso de Sua Excelência a Presidente da Assembleia Legislativa da RAA, Ana Luísa Luís, na Sessão Solene Comemorativa do Dia da Região 2015
Açorianas e açorianos, Hoje é dia de Festa!
É dia de celebrar a nossa Região e as nossas gentes.
É dia de partilhar, sob a égide do Divino Espírito Santo, o pão e o vinho, as alegrias e as amarguras, a força e as tormentas.
É desta fibra que somos feitos, é esta coragem que nos faz avançar, é este mar e é esta bruma que nos caracterizam enquanto açorianos.
Muito obrigada a todos pela vossa presença e um agradecimento especial à Vila das Lajes das Flores - em festejos duplos que contemplam os seus quinhentos anos de existência; parabéns! -, e aos florentinos, que acolheram este Dia da Região de forma tão calorosa.
Esta ilha, com a Fajã Grande e o ilhéu Monchique junto de si - ponto mais ocidental da Europa -, onde muitas vezes se vive a insularidade dentro da insularidade, onde os verdes são mais verdes e a paisagem deslumbrante nos transporta a uma quietude difícil de encontrar noutras paragens, deu aos Açores e ao país nomes de vulto na literatura.
Roberto de Mesquita, poeta simbolista, que Vitorino Nemésio considerou o poeta das ilhas, por trazer uma ilha dentro de si, foi um desses nomes, expoente da expressão do microcosmos insular, na atitude de exílio, na metaforização do tema, na vivência do isolamento, no sentimento de abandono.
Neste Dia dos Açores, na açorianidade do século XXI, é portanto, indesviável uma referência em jeito de homenagem a dois poetas da ilha – Roberto de Mesquita e Pedro da Silveira –, porque são os poetas obreiros profundos do sentimento da açorianidade, também celebrada nesta Segunda Feira do Espírito Santo.
Pedro da Silveira, na sua fidelidade poética à ilha, na sua abertura a novos espaços, nas suas pesquisas temáticas, na sua inquietação ávida de saber, revelou igualmente muito da diversidade conformada de sentimentos que podem congregar-se no conceito de açorianidade.
Pedro da Silveira saiu da ilha mas nunca perdeu a ilha dentro de si e o regresso era uma constante na sua poesia. Dizia o poeta:
“Aqui, longe, num café de Lisboa, quase à beira do Tejo turvo das fragatas, a olhar um paquete que vai na direcção da barra, subitamente é como se eu também partisse. E só de pensar-me partindo embarco e, deslumbrado, imagino-me chegado às ilhas.”
Quantos de nós já não vivemos este eterno sentimento de regresso, mesmo quando a vida que percorremos nos coloca nos antípodas dessa realidade?
Estou certa de que todos os açorianos que, por imperativos da vida, procuraram noutras paragens trabalho, realização pessoal ou aventura permanecem, em mente e coração, na terra que os viu partir.
A todos os que sentem e vibram com os Açores, nos quatro cantos do mundo, do Uruguai ao Brasil, dos Estados Unidos ao Canadá, e na Bermuda, uma palavra de reconhecimento e de agradecimento por manterem viva a cultura, a tradição e os saberes açorianos, pela capacidade de transmitirem às novas gerações o conceito de açorianidade e por continuarem, mesmo longe, a contribuir ativamente para a promoção dos Açores.
Convosco, continuaremos a ter voz em terras longínquas e a engrandecer a nossa Região.
Na comunhão entre o Espírito Santo e a Autonomia, hoje homenageamos os que pela sua intervenção pública e cívica, também ajudaram na construção dos Açores, prestando o devido tributo àqueles que já não se encontram entre nós. Na política ou na cultura, com a sua participação social ou profissional, os agraciados de hoje contribuem para o crescimento e desenvolvimento da nossa Região, sendo um exemplo de cidadania ativa.
E por isso é também nosso dever agradecer-vos, desejando que o vosso exemplo seja continuamente replicado por outros que também se revêm na vossa ação.
Açorianas e Açorianos, Hoje é dia de Festa!
A nossa Região, Autónoma por direito constitucional, celebra hoje mais um dia politicamente escolhido como símbolo da nossa identidade cultural e social, de fé e de partilha.
O sonho da primeira geração de autonomistas açorianos concretizou-se, efetivamente, no modelo de autogoverno (e não de simples administração) político, legislativo e financeiro que a Constituinte abraçou e que as sete revisões constitucionais que se seguiram confirmaram.
Estamos, assim, perante duas condições que consolidaram a autonomia: o quadro constitucional/legislativo do Estado e a vontade de um povo, percursor dos ideais autonomistas e da defesa da livre administração dos Açores pelos açorianos, como refere o preâmbulo do nosso Estatuto Político Administrativo.
É tempo, portanto, de celebrarmos e lembrarmos os que abriram o caminho, os que ousaram sonhar com a Autonomia dos Açores e os que ajudaram a sua construção, nos órgãos de governo próprio, ou nas instituições – e saliento entre as demais a Universidade e a RTP Açores, em festa de quatro décadas, como marcos diários na estrutura que tornou mais visível a projeção dos Açores no mundo e a chegada mais célere do mundo aos Açores.
É tempo de honrar, pois, os que com o seu trabalho, esforço e sacrifício, muitas vezes pessoal, desenharam os traços do edifício autonómico que hoje conhecemos.
É igualmente tempo de agradecer aos que ainda estão connosco e recordarmos os que já partiram, mas que, estou certa, estão também hoje connosco celebrando o Divino Espírito Santo. Uma referência sentida ao mais recente desaparecimento de um ativo colaborador da Autonomia constitucional que desempenhou os mais altos cargos desta Região: Alberto Romão Madruga da Costa.
Açorianas e Açorianos, Hoje é Dia de Festa!
A única festa que é de todas as nove ilhas, irmanadas com as décimas dispersas pelo mundo.
Hoje celebramos a nossa unidade e a nossa coesão.
Hoje é o dia dos Açores: nove partes que são uma só, nove ilhas ligadas por este imenso mar que nos envolve, nove identidades, nove paisagens, nove estrelas que guiam os Açores!
Em comunhão, pela nossa autonomia, como dizia a brilhante Natália Correia na letra que deu cor ao hino dos Açores.
Não existe floresta sem cada uma das suas árvores, pelo que devemos fazer das nossas diferenças e particularidades o fio condutor para um desenvolvimento harmonioso, que contribua para o efetivo progresso da nossa Região.
Respeitando a pluralidade e a diferença, é imperativo que se continue a falar a uma só voz, como o fizemos no passado, na defesa da terceira revisão do Estatuto Político Administrativo, da Lei de Finanças Regionais e em muitas outras matérias.
Como, estou certa, continuaremos a fazer quando estiverem em causa os princípios autonómicos que nos regem, perante pensamentos e posturas centralistas que não compreendem, ou não querem compreender, as singularidades da nossa existência e os custos inerentes à nossa insularidade.
Os Açores, na aproximação dos seus 40 anos de autonomia, enfrentam hoje desafios diferentes mas não menos importantes.
A consolidação democrática e, simultaneamente, o aprofundamento autonómico, colocam os Açores, mesmo com a sua ultraperiferia, insularidade e escassez territorial, no mundo global onde pontuam os centros de debate nacional e europeu, onde se forma a opinião pública e onde se toma a decisão política.
A nossa Região deve estar preparada, na evolução presente, para as mudanças que se aproximam e para empreender uma intervenção pública nas matérias relacionadas com o ambiente e o mar.
A extensão de mar dos Açores coloca-nos numa posição privilegiada, perante aqueles que debatem as potencialidades de uma área ainda hoje pouco conhecida.
São estas riquezas do Atlântico profundo que teremos de saber salvaguardar redimensionando, assim, a nossa posição estratégica no país e na Europa.
Hoje, mais do que nunca, é importante estarmos atentos e vigilantes para que possamos integrar a modernidade, a inovação e proporcionar à agricultura, à pesca, à indústria e ao turismo o profissionalismo e a qualidade que as conduzam a um futuro promissor.
A nossa sociedade transformou-se e se estamos no centro do mundo, devido às novas tecnologias de informação, também é certo que estes meios devem dar-nos a capacidade de fixarmos ativos nas nossas ilhas, de permitir que os nossos jovens regressem às suas origens, rejuvenescendo assim a população e firmando as nossas perspetivas de futuro.
Açorianas e Açorianos, Hoje é Dia de Festa!
E que feliz foi o legislador ao fazer coincidir o Dia dos Açores com a Segunda Feira do Espírito Santo!
Porque a essência da nossa vida é intrínseca à fé que nos move e aos ensinamentos deste Dia Maior: paz, solidariedade e partilha.
Com coragem e trabalho construímos uma nova história que as gerações vindouras, por lhes correrem nas veias a açorianidade, irão reinventar sempre com o respeito pela memória do passado.
É imperioso, nos tempos difíceis que atravessamos, saber olhar para aqueles que mais sofrem, para aqueles que deixaram de acreditar, para aqueles que já não têm esperança.
E esses cidadãos que vivem um período de sérios desafios e de algum desencanto que a crise económica faz alastrar, não podem baixar os braços nem optar por um certo afastamento do representante que elegeram, com a demissão do seu dever, optando pela abstenção.
É na livre escolha e na manifestação inalienável das nossas opções que a democracia ganha raízes tais que não há perigo que a estremeça. É na aproximação de dois sentidos, entre eleitores e eleitos, que se consegue trabalhar em conjunto para o progresso da nossa terra.
Os eleitos estão em cada uma das ilhas a trabalhar com esse sentido e para atingir esse objetivo. Reconheçam-nos e formem com eles uma parceria de interesse: o interesse superior da nossa terra merece a união, na diferença, entre todos nós.
Façamos como Medeiros Ferreira, que apreciava nascer todos os dias e dizia gostar das pessoas que sabem ressuscitar, no sentido vivencial da expressão.
Podemos e devemos, nesta segunda feira do Espírito Santo, tão sagrada para a nossa História, ressuscitar de indiferenças e de antagonismos estéreis e agrupar as nossas forças e a nossa vontade de partilhar, no bem, a nossa terra.
Os eleitos hoje, mais do que nunca, têm de colocar a Autonomia e os instrumentos fiscais e jurídicos que a Autonomia lhes concedeu ao serviço da comunidade.
Que a responsabilidade que nos foi conferida, pelo voto do povo, nos faça estar cada vez mais próximos do outro, a ouvir cada vez mais os agentes ativos da nossa sociedade. Só assim é possível avaliar e decidir corretamente, só assim é possível cumprir o desígnio de ir ao encontro das expectativas de quem nos confiou o seu futuro.
Só assim, com humildade e sentido de serviço, será possível realizar o propósito para o qual fomos eleitos.
Que o Espírito Santo nos ilumine e nos dê clarividência para continuarmos a apoiar todos: idosos, jovens, empresas, trabalhadores.
Não há, nem deve haver, compartimentos estanques entre o direito e o dever da intervenção cívica e política. Somos um só povo, com uma só História e uma geografia que nos identifica. Saibamos honrar esta força e esta beleza!
Açorianas e Açorianos, do Corvo a Santa Maria, nascidos ou de coração, residentes ou espalhados pelo Mundo,
Pelo Comendador Luís Bretão e por todos os que receberam as insígnias regionais 2015, em especial o Mestre João Alberto Neves, que são os que conheço melhor. Bem-haja!