"Aurora e Sol Nascente" - a propósito da cantoria de 1972 nas Quatro Ribeiras
"Aurora e Sol Nascente"
São uma e outra pessoa
Que se uniram num repente
Com Cantoria da boa.
No céu estão certamente
A cantar o que bem ressoa.
Eu adoro este casal
Mesmo sem ter conhecido
Dou todo o meu aval
Ao par reconhecido
Que jamais fizeram mal
Ao seu povo tão querido.
Deixaram o seu legado
De cantigas importantes
Por ninguém foi copiado
Só por louvor em instantes
E estará sempre guardado
Ao alcance dos amantes.
Amantes da poesia
Duma forma espontânea
Amantes da cortesia
Numa tela conterrânea
E amor à Cantoria
Duma forma consentânea.
Eu jamais vou esquecer
Que por monde deste par
Seu livro gostei de ler
Continua no meu lar
Mário Costa a escrever
Fez seu canto despertar.
Antes, cantigas eu não seguia,
Não tinha chegado a hora
Nem tão pouco eu percebia
A chama que sinto agora
Graças a Charrua e Maria
E ao livro que se adora.
Que estas minhas sextilhas
Feitas numa correria
Sejam as minhas partilhas
Doação à Cantoria
Que povoa as nossas ilhas
Tronos de cada freguesia.
Deixai-me cantar assim
Como se a última vez
Sei que não querem a mim
Há quem cante e já o fez
Seja bom ou seja ruim
Ninguém canta como vocês.
Vocês, Reis do Improviso:
Um Rei e uma Rainha;
Estão juntos no Paraíso
Tenho cá na ideia minha
Seja feito o que é preciso
P'lo dom que cada continha.
Uma campa se inaugurou
Com beleza e o poema
Que a boa Turlu deixou
Em vida com o seu lema
E agora em pedra ficou
Como a dor que tem o tema.
Pena tenho da Turlu
Que não esteja com o seu
Poema que não é cru
Foi Charrua que escreveu
Em vida e a olho nu
Com o dom que Deus lhe deu.
Rosa Silva ("Azoriana")
2015/09/01
Nota: Ouça a cantoria de Turlu e Charrua 1972, nas Quatro Ribeiras, concelho da Praia da Vitória, ilha Terceira - Açores, posta à disposição por Francisco Dinis - canal FAMDVideo em 10/04/2011.