“´Tá tudo teso mas com mania de gente rica”
[Inspiração aqui.]
A expressão não é totalmente minha nem fui eu que a inventei, mas que é uma grandíssima verdade podem crer que é.
Se não vejamos: entra o “dinheirinho” na data certa, para quem tem o trabalho mais ou menos em dia com a entidade patronal; começa-se a distribuir os “quinhõezinhos” para isto e para aquilo, e a desventura de alguma surpresa de última hora; começa-se a ver os números dos “caixas” da mercearia a correr em catadupa; vai-se ao saldo do “bancos da parede”, o mesmo que dizer, caixas multibanco, e como já se calcula mesmo sem máquina de calcular, surgem os números quase a bater no fundo. Suspira-se! Mais uma vez um suspiro sem que ninguém ouça e rasga-se o “donativo” papelito que nem ousamos deixar preso na terceira ranhura da operação mecânica (A primeira é enfiar o cartão pessoal e intransmissível, o segundo é recolher a “esmola” sempre em papel colorido conforme a “petição” que é feita através de teclas numéricas e levanta-se e anda-se…). O mal pior é a dor no peito que tende a começar ainda nem se deu a volta ao mês presente.
E são as festas de Verão, e são os peditórios para o DES (Divino Espírito Santo), e são os foguetes, e são as alcatras, e são as sopas do dia da Festa, e a massa sovada, e o "quinto toiro" (o melhor é levarem um farnel de casa numa saca de retalhos), e são os “frasquinhos” para quem bebe as “loirinhas” por conteúdo, e sei lá mais o quê, que se avizinha das datas apropriadas a “laços a dinheiro”, como muito bem dizia o sogro de uma pessoa que também gosta de escritos ao sabor da imaginação.
Contudo isto, vamos fazendo de conta que o mal é mais ao lado, que a gente é rica de bondade, festividade e afins, que a gente é altamente hospitaleira, que somos bons vizinhos, que temos boa boca, que até vai bem uma tijela de leite e pão duro amolecido naquele saboroso líquido (que também já dizem que não é aconselhável abusar dele), enfim, haja água limpinha para beber e o resto seja o que Deus quiser à boa mente.
Não sei é até quando nos vamos dar ao luxo de viver como se nada se passasse. Eu sinto que o mundo está cada vez mais podre, mais ruim e mais insensível. Basta assentar a vista em qualquer noticiário apregoador de males e infortúnios.
Até a chuva que antigamente caía e fazia estragos, hoje parece que estraga mais ainda, porque num segundo fica meio mundo a saber que houve uma avalanche, uma enchente, uma inundação, etc, etc, e rios de opiniões alastram mais que os próprios pingos grossos da chuva abundante.
Seja tudo para desconto dos maus dias e letras fastidiosas como estas de hoje.
Ámen!
Rosa Silva (“Azoriana”)