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Açoriana - Azoriana - terceirense das rimas

Os escritos são laços que nos unem, na simplicidade do sonho... São momentos! - Rosa Silva (Azoriana). Criado a 09/04/2004. Angra do Heroísmo, ilha Terceira, Açores. A curiosidade aliada à necessidade criou o 1

Criações de Rosa Silva e outrem; listagem de títulos

Em Criações de Rosa Silva e outrem
Histórico de listagem de títulos,
de sonetos/sonetilhos
(total de 1010)

Motivo para escrever:
Rimas são o meu solar
Com a bela estrela guia,
Minha onda a navegar
E parar eu não queria
O dia que as deixar
(Ninguém foge a esse dia)
Farão pois o meu lugar
Minha paz, minha alegria.
Rosa Silva ("Azoriana")
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Com os melhores agradecimentos pelas:
1. Entrevista a 2 abril in "Kanal ilha 3"

2. Entrevista a 5 dezembro in "Kanal das Doze"

3. Entrevista a 18 novembro 2023 in "Kanal Açor"

4. Entrevista a 9 março 2025 in "VITEC", por Célia Machado

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À "Rádio Voz dos Açores", sediada em Santa Bárbara - ilha Terceira

10.09.15 | Rosa Silva ("Azoriana")

Viva quem dá sua voz
À rádio açoriana
Com a língua dos avós,
Genuína e soberana.

"Do Atlântico para o mundo"
É o lema estruturante
Que na verdade é no fundo
Séquito do emigrante.

Viva quem faz o bem
Sem sequer olhar a quem
Com Açores em sintonia.

Santa Bárbara, Terceira,
Para quem ouve é primeira:
Voz dos Açores é alegria!

Rosa Silva ("Azoriana")

 

Atenção: A "Rádio Voz dos Açores" e o programa "Voz dos Açores", de Euclides Álvares estará em direto no sábado (à noite) e domingo da Festa da Serreta 2015 acompanhando o evento maior da Senhora dos Milagres. Fui convidada para acompanhar na emissão o amigo Euclides Álvares que está de férias na sua terra natal - Santa Bárbara, da ilha Terceira.

Se gostas do que é nosso e que se ouve além fronteiras sintoniza a Diáspora Group: Rádio Portugal USA e/ou a Rádio Voz dos Açores, nos diretos quase, quase em emissão (12 e 13 de setembro de 2015)

A Maria Clara Costa desejo Boa Sorte!

10.09.15 | Rosa Silva ("Azoriana")

Maria Clara Costa

GRANDE CANTORIA NO RAMINHO

FESTAS DE S. FRANCISCO XAVIER
01/09/2015

Cantadores: Maria Clara e José Eliseu
Edição e imagem: Hildeberto Franco, do “Kanal das Doze”
Local: Sociedade Recreativa do Raminho
Duração: 46:50
Quadras: 40; Sextilhas: 18; e uma oitava final partilhada.

Quadras:

Maria Clara

Por entre os pastos verdejantes
Saúdo o povo do meu dia-a-dia,
Que hoje recebem os visitantes
A esta nossa freguesia.

José Eliseu

Na costa setentrional
Da linda ilha lilás
Desejo a este pessoal
Saúde, amor e paz.

Maria Clara

Há muita freguesia com sorte
Por ter dimensões especiais
Mas a princesa do Norte
É o Raminho dos Folhadais.

José Eliseu

As quadrículas das pastagens,
Pode haver quem o esconda,
É das mais bonitas paisagens
Da nossa ilha redonda.

Maria Clara

É uma paisagem divina
Para bom observador
Duma freguesia pequenina
Mas que pra mim tem valor.

José Eliseu

Já se foram os Folhadais
Plantados em todos os trilhos
Mas restaram os casais
Que sabem educar os filhos.

Maria Clara

Uma freguesia rural,
Com graça e até bonita,
Que se torna sempre especial
Pr’aquele que a visita.

José Eliseu

Freguesia soalheira
Quando o Verão lhe dá calores;
Berço da única cantadeira
Em exercício nos Açores.

Maria Clara

Um berço ao qual tenho amor,
Um berço que tem bons senhores,
E que recebe o melhor cantador
Em exercício nos Açores. (aplausos)

José Eliseu

Porque ter Maria Clara Costa
Nestas nossas cantorias
É ter uma mesa posta
Com as melhores iguarias.

Maria Clara

Porque ter Eliseu Mendes Costa
É sempre motivo pra honrar,
Que todo um povo gosta
De ouvir em qualquer lugar.

José Eliseu

Quero que os raminhenses sigam
De cabeça erguida pra aí,
Porque mesmo que não o digam
Eles se orgulham de ti.

Maria Clara

Ainda não dou muito tafulho
Nesta história de cantoria,
Mas tenho sempre muito orgulho
De ser desta freguesia.

José Eliseu

Quando de S. Bartolomeu sigo
Para o Raminho, no Verão,
Se me põem a cantar contigo
É um presente que me dão.

Maria Clara

Por tu a mim cantares castigo
E por ajudares toda a gente;
Quando me põem a cantar contigo
Pra mim é melhor do que um presente.

José Eliseu

Quando chegamos a qualquer Festa
E encontro esta donzela
Dou-lhe sempre um beijo na testa
Dizendo que estou com ela.

Maria Clara

O beijo ele hoje me deu,
Esse beijo, em mim, sempre sobressai;
O beijo na testa do Eliseu
É como pedir a bênção ao pai. (aplausos)

José Eliseu

Estás na idade dos desejos,
Como já a teve este Eliseu;
Estás na fase dos beijos
Mas na testa é só eu. (aplausos e risos)

Maria Clara

Um beijo na testa tem valor,
Há muito que sempre o tens feito;
Sinal de apreço e de amor
E um grande sinal de respeito. (aplausos)

José Eliseu

É bom sempre me respeitares
E aceitares beijos pacatos,
Se os quiseres em outros lugares
Arranja outros candidatos. (risos)

Maria Clara

Outros beijos trarão temor,
Outros beijos em outra Festa,
Nunca terão o valor
Daqueles que me dás na testa. (aplausos)

José Eliseu

Sou uma pessoa acarinhada,
Eu beijo idosas e miúdas
E podes ficar descansada
Que não é o beijo de Judas.

Maria Clara

Beijas sempre o arraial inteiro
E eu já ouvi alguns rumores,
Seres o cantador mais beijoqueiro
Das nove ilhas dos Açores. (aplausos)

José Eliseu

Tomo a iniciativa
De beijar, à minha vontade,
Porque na minha saliva
Não há vestígios de maldade.

Maria Clara

Uma senhora já me dizia,
Pus à escuta o ouvido meu,
Que ela só vinha à cantoria
Pra ter um beijo do Eliseu. (aplausos)

José Eliseu

Há dias uma veio pra mim
Antes de uma cantoria
Beijei-a, ela disse assim:
Eu já ganhei o meu dia!

Maria Clara

Nas plateias muito tenho descobrido,
Que algumas senhoras têm rancores,
Que nunca beijam o marido
Mas beijam os cantadores. (aplausos)

José Eliseu

Minha esposa me pôs à rasa,
Como facto que eu destaco,
Que há dias aparecia em casa
Com batom no meu casaco.

Maria Clara

A tua esposa muito aguenta
Tantas saídas que tens no caminho,
Que se ela fosse ciumenta
Já estavas a morar sozinho. (risos)

José Eliseu

Minha esposa tem ensejos,
Embora não venha à Festa;
Eu também lhe dou muitos beijos
Só que nunca é na testa. (aplausos e risos)

Maria Clara

Acabei de reparar aqui,
Estava olhando aqui sozinha,
Tens um pouco de batom vermelho aí
Juro que não foi culpa minha.

José Eliseu

Tu comigo usas meiguice,
Até mesmo sobre escombros;
Maria eu já te disse
Pra não me beijares os ombros. (risos)

Maria Clara

Minha desculpa se manifesta,
Juro que não foi por ser louca;
Tu esticas-te pra me beijar a testa
Enfias-me o ombro na boca. (risos)

José Eliseu

O assunto está divertido
Porque na diversão tu bem lavras;
Maria um beijo sentido
Vale mais que mil palavras. (eu aplaudo)

Maria Clara

Um beijo eu, bonito olhar,
Como já fiz alguns aqui,
Tem o poder de aproximar
Até quem não gosta de ti.

José Eliseu

Porque o beijo tem ternura,
Grande magia ele tem,
Basta pensarmos na doçura
Do beijo da nossa mãe. (aplausos)

Maria Clara

O beijo da mãe não é em vão
E ao filho nunca causa tédio,
Que nas horas de aflição
Ele é o único remédio. (aplausos)

José Eliseu

Até o pai para beijar
Torna-se mais cuidadoso,
E se for depois de ralhar
O beijo é mais saboroso. (eu aplaudo)

Maria Clara

Beijo de pai traz alegrias,
Beijo da mãe traz-nos prazer,
Deles eu tenho todos os dias
E em breve vou deixar de ter. (aplausos)

José Eliseu

Até por consideração,
Que a juventude me perdoe,
Era bonito beijar a mão
E o “Deus te abençoe”. (aplausos)

Sextilhas:

Maria Clara

Acredito que o beijar a mão
É sempre um ato sentido,
Que faz parte da educação
P’lo menos daquela que eu tenho tido,
É um exemplo de tradição
Que não se havia ter perdido. (muitos aplausos)

José Eliseu

Em tempos que já lá vão,
A minha mãe me dizia
Que na nossa Região
Um velho costume havia,
Até de se beijar a mão
Ao padre da freguesia. (aplausos)

Maria Clara

Aquilo que pensa a Maria,
É que há coisas que não se aguenta,
Beijar ao padre da freguesia
É demais e não se sustenta,
Mas também creio que hoje em dia
Foi de oito para oitenta. (aplausos)

José Eliseu

Meus caros concidadãos,
Ao som de cada lindo arpejo,
Digo que além de beijar as mãos
Em casa ou num festejo,
Há o beijo entre irmãos
Eu nunca provei esse beijo. (aplausos)

Maria Clara

O beijo explico porque o senti,
Irmão tua mãe não quis dar,
Sempre que minhas irmãs vi
É sentimento, sem se explicar,
Há uma que beijo sempre aqui
E outra que não posso beijar. (aplausos)

José Eliseu

A tua mão me seduz,
Apesar de não estar erguida,
Abre a tua mão para a luz
E beija na despedida
Esse que está preso na Cruz
E és feliz pra toda a vida!
(aplausos e Maria beija a Cruz)

Maria Clara

É sempre bom tê-lo na mão,
Nas minhas contas sempre alisto,
Tenho-o junto ao coração,
Mas muitos beijos não registo,
Porque os meus lábios dignos não são
De poder beijar Jesus Cristo. (muitos aplausos)

José Eliseu

Beija sempre Aquele que gostas,
Porque quem beija não erra;
Se no beijo tu apostas
Beija nem que seja a serra,
Como o mar beija as costas
E a chuva beija a terra. (muitos aplausos)

Maria Clara

Quando eu vou cantar num salão,
Ou num arraial que se estendeu,
Pra ter minha inspiração
Muito nunca peço eu:
É o crucifixo na mão
E um beijo na testa do Eliseu. (muitos aplausos)

José Eliseu

O Raminho dá-me a rodos
Amizade e alegria,
Gosto de vir aos seus Bodos
Ou de visitá-lo qualquer dia;
Como não posso beijar todos
Então beijo a Maria.
(muitos aplausos e José Eliseu dá beijo na Maria)

Maria Clara

A freguesia não carece
De boas pessoas, sem fim,
Mas elas entre muito aquece
Quando chegas e sorris assim,
Que o Raminho muito agradece
Tudo o que tens feito por mim. (muitos aplausos)

José Eliseu

O Raminho tem de te olhar,
Para que eu também possa;
O Raminho tem de te beijar
Porque esta poetisa é nossa;
O Raminho tem de amar
Esta jóia que é vossa. (muitos aplausos)

Maria Clara

Eu vou deixar a freguesia,
Por mais de um ano e de um mês,
Saudar a minha companhia,
Saudar este povo cortês,
Mas não vai passar um só dia
Que eu não pense em vocês. (aplausos)

José Eliseu

E quando as malas fizeres,
Vais ter esta atitude,
Tu irás beijar se puderes
Tua mãe, mulher de virtude,
Para que o beijo que lhe deres
Lhe traga muita saúde. (muitos aplausos sentidos)

Maria Clara

Deixar o meu pai me conduz
A uma tristeza assim,
Mas deixar aquela que me deu à luz
É mais uma dor que não tem fim,
Porque essa enfrenta uma cruz
Que precisa tanto de mim. (muitos aplausos sentidos)

José Eliseu

Que até mesmo os alfarrábios
Tenham livros desta cantadeira,
Já estás no galarim dos sábios,
Por isso vem pra minha beira
Porque vais ter dos meus lábios
Um beijo da ilha Terceira.
(muitos aplausos e José Eliseu dá-lhe um beijo na testa)

Maria Clara

Depois do beijo que ele veio dar
Em nome dos que se manifestam,
Em seguida meus pais vou beijar
E outros amigos que prestam
Porque eu tenho que aproveitar
Os últimos dias que restam. (muitos aplausos)

José Eliseu

Tua dignidade não belisco,
Nem tão pouco o teu encanto;
Nem tão pouco corres o risco
De beijares, no entanto,
A imagem de São Francisco
E a Coroa do Espír’to Santo. (aplausos)

Oitava partilhada:

Maria Clara: E adeus eu digo a sorrir
José Eliseu: Adeus solteiros e casais
Maria Clara: Adeus porque temos que ir
José Eliseu: São as estrofes finais
Maria Clara: E antes de outros aqui ouvir
José Eliseu: Com redondilhas fundamentais
Maria Clara: Juntos nos vamos despedir
José Eliseu/Maria Clara: Do Raminho dos Folhadais.

Aplausos gerais e os cantadores dão o abraço final.