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Açoriana - Azoriana - terceirense das rimas

Os escritos são laços que nos unem, na simplicidade do sonho... São momentos! - Rosa Silva (Azoriana). Criado a 09/04/2004. Angra do Heroísmo, ilha Terceira, Açores. A curiosidade aliada à necessidade criou o 1

Criações de Rosa Silva e outrem; listagem de títulos

Em Criações de Rosa Silva e outrem
Histórico de listagem de títulos,
de sonetos/sonetilhos
(total de 1010)

Motivo para escrever:
Rimas são o meu solar
Com a bela estrela guia,
Minha onda a navegar
E parar eu não queria
O dia que as deixar
(Ninguém foge a esse dia)
Farão pois o meu lugar
Minha paz, minha alegria.
Rosa Silva ("Azoriana")
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Com os melhores agradecimentos pelas:
1. Entrevista a 2 abril in "Kanal ilha 3"

2. Entrevista a 5 dezembro in "Kanal das Doze"

3. Entrevista a 18 novembro 2023 in "Kanal Açor"

4. Entrevista a 9 março 2025 in "VITEC", por Célia Machado

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"Histórias d'Assombração", do Dr. Luiz Fagundes Duarte

11.09.15 | Rosa Silva ("Azoriana")

de Luiz Fagundes Duarte

Aos onze dias do mês de setembro do ano de dois mil e quinze chegou-me à mão e visão, por via dos CTT de Angra do Heroísmo, um livro de noventa e seis páginas, cujo título é “Histórias d’Assombração”, do autor Luiz Fagundes Duarte, que, por sorte, é meu conterrâneo desde que calcorreei os mesmos caminhos e ruelas que ele, pese embora a faixa etária ser um nadica diferente.

Logo de início, página 14 (1+4=5) encontrei algo que me fez pensar. A data de março de 1986, quatro meses antes de o meu primogénito nascer. Tem data de 22 a 30 de março e o primogénito nasceu a 25 de setembro. Deu-me logo um toque no coração. Que distraída estava eu para não saber destas escritas que tanto gosto de ler com todas as atenções.

E o resto? Ai, meu Deus e Nossa Senhora! À página 19 já as lágrimas me impediam de descortinar as letrinhas miúdas para a minha vista que se vai tornando fraca e pouca. Estou como que a ver o “filme” todo do que se passava noutras eras com a devoção a Nossa Senhora dos Milagres. Tudo escrito de forma cénica e verdadeira, como esta parte “era a senhora grande de corpo pequeno, a imagem pobre de riquezas adornada” (página 20).

Daqui para a frente até à página 28 li com atenção desmedida. Maravilhei-me como quem faz uma “descoberta” de um tesouro. Percebi, finalmente, a importância do que se deixa escrito para os vindouros e, igualmente, percebi o que “mais conto menos conto” ouvia dizer dos acontecimentos seculares que também gostava de vasculhar.

Na próxima parte, não menos interessante mas mais intrigante, continuei ávida por conhecer mais estórias… e ri-me com a página 30 (“livros na Serreta eram coisa de espanto”) noutros tempos longínquos, já se sabe. E aquela parte de “evoluções das tripas da terra” foi uma expressão de mestre, do Dr. Fagundes Duarte.

Com a mesma idade de Jesus, estagnei na mesma página 33: uma morte na Serreta! Assassínio, quem diria!? Tenho que continuar a ler… Ufa!… É esta a lava de escrita que nos faz rebentar de assombro… Continuo a leitura, é impossível parar agora, mesmo depois de apreciar a expressão poética “uma baixa à flor das ondas”. Ei que coisa linda! Ai rir que apetece na página 38… e só parar a risada na 42… Veremos se vem mais atração nas restantes.

Ai palavras que aprendi a escrever certinhas e não de ouvido… Assim é que é. Aprender até morrer.

Já em avançada leitura estremeci eu “um filho reconhece sempre a voz da mãe”… é certo, confirmo! Tenho de perceber os "sinais" da minha falecida mãe, é certo. (página 64, número corresponde aos dois últimos dígitos do ano em que eu nasci)…

A da terra tremer durante o mês de “um maio” e da procissão dos abalos sempre de 30 do mesmo mês, eu sabia, mas a expressão de “arrotos da terra” essa é novidade poética, com um “brilho” na leitura. E também foi em maio de 1760 que a Capelinha de Nossa Senhora dos Milagres surgiu na “nossa” Fajã, fez em maio de 2015 os seus 255 anos. Ninguém se importará, pois não? Fagundes Duarte e eu e mais alguém, tenho a certeza, importamo-nos e muito. Só não sei do araçaleiro que seria suposto ainda subsistir a tudo e todas as intempéries.

Querido Fagundes Duarte posso chamar-lhe assim, posso? Amei o seu livro! Adorei! Seja ficcionado ou não, seja pequenino, seja o que lhe quiserem atribuir, o que sei é que acabei com gotas escorrendo do olhar da lembrança de uma terra que me orgulha e muito de ter tido um berço na Canada da Vassoura, com um mar inteiro na minha frente e uma serra pequenina no costado.

Da próxima vez que nos virmos, frente a frente, quero dar-lhe um abraço daqueles que se sente o coração a pulsar de satisfação por ter lido as suas “Histórias d’Assombração”, tudo por causa de um tal Tavares...

Bem-haja, Dr. Luiz Fagundes Duarte!

2015/09/11

Rosa Silva (“Azoriana”)