Recordar é lembrar do que é seu... (continuação)
Se fosse vivo, hoje faria oitenta e sete anos. Teria bolo para o fazer contente. Teria a família a lembrar que ser "picaroto", nome que se atribui aos nativos da ilha do Pico, do arquipélago dos Açores, é ser poderoso e um prodígio no trabalho. Sem grandes estudos (os mínimos para a data que viveu na sua ilha de nascença), no entanto, sabia fazer com as duas mãos e, mais tarde, só com uma, o que alguns não sabem. Pedreiro, carpinteiro, pintor, agricultor, e mais o que viesse à rede seria como uma invenção pronta na hora. Tanto que o Carlos Cândido fez para si e para outrém, sem, muitas das vezes, pedir retribuição. Era assim o meu pai de quem tenho o maior orgulho. Tinha, também, uma dose de génio e bravura... mas tudo fez para que as suas filhas e netos ficassem com a ideia de que o pai/avô foi um homem de trabalho para manter na lembrança e comemorar o seu dia risonho.
Rosa Silva ("Azoriana")