Os escritos são laços que nos unem, na simplicidade do sonho... São momentos! - Rosa Silva (Azoriana).
Criado a 09/04/2004. Angra do Heroísmo, ilha Terceira, Açores. A curiosidade aliada à necessidade criou o 1
"Ó pai quem nunca nascesse P’ra uma terra partida, Talvez que nunca sofresse Na curta estrada da vida.
(...)"
Esta uma das quadras cantadas entre pai e filho. Um filho que atingiu a meta da estrada da vida. A verdade é que as suas cantigas ficam vivas na memória coletiva. É mais um cantador a cantar na glória de outra dimensão. É mais uma saudade a trilhar o caminho dos que o conheciam e apreciavam a refinada cantiga.
Foi filho de cantador E cantador também foi Lembro bem deste senhor E o coração me dói.
Cantou-me uns versos à mesa Numa noite de jantar Ouvi a flor da gentileza Que me queria plantar.
Um cantador asseado Que tivemos à nossa beira Seja sempre homenageado O Luís Carlos Ferreira.
Que se guarde a lição De amor à cantoria E pla nossa Região Se relembre o que fazia.
2017/01/24 O dia seguinte ao seu falecimento. Paz à sua alma
I Começo por vos saudar P’ra logo a seguir cantar C’uma boa afinação Mas se a moda fizer mossa Levem tudo isto na troça Não quero levar baldão. II Pensei em quadras picantes Coisas boas delirantes Para aqui vos oferecer Faltou trazer malagueta E também uma “barreta” P’ra depois desaparecer. III Isto de cantar à noite Pode haver algum açoite E eu me largar a fugir Pega o fogo nas canelas E depois de algumas velas Já ninguém me quer ouvir. IV Esta gente de agora Há muito que não decora Uma velha à moda antiga Meu avô tinha razão Quando subia o alçapão Para ver uma rapariga. V Nas calças tanto derriça Até lhe aperta a linguiça Que tinha dependurada E de tanto a esfregar Depressa sentiu chegar Minha avó entusiasmada. VI Vinha de cara tapada Com a boca toda inchada De lamber um tal gelado Meu avô quando a viu Deu-lhe logo um arrepio Ficou o caldo derramado. VII E agora p’ra meu descanso Vou ver se fico manso Depois desta cantoria Feliz ficou meu avô De certeza qu’escaldou A linguiça naquele dia. Fim
Retalhos de mente benta, Pululando vai pelos ares Tais belezas insulares, P'ra nossa ficar atenta.
Da Ilha de São Miguel Que de verde é tão linda À vista de nós infinda Das nove tem mais pincel.
Das nove ilhas dos Açores São Miguel é a "matriz" Insular é a raiz.
A minha tem outras cores De tanta Festa que faz: Terceira ilha lilás!
Rosa Silva ("Azoriana")
P.S. A propósito do poema de Maria Isabel da Câmara Quental publicado no blogue "De propósito", de Manuel - Fazendas de Almeirim, Santarém, Ribatejo, Portugal.