Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Açoriana - Azoriana - terceirense das rimas

Os escritos são laços que nos unem, na simplicidade do sonho... São momentos! - Rosa Silva (Azoriana). Criado a 09/04/2004. Angra do Heroísmo, ilha Terceira, Açores. A curiosidade aliada à necessidade criou o 1

Criações de Rosa Silva e outrem; listagem de títulos

Em Criações de Rosa Silva e outrem
Histórico de listagem de títulos,
de sonetos/sonetilhos
(total de 1010)

Motivo para escrever:
Rimas são o meu solar
Com a bela estrela guia,
Minha onda a navegar
E parar eu não queria
O dia que as deixar
(Ninguém foge a esse dia)
Farão pois o meu lugar
Minha paz, minha alegria.
Rosa Silva ("Azoriana")
**********
Com os melhores agradecimentos pelas:
1. Entrevista a 2 abril in "Kanal ilha 3"

2. Entrevista a 5 dezembro in "Kanal das Doze"

3. Entrevista a 18 novembro 2023 in "Kanal Açor"

4. Entrevista a 9 março 2025 in "VITEC", por Célia Machado

**********

Louvo Pedro Neves, do SAPO

03.11.17 | Rosa Silva ("Azoriana")

Muito bom dia, tarde ou noite!

Espero que estas linhas o vão encontrar de boa saúde. Mesmo sem saber sua filiação, residência, habilitações académicas e profissionais, estado civil, e todas essas identidades pessoais, sei que é fã de corrida, bibliotecas e blogs. Quem não conhece Pedro Neves nem que seja pela Ajuda de Blogs e interesse por quem está inscrito no maior Serviço de Apontadores Portugueses?!

Nesta data, sexta-feira, 3 de novembro do ano de 2017, dia de aniversário da minha querida irmã, lembrei-me de si e de todo o seu zelo e dedicação a uma causa que é de todos os que lançam dedos às teclas e vão lançando obra para o mundo virtual que até tem permissão para ser real. Foi o meu caso. Em 2 de abril de 2011 lancei o meu primeiro livro graças à inspiração que fui tendo e à cortesia dos Blogs do SAPO. Muito obrigada amigo!

Quem sabe me responderá a esta cartinha eletrónica e até me confidenciará se tem família, se conhece as ilhas dos Açores, se do que eu vou escrevendo lhe dá vontade de conhecer a ilha lilás: a Terceira de Jesus, das Festas e das Touradas!

Caro Pedro, sei que não tem tempo a perder mas antes que a vida se nos aparte quero deixar-lhe a minha homenagem por tudo junto, pela sua atenção, sorriso e colaboração.

Um grande abraço da

Rosa Silva ("Azoriana")

Louvo Pedro Neves

Com enorme gratidão
Porque grata eu estou
Recebe com satisfação
O verso que ora te dou.

Destaco com emoção,
Emotiva também sou,
E com toda a prontidão
Eis o que mente brotou.

Seja esta hora feliz
Com a rima de raiz
Para bordar de carinho.

Pedro e SAPO tudo junto
Tecem um belo conjunto
Como a uva e o vinho!

Rosa Silva ("Azoriana")

A matança do porco

03.11.17 | Rosa Silva ("Azoriana")

Na freguesia da Serreta, e do que lembro da nossa casa, a matança do porco era a maior folia do ano e a abundância no lar. Daquele porco, alimentado com as chamadas "lavagens" (restos de comida e alguma farinha à mistura), milho, etc., tinha-se o produto para sustentar a família.

Convidava-se a família e parentes acostumados a essas grandes manobras e a casa ficava numa alegria nesse dia.

Minha mãe e minha avó escondiam-se na hora da faca fazer o último suspiro do bicho. Eu é que era chamada para aparar o líquido vermelho no alguidar com sal no fundo. Eu ia mas confesso que me arrepiava um pouco, não fosse o bicho revoltar-se e atingir-me em cheio. Claro que isso não era permitido porque os braços robustos dos homens o aguentavam fortemente em cima do banco de madeira feito pelo meu pai, que era também o marchante.

Depois era a tarefa divertida do lavar as tripas do porco, cuja bexiga depois de relativamente limpa, se enchia como um balão para servir para a "canalha" jogar. O rabo do porco era a mascote para pendurar na traseira do marchante. A graça era ele nem desconfiar que ele lá estava para fazer a risada geral.

Ainda havia tempo para a vizinhança convidada vir ver o toucinho do porco dependurado no tirante, de cabeça para baixo, ao contrário do que se faz na ilha do Pico.

Bolachas, biscoitos, anis, licores, aguardente, vinho abafado e, por vezes, algum bolo faziam as delícias dos convivas e da mesa um perfume apetecível inundava as nossas narinas que também tinham outros odores mais fortes e próprios daquela tarefa de todos.

Torresmos de toucinho, de carne, morcela, sarapatel, enchiam as mesas no próprio dia e no seguinte. Adorava quando a minha madrinha do batismo, Maria das Neves, me deixava fazer a réplica pequenina do lume de lenha, onde eu colocava uma lata de atum vazia com um torresminho a derreter, como que a imitar a sua árdua e boa tarefa: derreter os torresmos temperados à sua maneira e com uma dose de leite para que os torresmos ficassem dourados, bem ao gosto da minha avó materna.

Saudades?! Talvez. Não tanto de manusear as carnes mas de ter a família mais chegada junta na nossa casa e viver toda a euforia que eu própria tinha e transbordava.

Vou terminar este pequeno historial porque já sinto uma lágrima a querer rolar-me no rosto. Só queria voltar atrás por um dia: o dia de todos felizes como santos.