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Açoriana - Azoriana - terceirense das rimas

Os escritos são laços que nos unem, na simplicidade do sonho... São momentos! - Rosa Silva (Azoriana). Criado a 09/04/2004. Angra do Heroísmo, ilha Terceira, Açores. A curiosidade aliada à necessidade criou o 1

Criações de Rosa Silva e outrem; listagem de títulos

Em Criações de Rosa Silva e outrem
Histórico de listagem de títulos,
de sonetos/sonetilhos
(total de 1006)

Motivo para escrever:
Rimas são o meu solar
Com a bela estrela guia,
Minha onda a navegar
E parar eu não queria
O dia que as deixar
(Ninguém foge a esse dia)
Farão pois o meu lugar
Minha paz, minha alegria.
Rosa Silva ("Azoriana")
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Com os melhores agradecimentos pelas:
1. Entrevista a 2 de abril in "Kanal ilha 3"

2. Entrevista a 5 de dezembro in "Kanal das Doze"

3. Entrevista a 18 de novembro 2023 in "Kanal Açor"

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Uma pisca de chuva

23.08.18 | Rosa Silva ("Azoriana")

23 de agosto de 2018

E chove sem ventania… chuva de verão é pacífica e até apetece ficar quieta a levar com a retilínea frescura matinal. Dizia-se que estava um calor abrasador, que havia seca preocupante, que havia ilhas a rezar por chuva… pois S. Pedro abriu a torneira e projetou na natureza ilhoa uma tocata para a verdura, para as flores, para os animais e para as pessoas abrirem os chapéus de chuva mesmo que de braços descobertos pelo gosto de se verem tocadas por uma água apetecida.

Confesso que me entristecia olhar os meus vasos com flores, renascidas de outras mais antigas, estarem como que a pedir-me a rega, quando o sol se esconde no horizonte para os lados da minha freguesia natal. Hoje elas devem estar ensaiando a valsa da alegria.

Porta aberta: é um consolo ouvir a pálida chuva beijar o chão com gosto ao invés do ruído de martelo e pregos e outros materiais que, tão cedo, não deixam as redondezas da minha escrita da matina.

Bom dia e aproveitem a encher o regador da prudência ilhoa.

Rosa Silva (“Azoriana”)

“É sempre a mesma coisa”

17.08.18 | Rosa Silva ("Azoriana")

Não, não é! Mas parece…

O ritmo da vida tem compassos diferentes. Há eventos e Eventos. Uns descrentes e outros crentes q.b. (não exageremos em nada). Acontece que desde que me ausentei, por vontade própria (infelizmente), para outros ares que não os do monte serretense, sinto sempre a mesma coisa no correr do mês de agosto (o oitavo do calendário): Como vai ser para a “mudança” para o perfume do cedro do mato, das hortênsias, das dálias e outras flores mais resistentes, para a feitura dos arcos, para a romagem da procissão da Santa mais falada na segunda semana de setembro, aquela a que ainda muitos acreditam que é mais que uma estátua miúda mas linda de preces e orações em situações, ora boas (agradecimento) ora menos boas (pedidos de misericórdia)?! Para as touradas… Como vai ser sem ter o “teto” materno da meninice e juventude (até vinte e um anos)?!

Soluções surgem quase sempre como que num apelo ao que era bom: o perfume florido do interior do Santuário de Nossa Senhora dos Milagres, ao Jardim de Nossa Senhora, aos cânticos ensaiados com antecedência até serem como vozes de anjos presentes na Festa da Mãe padroeira da Serreta.

E a Filarmónica toda aprumada e “dona” de toda a melodia imparável: Tocatas, marchas, hinos, alvoradas, toques de cor. Acordar cedo ou nem ter tempo para dormir nesses dias que iluminam e trazem vida à freguesia de pouca população residente, mas com um mar de gente amiga e que volta durante a segunda semana de setembro.

Sem Maria, sem a Mãe, sem a Senhora dos Milagres quem aguenta?! Eu que sou nada e crescida a ouvir e ver tudo (ou quase) nasce-me, ano-a-ano, uma vontade de lá estar rente e presente…

A maior parte do casario decora-se para prestar a homenagem devida à sua querida Mãe, que gosta de sair à rua. Que me lembre não saiu umas vezes: se chovia ou ventava muito. É que a imagem é pequena e leve, mas em cima do andor enfeitado das melhores e prometidas flores torna-se um peso pesado para glória do sacrífico de quem vai levá-lo por promessa ou simplesmente por amor. Há muitas maneiras de amar. A meu ver carregar um andor aos ombros é uma delas. Pesa e desajeita cada ombro, mas chega-se ao fim com a sensação de amor cumprido pela honra da Festa, seja qual for a intenção. É a viagem da imagem que se mostra pelo caminho ornamentado dos belos tapetes de cedro picado, hortênsias ou flores desfolhadas para rechear de beleza todo o circuito habitual.

E antes, muito antes?! Limpar todos os cantos à casa de moradia, tirar as roupas com aquele cheiro bolorento de humidade serrana para o estendal dos muros até que o sol a impregnasse de novo perfume após serem passadas por água fresca e sabão (azul e branco, outrora, sabão em pó da modernidade) numa pia de pedra talhada bem à maneira das mãos se consolarem no lavadouro a esfregar até se achar que o tecido parecia outro, renovado…

E ainda?! Cortinas, tapetes, toalhas, todos os paninhos que tinham servido para repousar o pão e massa sovada até levedarem e irem para um forno de porta aberta por onde, primeiro, entravam as lenhas para o aquecer e depois aquelas “bolas” de massa, em fileira e à vez, até se tornarem fofas e rosadas com o melhor dos paladares.

Há e mais?! E as alcatras de carne de vaca (ou de porco), também faziam parte desta trabalheira alegre e promissora. Serviam de reserva alimentar para passar os dias da Festa da Senhora dos Milagres com um rosto alegre para os peregrinos, para os forasteiros, para os emigrantes perfumados de América, Canadá e outros pontos do mundo onde houvesse um amor à Virgem, uma saudade palpitante. Muita dessa saudade fazia cair aquela lágrima quente pelo rosto que, por desventura, não podia assistir presencialmente ao desfilar de um mar de gente crente e suplicante.

Ave, Ave, Ave Maria! Ave, Ave, Ave Maria! O meu milagre seria mesmo… sete dias na Serreta nem que fosse a dormir no chão com o canto da noite a embalar-me e as estrelas de um sorriso a encantar-me.

17.agosto.2018

Rosa Silva (“Azoriana”)

Ti' Humberto Filipe - O Ganadero do Povo *1945 +2018

03.08.18 | Rosa Silva ("Azoriana")

Humberto Filipe autografando

Humberto Filipe RIP 03082018

RIP
Nasceu a 23 de outubro de 1945 e partiu para o Pai, hoje, 3 de agosto de 2018.

Um Homem muito estimado
Será p'ra sempre lembrado
Na Ilha e para além dela.
Que Deus na Paz o receba
E forças alguém perceba
Depois da grande sequela.

Recordemos o Homem bom
Leal, porque era seu dom,
Franqueza vinha de novo.
Mesmo perdendo a saúde
Vincava a grande virtude
Ser «Ganadero do Povo»!

Paz à sua alma!

Rosa Silva ("Azoriana")