Olha por nós, ó Senhora!
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Meu presépio de menina,
Minha faia de incenso,
Minha flor, graça divina,
Meu amor de grau intenso.
Hinos, glória, neblina,
Saudades de tom mais denso,
Nas voltas de cada esquina
Onde havia o xaile e lenço.
Ó meu berço já graúdo,
De alegria saudoso,
Bravo atalho amoroso.
Da praça, igreja e tudo,
Que a Serreta me moldou...
E o Mar e Terra beijou.
Rosa Silva ("Azoriana")
Nota: Em agradecimento ao amigo Luís Sousa que nos mostra a freguesia da Serreta, de lés-a-lés e me colocou a saudade dos tempos que fui feliz e não sabia, ou melhor, sei... Grande abraço pela valiosa reportagem para residentes e emigrantes.
Primeiro é o assobio
Que o vento hoje nos traz
Quem será que o descobriu
E pará-lo não sou capaz.
Mas porquê parar o vento
Se o mar o ama tanto
Porque põe em desalento
A sua onda de espanto?!
Mas porquê parar a onda
Que entranha o pensamento
E numa força redonda
Dá asas ao que invento?!
Vem ventania por mim
Leva o que achares mal
Só não leves meu jardim
Nem as peças do quintal.
Leva algumas arrelias
E a pobreza enfadonha
Vem renovar nossos dias
Com a "vinda da cegonha".
Só mesmo a vida é completa,
Com os ventos d'esperança:
Seja um neto ou neta,
Que seja linda a mudança.
Rosa Silva ("Azoriana")
Imagem do motor de pesquisa Google.
MOTE
Hoje um dia diferente,
Quando muito, sempre igual,
Porque a Terra é para a gente,
Se a gente não fizer mal.
GLOSA
Viva a Terra à-vontade;
Há chuva que é frequente,
Vento com velocidade...
Hoje um dia diferente.
Diferente não é maldade...
Terra é tema mundial;
Haja universalidade,
Quando muito, sempre igual.
Terra é bem que produz,
Quando se lança a semente;
Ela ensina e nos conduz...
Porque a Terra é para a gente.
Há maneiras de a tratar,
Essa Terra que, afinal,
Merece ser salutar
Se a gente não fizer mal.
Rosa Silva ("Azoriana")
Foto de José Freitas (Pastor) - meu cunhado
Tens o coração "partido"
Por amares duas mães
Uma onde foste nascido
E a outra dos teus bens.
A Bandeira faz-se unida
Para jamais esquecer
A tua Pátria querida
E a que sabe receber.
Portugal tem os Açores
Como ilhas de valor
E nos perdemos de amores
Pelo que nos dá Amor.
Seja aqui ou mais além
Interessa olhar o céu
Em muito lado há quem
Tenha nascido ilhéu.
Nesta hora que a rima
Brota com velocidade
Um abraço com estima
E também muita saudade.
Que os nossos emigrantes
Possam cá voltar um dia
Para sermos como dantes
Um solar de alegria.
Seja grande ou pequena
Seja mais ou menos boa
A nossa vida terrena
É o palco da pessoa.
Se se aproveita o bem
Porque o mal é coisa má
E se mal a gente tem
O perdão que venha já.
Quero cantar no teclado
Como canta o rouxinol
Louvar o Povo amado
Louvar a Lua e o Sol.
Louvar com profundeza
Quem ajuda ao progresso
E quem nos deu a beleza
Do canteiro que atravesso.
Meu canteiro é de abril
E floresce de repente
Como as ondas de anil
Beijando a terra da gente!
Se isto que eu vos lego
For digno de admiração...
É a luz que sai do ego
E contorna o coração.
Rosa Silva ("Azoriana")
Ó Deus tira-me esta dor
Uma tristeza inteira
Dá descanso ao cantador
João Ângelo Vieira.
Era um humilde senhor
Filósofo de primeira
Um grande animador
Da Cultura da Terceira.
Seus olhos sempre a sorrir,
Lembro bem, não vou mentir,
Lindos no anil de cores.
Sei que vai p'ra bom lugar
E a saudade vai deixar
No coração dos Açores.
18/04/2021
Rosa Silva ("Azoriana")