Vento, ventanias!
Primeiro é o assobio
Que o vento hoje nos traz
Quem será que o descobriu
E pará-lo não sou capaz.
Mas porquê parar o vento
Se o mar o ama tanto
Porque põe em desalento
A sua onda de espanto?!
Mas porquê parar a onda
Que entranha o pensamento
E numa força redonda
Dá asas ao que invento?!
Vem ventania por mim
Leva o que achares mal
Só não leves meu jardim
Nem as peças do quintal.
Leva algumas arrelias
E a pobreza enfadonha
Vem renovar nossos dias
Com a "vinda da cegonha".
Só mesmo a vida é completa,
Com os ventos d'esperança:
Seja um neto ou neta,
Que seja linda a mudança.
Rosa Silva ("Azoriana")