Dez quadras madrugando
Eu não consigo dormir
Mesmo na cama deitada
E até estava a ouvir
Uma cantoria asseada.
Escrevo versos com empenho
Mas a voz não ajuda nada
Nem sequer tenho engenho
Para cantar ser chamada.
E se fosse ao estrangeiro
Com alegria em suma
Não só ganhava dinheiro
Ou talvez coisa nenhuma.
Com Matilde, minha mãe,
Por Matilde, minha neta,
Cantaria tanto bem
Atingia a grande meta.
O sonho comanda a vida
E de sonhos haja quem
Tenha a meta garantida
Deixando o mal pelo bem.
Podes não gostar de rima
Nem talvez me dês valores
Se me deres só estima
Junta também teus amores.
Quando desta vida for
Para outra dimensão
Guarda todo o meu amor
Dentro do teu coração.
E fala de mim à filha
Que tanto gosta de ti
Já sabe tal maravilha
Que foi o que eu senti.
E ser mãe é dar o fruto
Que o amor concebeu
É o alto estatuto
Que a mulher conheceu.
E para não maçar mais
Quem está quase dormindo
À Canada dos Folhadais
Um verso sempre é bem-vindo.
Rosa Silva ("Azoriana")