29.01.22 | Rosa Silva ("Azoriana")
Paraíso insular Cantiga de maresia No Caldeirão ao luar Corvino de poesia. Capital de um concelho De uma mesma freguesia Que se vê ao espelho Das Flores que aprecia. E tem uma só matriz De todos a Virgem Mãe; Tem padroeira feliz À que na Serreta tem. De habitantes em suma Contam menos de quinhentos Tal como a terra bruma Onde tive os aposentos. Rosa Silva ("Azoriana")
24.01.22 | Rosa Silva ("Azoriana")
Na Serreta eu me criei E voltava com vontade Se trocasse o que herdei Bem mais perto da cidade. Um teto vale o que vale Sobretudo na lembrança Para mim é um postal Dos meus tempos de criança. Em S. Carlos vivo agora E não me sinto de lá... Voltava a "Nossa Senhora" Mas não sei se ainda dá. Tanto penso numa casa Com vista p'ró oceano Onde a paz não se atrasa No verde quotidiano. Rosa Silva ("Azoriana")
24.01.22 | Rosa Silva ("Azoriana")
Mote: Sua casa é um museu Com a arte em figura Tudo aquilo que é seu É um Fundo da Cultura! Glosa: Aprecio tantos valores Que alguém os concebeu Porque conheço as coresSua casa é um museu Não importa o que eu diga Mas o digo com ternura É tema para um cantigaCom a arte em figura A sorte seja a dobrar Na glosa do verso meu Com o mote a encimarTudo aquilo que é seu E quando daqui se for Tudo chega a essa altura Digo com terno fulgor:É um Fundo da Cultura! 24/01/2022 Rosa Silva ("Azoriana")
P. S. Inspirada na imagem publicada por Jose Avila.
12.01.22 | Rosa Silva ("Azoriana")
Foste para aqui chamado Fontanário de gosto Lembra a Ponta do Queimado Que no mar está deposto. Tua forma original Que dizem do Posto Santo Torna a Mata um local Que me atrai com espanto. És leme da natureza Da água um paraíso Património de beleza Que respira o improviso. És do olhar pedestal, És do sonho pedra-arte, És da Mata o postal Que tanta gente reparte. Rosa Silva ("Azoriana")
Nota: inspirada numa foto da autoria de Eduardo Costa Costinha
12.01.22 | Rosa Silva ("Azoriana")
Dou por mim a divagar Pelas ruas e p'las colinas Com minha mente a pensar Em fortalezas e Quinas. Mas a porta que mais penso É aquela mais antiga Onde o sentir é mais denso Onde apetece a cantiga. E dei-lhe nome singelo, [Porque singela sou eu] - Sentir ilhéu - é tão belo, Onde cabe o que é meu. O "Costinha" do Raminho, Eduardo de sua graça, Fez-se, longe, ao caminho, À porta que me abraça. É um abraço terreno, De uma porta esquecida, Meu sentir não é pequeno É de toda uma vida. Fica esta assim talhada Com o verde de outras eras Que minha mãe adorada Coloria as primaveras. Rosa Silva ("Azoriana")
Nota: Obrigada Eduardo Costa Costinha pela foto original a que acionei o título.
11.01.22 | Rosa Silva ("Azoriana")
Foto de Carlos Aguiar.
Ainda gravo
No dia que ele partia Tinha o seu cravo na mão Na descida não chovia E o sol reinava então. Lembro tão perfeitamente Não esqueço a cortesia Do brilho que foi potente Pró poeta e poesia. Hernâni cravo de Abril, Foi sem amigos deixar; A farda não era anil, Verde sim, de militar. E o cravo, aquele Cravo, Que teve tão bom destino, Na mente ainda gravo... P'ra Fernando Alvarino. Rosa Silva ("Azoriana")
09.01.22 | Rosa Silva ("Azoriana")
Hoje já parti um prato E um copo sem querer; Uma santinha no ato "Guadalupe" de ser. Depois a cola colou A santinha quase igual Do resto nada ficou Numa mão intemporal. E mais coisas vou partir... Digo isto e junto "Ah, mãe!" Sei agora o que é ruir A idade que se tem. E quando eu era criança Andava sempre caída; O que mexo agora dança Mais vale não ser mexida. Rosa Silva ("Azoriana")
09.01.22 | Rosa Silva ("Azoriana")
Cinco anos e quatro meses Conto eu sem vacilar Que fui uma das vezes Ao seu programa falar. Marta Fagundes içou O seu canto na altura E desde então ficou Seguindo sua cultura. Foi da Serra para além-mar Porque a vejo noutros ares Com linda voz a vibrar Junto à Mãe seus cantares. Novamente estou focada Noutra voz melodiosa Que irá ser avisada Da surpresa radiosa. Rosa Silva ("Azoriana")
Nota: a pensar na #HoraDaSerra
09.01.22 | Rosa Silva ("Azoriana")
Foto por Honorato Lourenço
A minha dedicatória: Santuário que brilha Com a singela beleza Que acolhe o povo da ilha Junto à sua Realeza. Rainha de Santidade, E do mundo que é crente Milagres a identidade Que espera nossa gente. No Altar junto da serra Que deu nome à freguesia Sendo pequena a terra É a maior da Romaria. Honorato do Raminho Deu valor à nossa Mãe E com imenso carinho Dou-lhe o meu verso também. Rosa Silva ("Azoriana")
05.01.22 | Rosa Silva ("Azoriana")
Sou uma criança Extinta na idade Não usei esperança Da mocidade. Apaguei o Natal Arrumei o que tirei Mas penso afinal Que só embrulhei. A véspera sem leis Do meu arrumo Há de ser de Reis Magos com rumo. Os olhos do brilho Quiseram clausura; Nem sequer o Filho Teve desventura. Na caixa cor vinho O belo arrumado; Cá fora o carinho Do Natal passado. Dezembro a janeiro, Ano velho e novo, Um desfiladeiro De festas e povo. Rosa Silva ("Azoriana")