Como é bom recordar #01
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Não escrevo mais... ó pena minha,
Sem sorte penam outras penas;
Novecentas e mais terrenas,
Ficam aqui, somente, em linha.
Não escrevo mais... adivinha?!
Se adivinhar é açucena,
Bela flor, rosa pequena,
Se nem maior em mim tinha.
Gostar de mim, ó desventura...
Sem o regaço de ternura
Sem abraçar um livro novo...
Fica serena, ó flor d'anil,
Sejam as flores do teu abril
A celebrar a voz do Povo.
Rosa Silva ("Azoriana")
SONETILHO 940
(Há quem nasceu neste ano)
O soneto é um esboço
Que se abre em melodia
Na folhagem de um dia
Por nascer sem lápis grosso.
Não irá cair num poço
Sai da verve de quem cria
Na raiz da sinfonia
De um plano ainda moço.
Quem escreve é uma Rosa
Que da Silva é tão saudosa
E crente de tal maneira...
Que antes de versejar
Já só se via a chorar
E ao choro... fez fronteira!
Rosa Silva ("Azoriana")
Nas vivências atuais
E com falta de alguns pais
Vive-se a deseducação.
Falhamos por não dizer
E também por ver fazer
Coisas que causam senão.
No tempo de outra era
Com educação severa
Também se davam abusos...
Só que estes, felizmente,
Não se notavam na gente
Nem em costumes e usos.
Meus pais foram educados,
Para nós sempre aprumados,
Na rigidez do ensino.
Hoje, tudo é diferente,
Agora e daqui pra frente
Valha-nos o Ser divino.
Tenho que saber, então,
Se os Filhos da Nação,
E os meus que eduquei...
Com o que tinha de ré,
E no compasso da fé,
Se estarão sempre na Lei?!
Toda a vida, então, se viu
Que há tirano desafio
Para fugir a quem ordena;
Porém, tem a perna curta,
Aquele que de alguém furta,
Pode vir a cumprir pena.
Mas isto são pensamentos,
Que não me trazem talentos,
Nem me fazem ter saúde...
Cada vez me vejo mais
A recordar os meus pais
E a sua boa atitude.
29/03/2023
Rosa Silva ("Azoriana")
Entre três das nossas ilhas
Há verdadeira amizade
São berço de maravilhas
E poetas de verdade.
O branco, azul e lilás,
Cores dessa linha ordeira
Do trio que bem nos faz:
Graciosa, Faial, Terceira.
Sabido Victor Rui Dores,
Tem nas três ilhas assento,
Tal como bons cantadores
Que deram vida ao talento.
João Ângelo Vieira
O Ti João das "Velhinhas"
Foi exímio na Terceira
Com as décimas rainhas.
Ante a quadra, os tercetos,
Dose grada de mestria,
Que em cima de coretos
Fez bom riso a quem ouvia.
Nosso povo, povo ilhéu,
Que de talentos é mui fino,
Também se tira o chapéu
A Fernando Alvarino.
Um tanto da nossa gente
Que dava enciclopédia
Mostra que é evidente
Da soma ter boa média.
E sem deixar escritores
Fora deste ramalhete
Nas nove ilhas dos Açores
Há um vasto capacete.
Capacete quer dizer
De forma figurativa
Que a força de escrever
É grandemente ativa.
E a mim, dá-me alegria,
Ter o verso sempre à mão
Pela doce melodia
Que orgulha a Região.
Rosa Silva ("Azoriana")
P.S. Thank you, my dear friend Kathie Baker, for sending the link. Obrigada, querida amiga, Kathie Baker pelo envio da hiper ligação para a crónica de Victor Rui Dores.
Trago um fio da meada
Do cordão umbilical,
Que me deixa, ainda, atada
A um tempo, intemporal.
Não há dobra em gargalhada,
Sendo o traje acidental,
Deixa-me aprisionada
À fronha da capital.
Há muito que eu esmiúço
Um sentimento mordaz...
Decifrar... serei capaz?!
Cada vez que me debruço
À janela do meu ser
Vejo um bordado a crescer.
23/03/2023
Rosa Silva ("Azoriana")
O tesouro que eu tenho
Não é feito de dinheiro
É apenas o meu empenho
Em rimar o ano inteiro.
E dia nove de abril
Do ano que atravessamos
A febre mais que febril
Fará dezanove ramos.
É uma onda gigante
Que é forte e destemida
Numa saudade constante
Num querer seguir com vida.
Mas só Deus sabe o futuro
Porque o passado foi torto
'Inda assim não tenho muro
Só um farol no meu porto.
Rosa Silva ("Azoriana")
[de emigrante]
Quem deixa a sua terra
Para viver no estrangeiro
Muita lágrima desterra
Para encher o mealheiro.
Leva o mar e leva a serra,
Leva o que viu primeiro,
Logo, a seguir, quando aterra
Pensa que vai ver dinheiro.
Vem a casa, vem o carro,
E até vem casamento,
Charuto em vez de cigarro.
Lembra a casa onde nasceu
A chuva, o sol e o vento,
Mais quem a vida lhe deu.
Rosa Silva ("Azoriana")
Uma joia preciosa
Que no mundo apareceu
Um botão que dá a rosa
No jardim que conheceu.
O jardim que concedeu
A magia majestosa
No reino que forneceu
A valsa pura e bondosa.
Mais bondoso é o ser
Que enaltece o poder
Do reinado sem coroa.
A coroa intemporal
É de modo pessoal
Dada sem ter nada à toa.
Rosa Silva ("Azoriana")
És a palavra bordada
Uma rosa no que escrevo
Uma letra perfumada
A quem eu muito "inda devo.
1940/03/14
(☆83 anos☆)
Rosa Silva ("Azoriana")
Na manhã que a chuva quer
Regar o sol que já brilha
É o dia da Mulher
[Avó, neta, mãe e filha].
Tia/irmã, sobrinha, que houver,
Afilhada em sã partilha,
E, hoje, diga o que disser
Nobre filha é nossa ilha.
Eis a Luz que mais se expande
Que os corações abrande
Perante a terna beleza.
Se tudo o que está pior
Se prostasse ao Bem maior
Dava um traço na tristeza.
Rosa Silva ("Azoriana")