Sempre vi
Sempre vi o mar de broa
Pão de milho ao quadril
Balançando terra à proa
Num berçário de anil.
Sempre li sem perceber
O que o mar ia dizendo
Só depois de o escrever
É que fiquei dele tendo.
É tão pobre o anterior
Que de versos até dói
O que é escrito sem repor
Pode um dia ser herói.
Porque o mar é o meu pai,
E a terra é minha mãe,
Coitado de quem não sai
E do mar nem gosto tem.
Rosa Silva ("Azoriana")