15.07.23 | Rosa Silva ("Azoriana")
Ó que lugar que me prende O olhar quando o vejo Caio logo num solfejo Na maresia que entende. Ó que foto maravilhosa Do Queimado, diz-se bem, Noutro tempo esta Rosa Não o via assim, do além. Como é lindo nesse plano Bordado de uma alvura O rochedo açoriano Que eleva sua figura. Muita gente já pescou E também já viu pescar Uns tantos também levou Afunilados no mar. Quando um dia eu me for Atirem uma rosa ao mar Assinalando o Amor Que eu tinha por este lugar. Mais flores eu não preciso Quero apenas tua rosa Vestindo meu improviso Na rima harmoniosa. Rosa Silva ("Azoriana")
14.07.23 | Rosa Silva ("Azoriana")
O gato mij@ na cama A gata c@g@ na banheira E a máquina não derrama O técnico abre a torneira. A dona partiu pratos, Ficou sem congelador, E as "pipetas" para os gatos Já vieram pra se pôr. E com tanto prejuízo Ao longo de uma semana Está perdendo o juízo Esta Rosa Azoriana. Ainda faltam as janelas E o conserto do portão Se vierem mais mazelas Tenho de ter mais um patrão. Pois quem tira e não põe Como dizia o ditado Minga e não se repõe Fica o caldo entornado. Mas já chega de contar Aquilo que nem se deve Pois alguém vai "escutar" E ao riso já se atreve. Agora a tosse maldita Anda à noite a rondar Nem por isso é bonita E rouca me faz andar. Se isto fosse a cantar Talvez tivesse outro efeito Mas eu gosto é de rimar Seja assim ou de outro jeito. Rosa Silva ("Azoriana")
14.07.23 | Rosa Silva ("Azoriana")
Mote:Não pedi para nascer E na certa não pedia Se soubesse que ia ver Tanto mal no dia-a-dia. Glosa: Pode a terra virar mar Pode tudo acontecer Continuo a afirmar:Não pedi para nascer Pode o sol vencer a lua Pode a noite virar dia Não peço a sorte cruaE na certa não pedia. A sorte é de quem a tem E até pode nem a ter... [Só te via q'rida Mãe]Se soubesse que ia ver. Tudo pode ser metade Da metade que se cria... Pena ver na minha idadeTanto mal no dia-a-dia. Rosa Silva ("Azoriana")
12.07.23 | Rosa Silva ("Azoriana")
Mãe e Filho Voz e Mente Santo trilho Novamente. Da Serreta Para a Praia Não é peta Que se ensaia. São Miguel S. Vicente Num papel Diferente. Manuel Alves Padre Bom Que lhe salves Sempre o Dom. Santa Cruz Te abençoe Que Jesus Lhe ressoe. O que faço É doado Num abraço Apertado. 11/07/2023 Rosa Silva ("Azoriana")
10.07.23 | Rosa Silva ("Azoriana")
Só, às vezes dou por mim, sem me ver, Recôndita na minha concha fria, Que para alguém nem sequer, a cru, se via, Um cálice de ânimo de bem-querer. Não quero, e não posso, ficar em mim, Corpete de cantar, sem sal na voz, Sem tal maresia, do ser veloz, Que me versa qual clarão de alfenim. Enfim, nasce um poema, todo meu, Esculpido na valsa de um "Cireneu" Que nem me ajuda a carregar a cruz... Se a cruz fosse a sorte que me faltava?!... Deixem que ela me soletre, toda brava, E me faça acreditar que sou da Luz. Rosa Silva ("Azoriana")
08.07.23 | Rosa Silva ("Azoriana")
A Serreta é minh'alma Minha fonte, minha oração, Um louvor digno de palma A quem lhe deita a mão. A Serreta minha raiz, Minha sorte, meu anzol Da capela e chafariz, Do coreto e do farol. Continua sendo minha, Mesmo depois de sair, Mora lá Nossa Rainha, Que nos chama a seguir. Serreta de mil razões, Para sempre lá voltar, Nem que seja em refrões Com a musa de rimar. Rimo a rima do meu ser Para ti que me acarinhas E mesmo que não queiras ler ... procura nas entrelinhas. A entrelinha é justa Cabe bem no teu olhar E para ti nada custa Se a souberes divulgar. Rosa Silva ("Azoriana") Imagem da reportagem de Honorato Lourenço/Rui Nogueira
08.07.23 | Rosa Silva ("Azoriana")
O guarda-sol pró capinha A corda para o pastor A coroa pra rainha Hóstia de Nosso Senhor. Agulha prá costureira A tela para o pintor Um corno à cabeceira Fará sempre algum furor. O corno pode furar E causar tamanha dor E quem do corno provar É da sopa provador. E de cornos e cornadas Há quem os tenha e faça Mesmo as maiores marradas Podem trazer a desgraça. Rosa Silva ("Azoriana")
08.07.23 | Rosa Silva ("Azoriana")
Na mansidão do mato O Bravo se pastoreia Retendo na minha ideia A doçura de um retrato. É animal com bom trato No mato onde passeia De puro couro se asseia No negrume do seu fato. Ei-lo lindo, lindo amigo, Só em letras te consigo, Dar aquilo que mereces... Fica assim, mesmo de frente, E quando investires a quente Mais bravura nos ofereces. Rosa Silva ("Azoriana")
Nota: inspirada na foto de José Maria Botelho
04.07.23 | Rosa Silva ("Azoriana")
Não quero rios, nem mares, Nem sóis, nem más ventanias, Nem pedras, nem agonias, Não quero a morte dos ares. Não quero toldos, teares, Nem ramos, nem cotovias, Nem palmas, nem profecias, Não quero ver mais esgares. Se a vida é flor de carmim E rosa em botão de mim Que seja enquanto sou viva... A vida é tábua de dor Porquanto avesso do Amor, Sem ver-te é mais que ferida. 04/07/2023 Rosa Silva ("Azoriana")