Hoje vivo ancorada...
Já fui "anjo", fui 'demónio"
Já bradei a Santo António
E a outras coisas mais;
Hoje vivo ancorada
Não em rua mas Canada,
Cujo nome é Folhadais.
Quando trajava de 《anjo》
Havia sempre um arranjo
Para o traje bem ficar...
Mesmo quando mais crescida
Lá tinha que ir vestida
E com asas no lugar.
Se não fosse a imagem
Talvez fosse uma miragem
Que quase ninguém lembrava...
É uma recordação
Da santa educação
Que outro tempo me dava.
Os confeitos em embrulho
Era prémio, com orgulho,
Que se recebia então;
Quantas vezes fui? Não sei...
Mas nem sempre eu gostei
De me ver nesta missão.
Rosa Silva ("Azoriana")