Na hora da Mãe
Vou visitar minha Mãe
Que é a Mãe verdadeira
Porque Ela é que tem
A minha à sua beira.
Se a Mãe me proteger,
* E protege certamente *
De mim irá receber
O maior beijo contente.
Sou da ilha que me criou
E criou mais emigrantes
Há quem a ela voltou
Com mais saudades que antes.
Minha Mãe, mãe adorada,
Zela por nós pecadores,
Sejas sempre muito amada,
Pelos crentes dos Açores.
Na volta, a terra inteira,
Se dá volta por agrado,
Voltar à ilha Terceira
É o sonho realizado.
Sou da ilha mais festiva,
Dizem vocês, com efeito,
Que nela e por ela viva,
Sempre com maior respeito.
Improviso é coisa louca,
E eu amo a loucura,
Que saia da minha boca,
Tudo o que seja ternura.
Meu amor por Ti é tanto,
E por quem me tem amado,
Pai, Filho e Esp'írto Santo,
E o Povo mais sagrado.
A vida tem atropelos,
Tem ações menos vistosas,
Perdoem os meus novelos,
Perdoem almas bondosas.
Só Deus pode avaliar,
O defeito de cada um,
E a quem me perdoar
É de Deus filho incomum.
Viva a alma da canção,
Que se faz do próprio dom,
Um abraço e mão-na-mão,
A quem comunga meu tom.
Rosa Silva ("Azoriana")
para Zé Nandes (como se fosse o próprio)