Ser cantadeira
Rua dos Moinhos, freguesia da Agualva, ilha Terceira. Setembro de 2011
A cantiga não é da voz
Vem da mente a galope
Por isso ela é veloz
Nem precisa de xarope.
O xarope é o amuleto
Para quando a branca surge
E se a branca cometo
Contorná-la também urge.
Há a branca da memória,
Há a branca do momento,
Fazem parte da história
Mesmo em torno do talento.
O talento não se faz,
Nem se cria obrigação,
É saber se é capaz
De colher a inspiração.
Há dias bem inspirados,
Outros que há uma falha,
Porém ficarão lembrados
Sobretudo aos que lhes calha.
Só não calha a quem não canta,
Nem sequer experimenta,
Só tenho alegria tanta
Na voz que a escrita aguenta.
Rosa Silva ("Azoriana")