Um amigo das Tradições Açorianas
O Ti' Talhinha, do Posto Santo, ilha Terceira
Descansa Em Paz!
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O Ti' Talhinha, do Posto Santo, ilha Terceira
Descansa Em Paz!
I
Para bem me distrair
Dos males que atormentam
Pensei que podia rir
De outros que bem assentam.
II
No tempo da minha avó
Em amena cavaqueira
Que não se tivesse dó
Da caixa na borralheira.
III
A caixinha de rapé,
Do tabaco de cheirar,
Andava sempre ao pé
Do nariz e do nosso lar.
IV
Era vício tão comum,
Nas horas de uma pausa,
Não se compara a nenhum (?)
Que hoje seja uma causa.
V
A pitada era bem fina,
Na pontinha de dois dedos,
Essa "arte" nem se ensina
Para se evitarem enredos.
VI
As vizinhas e conhecidas
E quem até se visitasse
Narinas mal coloridas
Se acaso se derramasse.
VII
O rapé era uma festa,
Entre avó e a "Raimunda",
Se dissesse que não presta,
O sorriso logo inunda.
VIII
Agora vejo fumar
Seja homem ou mulher
Sem boceta a cirandar
Cada qual faz como quer.
Rosa Silva ("Azoriana")
Mudo de lado para lado,
Desde os meus tempos finitos,
Por não querer tudo selado,
E não me causar atritos.
*
Gosto de grande mudança,
Das peças do dia-a-dia,
Sem manchar a confiança,
Nem perder a cortesia.
*
Gosto de ver a limpeza,
A ordem, de bom preceito,
Vou moldando a natureza
Quando me dá algum jeito.
*
Quando eu for a sepultar,
Só se muda a terra fria,
Com os catos a enfeitar
A ossada tão vazia.
*
E se escreverem de mim,
Só quero que haja respeito...
Digam apenas assim:
«O bom também tem defeito».
*
E os defeitos que tive,
Não lhes dei muita guarida,
Em alguns nem me detive
Ao longo da minha vida.
*
Rosa Silva ("Azoriana")