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Açoriana - Azoriana - terceirense das rimas

Os escritos são laços que nos unem, na simplicidade do sonho... São momentos! - Rosa Silva (Azoriana). Criado a 09/04/2004. Angra do Heroísmo, ilha Terceira, Açores. A curiosidade aliada à necessidade criou o 1

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Criações de Rosa Silva e outrem
Histórico da Listagem,
de 1.023 sonetilhos/sonetos filhos

Carta a um filho "ressuscitado"

25.09.24 | Rosa Silva ("Azoriana")

Olá filho!
Tudo bem contigo? Acho que sim. Tu gozas de um humor nato que te faz dizer coisas que fazem os outros rir até quase às lágrimas felizes. Que o diga a tua irmã, após a saída da escola do Alto das Covas. Lembras?
Hoje é o dia de 37 + 1. Isto porquê? Porque "ressuscitaste" de um susto grande. Como diz a tua sobrinha, minha neta, "Já passou!".
Agora relembro pequenos "grandes" episódios como se fosse em revista. Brincadeiras do "faz-de-conta", festas além das horas, momentos em família festivaleira, carnavais, "acampamentos" sem licenciamento, infância na companhia de animais de estimação de outrem (familiares) e a "continência" sem autoridade, com alguma curvatura de rosto 🙂
Que tudo isto somado te deixe muito feliz hoje e para todo o sempre. É isso que sempre desejei quando quis ser tua mãe. Oxalá tenhas gostado (e gostes) da mãe que tiveste com preocupação desmedida para que tudo fosse certinho e direitinho. Não sei da avaliação global, mas fiz o que podia e sabia. Mais do que isso, foi o amor pelos meus descendentes naturais e legítimos.
Beijinhos aos molhos de
Rosa Maria C. Silva

Debruçada no Queimado (analogia)

25.09.24 | Rosa Silva ("Azoriana")

Ponta do Queimado, SerretaPonta da Serreta ou Ponta do Queimado | Angra do Heroísmo, 25/09/2024.
No dia de aniversário do primogénito, Luís Borges

Não te debruces no mar
Sem medires o azedume
Pode até te encantar
Mas é lesto desde o cume.

Na ilha há um lugar
Que venero loucamente
Que se pode naufragar
Se em debruço tangente.

No entanto, sem desconto,
É um local adorado,
Adoro ponto-por-ponto
Bela Ponta do Queimado!

Mais aquém, nas tardes minhas,
Sem dureza, nem vinagres,
Vou à Canada das Vinhas,
À Capela dos Milagres.

Outrora um homem deixou
Ermida, por suas mãos,
Que tanto me cativou
E cativa alguns cristãos.

Ide lá, sem pressa alguma,
Visitar o que vos digo,
Enquanto a vida é só uma
E se fora de perigo.

Rosa Silva ("Azoriana")

Centro Cultural e de Congressos de Angra do Heroísmo

24.09.24 | Rosa Silva ("Azoriana")

Cheguei. Entrei. Sentei. Espero o 7.2 que vivi intensamente, até hoje. Não é fácil esquecer escombros, feridos e mortos. Não é fácil perder o frio gélido no corpo e alma. Onde estarão as almas dos corpos caídos entre pedras, ombreiras, pilares de pedra talhada à mão? Tudo ruía sem dó nem piedade. E o relógio maior fechou-se em si, às 20 para as quatro de uma tarde amena, sem chuva. Depois restaram apenas casacos (o grande e amarelo da minha mãe), mantas, cobertores e roupas tristes. O que será que vou ver hoje, pelas 21 horas de uma terça-feira, do mês de setembro/2024, passados 44 anos da catástrofe... tinha os meus 15 (em abril fazia os 16) anos e hoje 60.

[Pausa]

Dez para as 23 horas. Regresso ao lar. Dei os parabéns. Batemos palmas. Excelência de obra. Jorge Silveira Monjardino merece os maiores louvores e agradecimentos. Todos os intervenientes foram maravilhosos.

Uma tragédia que arrepia e, no entanto, fez-me viver tudo de novo, como se fosse o primeiro de janeiro de 1980, 15:40.

Rosa Silva ("Azoriana")

Ser cantadeira

23.09.24 | Rosa Silva ("Azoriana")

Rua dos Moinhos, freguesia da Agualva, ilha Terceira. Setembro de 2011

A cantiga não é da voz
Vem da mente a galope
Por isso ela é veloz
Nem precisa de xarope.

O xarope é o amuleto
Para quando a branca surge
E se a branca cometo
Contorná-la também urge.

Há a branca da memória,
Há a branca do momento,
Fazem parte da história
Mesmo em torno do talento.

O talento não se faz,
Nem se cria obrigação,
É saber se é capaz
De colher a inspiração.

Há dias bem inspirados,
Outros que há uma falha,
Porém ficarão lembrados
Sobretudo aos que lhes calha.

Só não calha a quem não canta,
Nem sequer experimenta,
Só tenho alegria tanta
Na voz que a escrita aguenta.

Rosa Silva ("Azoriana")

Discurso direto... com afeto (a João Mendonça)

23.09.24 | Rosa Silva ("Azoriana")

Em conversa de almoço
À beira de um prato meio
Fiz então o meu esboço
De falar de peito cheio.

João Mendonça um valor
Património cultural
Que faz tudo com Amor
Para qualquer festival.

Ele sabe bem fazer
Com o dom que Deus lhe deu
Falar, ler e escrever
Mais cada obra que nasceu.

Dispenso dizer-lhe mais
Mas fica bem dar a nota;
E a Rosa, nos Folhadais,
Dá sempre o que dela brota.

Da mente e do coração
Brotam asas repentinas
Pra voarem em ovação
A outras mais cristalinas.

E outras conversas temos
Por este ilhéu movediço
E no fim até dizemos:
Bem-haja e bom serviço!

Rosa Silva ("Azoriana")

Rosas da Coroa (Festas de São Carlos 2024)

22.09.24 | Rosa Silva ("Azoriana")

Começa a solenidade
Da Coroa do Divino
E as rosas de irmandade
São um ramo cristalino.

Lindas as flores humanas
Que ora se inauguram
Dando a mão pelas Hosanas
Que na semana figuram.

Vinde todos, eis a Festa
De São Carlos, do Império,
Que por Bem se manifesta
Na cor que não é mistério.

O Mistério, esse sim,
É de honra, em plenitude,
Como se fosse o Jardim
P'ra reinar Paz e Saúde!

Rosa Silva ("Azoriana")

O Verso

21.09.24 | Rosa Silva ("Azoriana")

♡Mote♡
O tempero adequado
Para o verso sair bem
Não pode passar ao lado
Da inspiração que vem.
♡Glosa♡
Não há que pôr nem tirar
Do verso que é doado
Sempre nele há de estar
O tempero adequado.

Venha o verso com prazer,
À mente é que ele vem,
Pouco mais há que fazer
Para o verso sair bem.

O verso de qualidade
Não é tido nem achado
Porém se diga a verdade
Não pode passar ao lado.

Quem ao verso se ajeita,
E dele não faz desdém,
Segue a conduta perfeita
Da inspiração que vem.

Rosa Silva ("Azoriana")

A propósito de um texto que li (da vivência atual)

20.09.24 | Rosa Silva ("Azoriana")

O oposto do passado
Que vigora no presente
Quem está ao nosso lado
É que partilha o que sente
Quanto mais está isolado
Que nem mostra o dente.

Uma mudança atroz
Que impera atualmente
É ninguém ligar a nós
Nem sequer mostrar o dente
Talvez por ser tão veloz
O dia e noite igualmente.

Se perguntarem por mim (¿)
Se acaso estou doente (?)
Podem responder assim:
Não está, e felizmente!
Agora vai ser ruim
O que virá daqui p'ra frente.

A doença que eu tenho
Alastra no mundo inteiro
É fazer com mais empenho
O trabalho em primeiro...
Se falho neste desenho?!
Não se cave o cativeiro.

Minha gente, se amiga,
Na verdadeira acepção,
Por muito que hoje diga,
Não serve de mutação,
O mundo vai na intriga
Menos vai na salvação.

E quem seguir ignorante
Dos males que a terra têm
Vive talvez radiante
Sem perder muito vintém
E se do mal distante
Muito melhor vida advém.

Abraço aquele e aquela
Que de mim é favorito
Não importa qual sequela
No que foi hoje escrito;
Viva (ou não) em "vida bela"
Não diga é dito por não dito.

Há muita aranha na teia
Que não se vê à primeira;
Há muito grão de areia
Que não passa na joeira,
Mas há a falha que ateia
Muito "fogo" na Terceira.

Rosa Silva ("Azoriana")

Mãe das marés

19.09.24 | Rosa Silva ("Azoriana")

Num dia de calmaria
Ou de acesa tempestade
Há terço de Ave Maria
Que trava a dificuldade.

Está velando a Senhora
Pla calma boa viagem
E no alto vê lá fora
A montanha da coragem.

Virgem Santa, Virgem Mãe,
Virgem da terra e do mar
E de todo aquele que vem
Ao seu cais desembarcar.

Olha o Pico de frente
Com o manto da maresia
Pra que se faça em repente
Maré-cheia de poesia.

Rosa Silva ("Azoriana")

São Carlos vem aí

19.09.24 | Rosa Silva ("Azoriana")

São Carlos já se sujeita
E pela janela espreita
O que vai passar por ela:
Gente boa e lilás
E outra que vem atrás
Juntar-se à festa bela!

Por mim, na retaguarda,
Não vou ficar de guarda,
Mas na frente se puder;
Vira-volta, volta-e-meia,
Sempre com a rua cheia,
Posso ser o que quiser.

São Carlos é evidente,
Que impera sorridente,
Oração da Irmandade;
E o povo da Terceira,
Vê içada a Bandeira,
Prós "meninos" da Cidade.

Viva, viva a nossa Festa,
Deste nobre e belo chão,
Que por Bem a Deus empresta
O que dá por gratidão.

Rosa Silva ("Azoriana")