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Açoriana - Azoriana - terceirense das rimas

Os escritos são laços que nos unem, na simplicidade do sonho... São momentos! - Rosa Silva (Azoriana). Criado a 09/04/2004. Angra do Heroísmo, ilha Terceira, Açores. A curiosidade aliada à necessidade criou o 1

Criações de Rosa Silva e outrem; listagem de títulos

Em Criações de Rosa Silva e outrem
Histórico de listagem de títulos,
de sonetos/sonetilhos
(total de 1006)

Motivo para escrever:
Rimas são o meu solar
Com a bela estrela guia,
Minha onda a navegar
E parar eu não queria
O dia que as deixar
(Ninguém foge a esse dia)
Farão pois o meu lugar
Minha paz, minha alegria.
Rosa Silva ("Azoriana")
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Com os melhores agradecimentos pelas:
1. Entrevista a 2 de abril in "Kanal ilha 3"

2. Entrevista a 5 de dezembro in "Kanal das Doze"

3. Entrevista a 18 de novembro 2023 in "Kanal Açor"

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Ilha - cem linhas de ti

28.10.24 | Rosa Silva ("Azoriana")

Ó ilha de Vitorino,
Dos Milagres e de Jesus,
E de outros cujo ensino,
Fez-se com sinal da cruz.
Da ilha que foi Terceira,
Na ordem de descobrir,
Para tantos a primeira,
Popular e a divertir.
Ilha de duas Cidades,
Onde o sol nunca desmaia,
Com Catedral e Trindades,
Dois altares de Angra e Praia.
Foguete sempre a estoirar,
Colorido de folguedo,
Tanto brilha ao luar,
Como se espanta mais cedo.
Anuncia uma tourada,
Em seis meses quase a eito,
Duas vezes para a entrada,
Que à saída um faz efeito.
Halloween e o Pão-por-Deus,
Antes de vir São Martinho,
Festejos que nem são meus
Mas do bom copo de vinho.
Ao basalto chega, então,
Um frio de aconchegar,
No Natal com um serão
Da família aproximar.
Vira a página ao Novo Ano,
Com mais foguetes no ar,
Bem ao modo Açoriano,
Erguendo o brinde ao luar.
E para não ser metade
Porque metade já foi…
Abre o verso que então há de
Ser da ilha o grande herói.
Quatro dias o Carnaval,
[Cinzas são só de um dia],
Património cultural,
Criativo em Poesia.
Lindos trajes tão brilhantes,
Pandeiro, varinha ou espada,
Chamam nossos emigrantes,
A dar a sua gaitada.
Pelos palcos em geral,
Nos salões, sempre apinhados
De gente cujo ideal
É nunca ficar cansados.
O momento da Paixão
Também se vive intenso,
Na Quaresma a Procissão,
Traz a mente em suspenso.
Quando a Páscoa arriba
A Santa Ressurreição,
Por vezes, o ato de escriba
Traz de volta animação.
Ó ilha do Espír’to Santo,
Dos Impérios, de Coroas,
Do Hino, que amamos tanto,
Das Bandeiras e das pessoas.
Um Reino de Amor tecido,
Partilha que o Povo trouxe,
Vinho, Carne e Pão benzido
Sopa, Alcatra e arroz doce.
Rosquilhas, massa sovada,
Fazem dourar os terreiros,
Rodas de carne assada,
Presenteiam forasteiros.
Ó ilha que já avistas,
Em junho, teu São João:
Sanjoaninas dos artistas,
Das Marchas e do Balão.
De Angra se vai à Praia,
Em agosto, às suas Festas,
Que a sua Marcha ensaia
Pela areia, sem arestas.
Cada qual, em estandarte,
Zela pelas suas Bandas,
Em Angra e Praia reparte
Quem vê em chão e varandas.
E o mar na ondulação,
Temperando nossos ares,
Vai virando para o Verão
Pautando outros cantares.
Em cada lar e cada Igreja,
Catedral ou Santuário,
Há um Santo que deseja,
Ser Louvor extraordinário.
À Mãe, a Rainha nossa,
De todos, tem primazia,
Faz-se tudo pra que possa
Ouvir nosso: Ave-Maria!
Santo António, outrossim,
Que não perde a jornada
E presenteia no fim
Merendeira abençoada.
Ilha! Mais não sou capaz…
Capaz sou de apenas isto:
Ilha nossa, Amor lilás,
Terceira de Jesus Cristo!

Rosa Silva (“Azoriana”)

No meio...

28.10.24 | Rosa Silva ("Azoriana")

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No meio da minha escrita
Deito sempre o bom desejo
Que alguém a faça dita
Muito além do que eu vejo.
**
Seja à frente ou seja atrás
Seja aqui ou seja acolá
Que alguém seja capaz
De dizer o que a verve dá.
**
A verve é entusiasmo
Que prolongo na matéria
Se não o fizer eu pasmo
E a cara fica séria.
**
O meu rosto se ilumina
Quando o coro me aparece
Bendita a Graça Divina
Que dá o que se merece.
**
Já na quinta quadra vou,
Ares de segunda-feira;
Foi na quinta (*) que encetou
E findou em terça-feira (+).
**
Matilde Rosa, de dois C's,
Apelidos de alma cheia
Que me doa para vocês
Verve de Cota Correia.

**
28/10/2024. São Carlos, freguesia de São Pedro, de Angra do Heroísmo, ilha Terceira, dos Açores.
**
Rosa Silva ("Azoriana")

Duas décimas

27.10.24 | Rosa Silva ("Azoriana")

Falta tanto pró Natal
Que até eu acho mal
Já se ver bolas à venda.
Deixem estar as prateleiras
Com as "velhas" feiticeiras
Para nos servir de emenda.

É que se fala por aí
Que as bruxas vêm primeiro
Mas eu prefiro aqui
O Pão-por-Deus pioneiro.

Na falta de alguma saca
Ou a "burra" com a estaca
Para o cão não se soltar.
Mais valia a criançada
Avançar e de mão dada
Bater à porta ou chamar...

Soca vermelha ou soca às cores
Venham eles cá pedir
Só se eu não tiver dores
É que lhes vou acudir.

Rosa Silva ("Azoriana")

Valsa de lirismo

23.10.24 | Rosa Silva ("Azoriana")

Capital das capitais
Inspiração dos jograis
És tu ó Angra querida!
Pode haver outra tão bela
Mas Angra é somente aquela
Que a Saudade convida.

Ao centro a Catedral,
Ao cimo de um pedestal,
Ilumina o nosso olhar;
Ancorada pelo Monte
Que define o horizonte
Dormitando sem cessar.

É assim que eu te quero
E nada mais eu venero
Numa valsa de lirismo.
Doutrinaste o meu viver
E hoje só posso dizer:
Salve Angra do Heroísmo!

Perfumada pelo mar
Vai a Sé abençoar
O quartel que liga ao mundo:
Angra, Angra, linda Angra,
Por ti meu coração sangra,
Ao milésimo segundo!

Rosa Silva ("Azoriana")

Está a chuva a cantar

23.10.24 | Rosa Silva ("Azoriana")

Hoje estou como uma uva
A padecer de sequela
Que consolo é a chuva
Se não se passar por ela.

Chove abundantemente
Lavando nossos lugares
Coitada da nossa gente
Quando molha os calcanhares.

Gosto de ouvir chover
Se à chuva não estou
Daqui a pouco vou ver
Até onde me molhou.

Porta pra dentro há pouco
Para a gente se molhar
Gota a gota em pau oco
Está a chuva a cantar.

Rosa Silva ("Azoriana")

A quem servir

21.10.24 | Rosa Silva ("Azoriana")

Há uma parte que anda
À volta do sacerdote
Parece que é quem manda
Ou que vai deixar o dote.

À classe que é mais antiga
É preciso ter atenção
Dê uma volta à cantiga
E ponha jovens em ação.

A juventude se afasta
E dou alguma razão
A igreja não é nefasta
Nefasto é quem não dá Pão.

Relembro eu que já vi
Levar a Nossa Senhora
Ramos de flores e senti
Ser prémio pra quem adora.

Quem ama a Virgem Mãe
No símbolo tão natural
Acredito que já tem
Um lugar especial.

Eu pecadora me assino
E na rima repetente
Que siga em bom destino
Meu abraço tão somente.

A santa da minha mãe,
Matilde, que Deus levou,
No martírio foi além
E uma missão me deixou.

P'ra falar mais da Serreta
E dos Milagres sem fim
Da capelinha só preta
Sem ter tido um Jardim.

Quem vai à zona das Vinhas
No Queimado, ao Farol,
Percebe as quadras minhas
Na despedida do sol.

Bendito e louvado seja
Quem me lê com alegria
E quem serve a Igreja
Tem Deus sempre em cada dia.

Rosa Silva ("Azoriana")

Nascida na freguesia da Serreta e residente em São Carlos há 15 anos

Re(começo)

21.10.24 | Rosa Silva ("Azoriana")

O que te fiz, minha planta?!
Como foi que sucedeu,
Perderes da folha tanta
Vitalidade que deu?!

Ora vai recomeçando
A vinda de nova folha
Que vejo e já vou rezando
Para renovar a recolha.

A planta é como a vida
Que atinge a sua meta
Só que esta é renascida
A outra fica completa.

Se olhares fixo nela
Deseja que cresça bem
Pois continua à janela
A planta que morre e vem.

Rosa Silva ("Azoriana")

Sereno ar

20.10.24 | Rosa Silva ("Azoriana")

Ó grande terra de estrelas
Marejadas de magia
Somente se pode vê-las
Na serena paz do dia.

Ó grandioso mar anil
Numa ode a soluçar
Pelo meu olhar de abril
E no meu berço ao chegar.

E o pico do toureio
Altar-mor da natureza;
E a serra do nevoeiro
Que não dorme, de certeza.

Nos prados a voz do vento
Gosta tanto de cantar
Que se abre em talento
Para a palma alcançar.

E quando o sol se descai
No plano atrás do monte
O nosso olhar atrai
Para o ouro do horizonte.

E a valsa das marés
Vai de par em todo o lado
Na ilha que a seus pés
Tem o mar apaixonado!

Rosa Silva ("Azoriana")

Ao Ti' João e linda Fonte

20.10.24 | Rosa Silva ("Azoriana")

20241019 Busto João Ângelo

Foto da autoria de: Fernando Pavão, ilha Terceira, Açores

Ao Ti' João e linda Fonte

Aquele olhar pequenino
Como quem pede amor
Agora está com Divino
Em todo o seu Esplendor.

Grande bom Tio João
Que por São João nasceu
Agora faço questão
De lhe dar o verso meu.

Um verso de coração
Bordado de amizade
Que guardo em recordação
P'ra toda a posteridade.

Cantava para toda a gente
Que lhe prestava atenção
Numa verve docemente
E humilde atuação.

Não há palavras bastantes
Para bordar a Amizade,
Mas, tanto agora como antes,
Bordam suma eternidade.

Que a mira das cantigas
Traduzida no olhar
Sejam eternas espigas
De ouro no seu altar.

Delega também seus dotes
O exímio lavrador;
Coroada por dois potes
A Fonte do Cantador!

Viva a São Bartolomeu
De Regatos, da Terceira,
Viva o que o Povo deu
Ao ti' João Ângelo Vieira.

Rosa Silva ("Azoriana")

João Ângelo Vieira

É com esta foto, de Fernando Pavão, que se pode verificar a semelhança quase perfeita do maior cantador de "Velhinhas", Cantigas ao Desafio, Pezinho e outras culturas de cariz popular que marcam soberanamente a sua passagem (de 85 anos) pela vida terrena.
Que este nosso amado, idolatrado e respeitado Amigo repouse em Paz.
João Ângelo no seu jeito modesto, humilde, inteligente, observador e sempre pronto a dar o sorriso de olhar "miudinho" e simpático a todos sem exceção.
Conhecer de perto o ti' João foi o melhor que me aconteceu e penso que todos podem afirmar o mesmo.
Agora e quando me apetecer falar com ele e beber da Fonte do Cantador (ideia maravilhosa) vou ao Largo de São Bartolomeu de Regatos e presenceio o seu Busto, como quando, em vida, o via sentado, quase no mesmo sítio, nas suas horas de sociabilizar ou apenas estar no seu local de identidade.
A saudade é infinita, mas a lembrança é tão bonita!

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