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Cai-me a alma da letra
Tão vazia de papiro
Parei... ó mas que tetra!
Sem papel já me admiro...
Se me faltar douta via
Como esta que aqui vedes
Manca fica ode-mania
De letrar por estas redes.
Quem, sem a letra de brio,
For registo oxigenado,
Nem sabe se conseguiu
Que ele seja folheado.
Porque livro, meus amores,
É a letra coroada,
Com a alma dos Açores,
Ao sabor do cais talhada.
Rosa Silva ("Azoriana")
Se vos digo, nem vos minto,
Que a vida é contratempo;
Hoje, aqui, neste recinto,
Amanhã vamos no tempo.
O tempo?! Só ele fica,
À margem de todos nós,
Porque não se identifica
Se é vida curta ou veloz.
Só os que estão na real
Calculam cada distância;
A idade temporal
Só começa na infância.
Ao tempo se dá afeto
Quer acreditem ou não,
O tempo nasce com o feto
Que surge do embrião.
Rosa Silva ("Azoriana")
Foto: Rosa Silva (nem sei com que idade).