Amiga Gracilene, perdoa-me!
Honesta e o mais sinceramente possível, tudo começou quando eu escrevi esta verdade: (...) Agora estou de regresso ao meu outro lar mas na mente continuam os ecos da Mãe que me pediu: - Vai e fala de Mim... porque o mundo está a esquecer-se de Mim...
Angra do Heroísmo, 15 de Setembro de 2005
Azoriana
Nos comentários ao texto li isto: "Sou brasileira de São Luís do Maranhão, sou descendente de açorianos e amo o Açores de coração.
Por tudo isso, ficarei muito feliz se quiser ser minha nova amiga.
Um beijo
Gracilene"
Eu não a conhecia mas a partir daí trocamos correspondência e algumas conversas e percebi de imediato que era uma senhora digna de confiança.
Um dia recebi um apelo de São Luís do Maranhão - Brasil. Eu sugeri que as preces fossem para Nossa Senhora dos Milagres, e efectuadas pela própria. Assim foi.
Depois veio o sinal de felicidade, o sinal de que algo bom tinha acontecido. E veio uma oferta especial de acordo com as capacidades desta devota - um cântico imediato, produzido entre lágrimas e sorrisos.
Por coincidência, um grupo de Açorianos esteve no Brasil para um seminário de resgate da memória açoriana no estado, intitulado "Memória de Açores". A Drª. Gracilene foi convidada a participar e ganhou a participação e o convite para abrir o evento com a música especial para este efeito - AÇORES, de sua autoria.
Assim, foi fácil fazer-me chegar às mãos o seu livro, através do meu vizinho (Enuma Elish - http://enumaelish.net/band.htm), que eu só conhecia de vista, mas que a Drª. Gracilene me apresentou, indirectamente. Também ele ficou entusiasmado em ouvir a voz da Drª. Gracilene ecoar na ilha Terceira.
E mais entusiasmada fiquei eu, porque vi que tinha alguém para me ajudar na tarefa de tentar trazê-la à Terceira, para cantar este cântico e outros temas da sua própria autoria.
Como estes senhores e senhoras de cá a conheceram lá, julguei que não haveria entraves com a vinda da amiga Gracilene à Serreta.
Mas, depressa fiquei receosa de lhe transmitir o que ouvia sobre as dificuldades financeiras.
Tanto o Paulo como eu fizemos todos os possíveis e impossíveis para evitar que ela soubesse o pior.
Mas eu não desisti e fui mais longe. Enviei e publiquei uma Carta aberta ao Senhor Presidente do Governo Regional, que soube que se encontrava de férias, na resposta do seu assessor, que adiantou ainda que a carta seguira para os serviços competentes.
Fiquei a aguardar, mas ainda fiz mais diligências e fui ao encontro de pessoas que talvez me pudessem ajudar nesta missão difícil.
A Comissão das Festas da Serreta e o Presidente da Junta de Freguesia estavam ao par destas diligências e assinaram, e eu, um ofício para uma entidade local, a última tentativa de alertar para esta situação.
Mais uma vez senti que era época de vacas magras.
Eu já tinha marcado as passagens para o dia que encontrei disponível (24 de Agosto) para a vinda da Drª Gracilene, porque mais próximo da Festa só em lista de espera. Optei por deixar marcado naquele dia, a jogar pelo seguro.
À medida que os dias vão passando o tormento vai também aumentando. O silêncio na resposta à carta aberta fez-me prever a dificuldade na resposta, já que se trata de um assunto melindroso: ninguém nega seja o que for à Mãe - Nossa Senhora dos Milagres.
Acreditem que me sinto muito mal nisto tudo. Acreditem que vou ser eu a ter de resolver isto porque não quero ver ninguém a sofrer como eu.
Nossa Senhora que me perdoe. Sinto-me culpada por não conseguir eu mesma pagar a passagem a esta mulher que vinha com o coração feliz oferecer o seu dom da criação e a sua voz excelente, com confirmação de quem a ouviu cantar no Brasil.
Nossa Senhora dos Milagres me perdoe e a Gracilene também.
Amiga, eu não consigo pagar-te a passagem aérea e o tempo está a esgotar-se para todos. Perdoa-me! Perdoa-me!
Rosa Maria Silva