Improviso imprevisto...
1
Não sei se afasto as pessoas
Ou se elas se afastam de mim,
Por vezes são muito boas
Noutras até fico ruim.
2
Imprevistos acontecem
Deixam-me num só pensar;
As ideias que amanhecem
Dão-me luzes p’ra rimar.
3
De rimas sou, não há dúvidas,
Moldada pelo improviso;
Rimas não pagam dívidas
Dão-me a paz que eu preciso.
4
As heranças fazem doer
Quando chega a tal partilha,
Fica-se então a remoer
Talvez por viver numa ilha.
5
As voltas que o mundo dá
Deixam-nos mágoas e dores;
Tudo o que fica por cá
É fruto de mãos e labores.
6
Coisas há que não tolero
Frases que ouço malditas;
Avolumo o desespero
E nas rimas são desditas.
7
Sinto falta das conversas
[Confidências de mãe]
Muitas delas vão submersas
Não as revelo ninguém.
8
Servem estas p’ra acalmar
Porque o stress não vale a pena;
Este prazer a encimar
Quem de mim gosta lê a cena.
9
Danças e nossas Cantorias,
Bailinhos da ilha Terceira,
Muito alegram os meus dias;
Feliz sou desta maneira.
10
Na Guarita o desafio,
Com o Mota e «Retornado»:
Com eles até me rio
Foram ambos do meu agrado.
Rosa Silva ("Azoriana")
Post-Scriptum:
A seguir vos apresento
Umas quadras que então captei
Meu ouvido bem atento;
Reticentes as que falhei.