Linhas de lava
É a lava, Senhor, é a tal lava,
Que por onde passa tudo desbrava
E jaz luto fervente pela terra,
Que nunca mais das mentes se descerra.
Na memória fria a pedra crava
A saudade do verde, que se agrava:
Então o homem com fé volta e reconstrói,
O que o fogo dilúvio mói.
No coração todas as cinzas ocultas,
Renascem obras-primas, divisórias,
De paredes que fixam memórias.
E catorze pedras se dizem cultas,
Quando fazem da brava ilha Terceira...
Retalhos da rima mais verdadeira.
Rosa Silva ("Azoriana")
Índice temático: Serreta na intimidade
Nota: Inspirada no artigo de Desambientado: "Costura a ponto de lava" e numa das fotos de António Gama e nesta, abaixo, de Ana Maria Bettencourt, in "Inquietações Pedagógicas", Agosto de 2005: