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Açoriana - Azoriana - terceirense das rimas

Os escritos são laços que nos unem, na simplicidade do sonho... São momentos! - Rosa Silva (Azoriana). Criado a 09/04/2004. Angra do Heroísmo, ilha Terceira, Açores. A curiosidade aliada à necessidade criou o 1

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Deixem-me contar um conto: Esta coisa de blogar... (é real!)

24.04.09 | Rosa Silva ("Azoriana")

Esta coisa de blogar... É um vício gostoso que, para quem vive rodeado de assuntos apetecíveis, tem sempre mote para um novo artigo (post). São os postes da escrita que nos levam a comunicar com os olhos do mundo (que tem acesso a este cibermundo) ansiosos por ver o que nós vamos revelando. E são as revelações do nosso - "eu" - decoradas com o ambiente que nos rodeia que fazem com que os laços de amizade nasçam e se atem cada vez mais.

Hoje, por exemplo, tenho tanta coisa para contar sobre as emoções a partir das 18:30 - ou quase 19 horas - da quinta-feira (23 de Abril) , altura em que marquei presença na Biblioteca Pública e Arquivo de Angra do Heroísmo, para ouvir e estar à conversa com leitores/produtores de livros (doutores, autores, escritores, poetas e cidadãos comuns e, ainda, outros que albergam tudo isso em cargos de relevo).

Com o centro de atenções - Prof. Dr. Luiz Fagundes Duarte - que é meu conterrâneo, e nos traz a sabedoria das letras (que eu não tenho e nunca terei, aponte-se), senti-me num mundo tão bonito a roçar a perfeição. Senti-me bem e atrevi-me a falar. Falei o que sentia também. Depois ouvi, deliciada, o nosso Representante da República. De todos os presentes (incluindo o poeta Álamo de Oliveira que tem uma forma peculiar de me encantar com a sua realeza poética) o que me fez perplexidade foi mesmo o Representante da República para a Região Autónoma dos Açores que com a voz da alma triunfou no serão à volta dos livros. Até me fez deslumbrar por Fernando Pessoa na entoação que deu a um dos seus poemas (que sabia de cor e com o rigor da beleza expressiva). Acho que ninguém ficou indiferente às suas intervenções.

E parecia que eu estava com o Raminho, a Serreta, as Doze Ribeiras e outras localidades concentradas em sorrisos e aplausos. Em Angra do Heroísmo, a Serreta, sobretudo, povoou a noite... Acabei na Feira Açores, na Vinha Brava,  ouvindo o concerto da Filarmónica da Sociedade Recreio Serretense, que actuou pelas 22 horas... Percebi, então, que se não fosse a internet e os blogues jamais eu teria sentido tudo isto em força, num vibrar de emoções.

Alguém referiu que a internet é má para os jovens, etc., mas é como tudo na vida: há bons e maus caminhos o que precisamos é saber usá-los e optar pelos melhores. A internet tem coisas más mas foi graças a ela que ontem tive a oportunidade de assistir a um dos melhores serões, graças também ao e-mail que a ilustre Katharine Baker (dos USA), autora de duas belas páginas ("I no longer like chocolates"  e "My Californian Friends", a informar-me do evento de 23 de Abril - Dia Mundial do Livro, com a presença de Fagundes Duarte.

De resto, eu ainda vou morrer de amores por toda esta gente que me desperta intensamente o gosto de blogar. Ai, ai, estas coisas de blogar que um dia em livro se hão-de encontrar... (com a pontuação certa). E encontra-se, por aí, nas mãos dos ilustres fiéis da Língua Portuguesa.

Parabéns a Luiz Fagundes Duarte, o homem que reúne em si e dá aos outros o que herdou das raízes serretenses e dos talentos que foi adquirindo aqui e além-mar. Bravo! E oxalá que ele goste da "Desgarrada de Além-Mar" que a amiga de Góis - Clarisse Barata Sanches - conseguiu que saísse da internet para livro, que é o primeiro de que também faço parte integrante.

É assim... Esta coisa de blogar... E sinto, porque sim, o coração pulsar! Será que alguém dá por isso?!

É amor isto que sinto e juro que não vos minto!

Rosa Silva ("Azoriana")

P.S. A seguir o poema de Fernando Pessoa que me deslumbrou na voz de Sua Excelência o Representante da República:

Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...

Fernando Pessoa

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