Partidas lembradas
28.10.09 | Rosa Silva ("Azoriana")
Do Mar eu sou metade
E da Terra outro tanto
E em tudo o que me há-de
Fazer da saudade o canto.
Do meu pai trago o Pico
De Santo Amaro a vela
E do estaleiro rico
O seu porto sentinela.
Da minha mãe a Terceira,
Da Serreta, sua menina,
E a Virgem Padroeira
Que os guarda em terra fina.
E da Terra outro tanto
E em tudo o que me há-de
Fazer da saudade o canto.
Do meu pai trago o Pico
De Santo Amaro a vela
E do estaleiro rico
O seu porto sentinela.
Da minha mãe a Terceira,
Da Serreta, sua menina,
E a Virgem Padroeira
Que os guarda em terra fina.
A vizinha Margarida (*)
Fez-me dele recordar
Nesta data, noutra vida,
Lá estão a comemorar.
Minha mãe foi a vinte e oito,
Outubro, dois mil e três,
Dois anos antes, desafoito,
Meu pai também foi de vez.
Homem de trabalho e génio,
Forte e de bom coração,
No espaço de biénio
Os levou de nós então.
Mas eu creio que foi Deus
Que lhes tirou sofrimento
Porque cá os dias seus
Eram do maior tormento.
Agora trilham no céu
A sua alma entre flores
E no coração ilhéu
Vivem luzes dos seus amores.
Rosa Silva ("Azoriana")
(*) Traços do Quotidiano in
http://www.scribd.com/doc/21148781/PTwebpage101509