A caixinha de rapé (boceta)
I
Para bem me distrair
Dos males que atormentam
Pensei que podia rir
De outros que bem assentam.
II
No tempo da minha avó
Em amena cavaqueira
Que não se tivesse dó
Da caixa na borralheira.
III
A caixinha de rapé,
Do tabaco de cheirar,
Andava sempre ao pé
Do nariz e do nosso lar.
IV
Era vício tão comum,
Nas horas de uma pausa,
Não se compara a nenhum (?)
Que hoje seja uma causa.
V
A pitada era bem fina,
Na pontinha de dois dedos,
Essa "arte" nem se ensina
Para se evitarem enredos.
VI
As vizinhas e conhecidas
E quem até se visitasse
Narinas mal coloridas
Se acaso se derramasse.
VII
O rapé era uma festa,
Entre avó e a "Raimunda",
Se dissesse que não presta,
O sorriso logo inunda.
VIII
Agora vejo fumar
Seja homem ou mulher
Sem boceta a cirandar
Cada qual faz como quer.
Rosa Silva ("Azoriana")